O juiz Cláudio Rendeiro, que interpretava o personagem humorístico Epaminondas Gustavo, faleceu aos 55 anos nesta segunda-feira, 18, devido a complicações da covid-19. Ele estava internado desde o último dia 09.

Durante o período de internação, no Hospital Geral da Unimed (HGU), o juiz foi alvo de várias especulações sobre seu quadro de saúde. Ele chegou a pedir para OLiberal.com tranquilizar os fãs, dizendo que estava bem e que, em breve, receberia alta. Desde que o quadro dele piorou, a família seguia divulgando atualizações de seu estado de sáude.

No último boletim, a família informou na noite de domingo, 17, que Claudio “apresentou uma ligeira piora no quadro clínico em relação aos últimos boletins”, e pediu orações pelo juiz.

“Vamos continuar em oração e esperar que os ajustes e as novas medicações administradas pela equipe médica surtam o efeito esperado e ele retorne ao ciclo de melhora que vinha sendo observado nos últimos dois dias”, disse a nota divulgada pela família na noite de domingo, antes de Cláudio não resistir e falecer.

“Os atos fúnebres estão sendo procedidos com as cautelas recomendadas pelos protocolos relativos à pandemia do coronavirus, de que o ilustre juiz foi vítima, por isso reservados aos círculos familiares, enquanto o Tribunal de Justiça adota os procedimentos próprios à ocorrência de perdas de seus integrantes, entre os quais o juiz de direito Claudio Rendeiro era dos mais destacados, no exercício da função na aplicação da Justiça”, diz o comunicadao do TJ, assinado pelo presidente do tribunal, desembargador Leonardo de Noronha Tavares.

O juiz que virou humorista

Juiz da 4ª Vara do Tribunal do Juri, Cláudio Rendeiro era natural de São Caetano de Odivelas, no nordeste paraense, e aprendeu a tirar humor das maneiras e das situações vividas pelas pessoas do interior. Em homenagem ao “caboco” paraense, o juiz criou o personagem Epaminondas Gustavo, sucesso absoluto que começou na internet e foi para os palcos.

Desde o sucesso tremendo do Epaminondas, o juiz criminal dividia-se entre duas paixões: os palcos e o tribunal. Ele usava o jeito simples do personagem para falar de temas sérios, e explicava em linguagem popular assuntos importantes, como o combate ao trabalho infantil.

“Ah, o Epaminondas me deu tanta coisa, sobretudo, me ensinou a ver a vida de maneira diferente, possibilidades e ganhos, por meio de poder falar sobre cidadania. Quando quis ser juiz, entendia eu que o juiz tem o compromisso moral e político de mudar uma realidade. É fabuloso isso! Através do humor, o Epaminondas, altera dores, às vezes! Recebo testemunhos de pessoas que estão se tratando contra o câncer e que receberam um áudio do Epaminondas… que gargalharam, que ficaram felizes. A melhor parte é fazer um humor consciente! Eu perco a piada, mas não perco a minha dignidade! Podem me mandar a melhor piada, mas se ela tem alguma conotação discriminatória, não uso”, disse Cláudio Rendeiro em entrevista a O Liberal, em 2019.

Homenagens

Nas redes sociais, amigos e fãs lamentaram profundamente a morte do juiz e humorista. O prefeito de Belém, Edmilson Rodriguesm, também postou uma mensagem de lamento pela morte do juiz. (O Liberal)