Alguns setores da mídia criticam investimento de R$ 1 bilhão dos governos Lula/Dilma na construção da ponte sobre o Rio Negro, que liga a capital Manaus  aos municípios de Iranduba, Manacapuru e Novo Airão – na região metropolitana -, inaugurada no início desta semana.

Como argumentação desmedida, há gente que chegou a usar a famosa frase “ponte que vai do nada a lugar nenhum”.

Se a ponte fosse construída em alguma cidade do interior de São Paulo, Rio, Minas Gerais ou Porto Alegre, também “ligando o nada a lugar nenhum” – seria obra de primeiro mundo para instrumentalizar o desenvolvimento e extrair mais pessoas da exclusão.

Para o “sul maravilha”, não teria nenhum problema investir um bilhão de reais numa ponte da envergadura da que foi inaugurada pela dupla petista,  desde que a obra cobrisse alguma parte de  “seu”   território-,  mas no meio da mata amazônica, não pode: é jogar dinheiro fora, estimulando a devastação.

Esquecendo as “zelite” preconceituosas de que as três cidades beneficiadas pela grande obra somam 150 mil  habitantes, conforme o censo do IBGE de 2010.

Esquecendo que Iranduba – 50 mil habitantes – tem cerca de 62% de sua população jovem, município que sobrevive economicamente da concentração de hotéis de selva por causa da atividade turística  amante da prática de canoagem, focagem de jacaré, pesca de piranha, observação da fauna e a flora, passeios pelos igarapés e visitas a comunidades indígenas.

Tudo ecologicamente dentro do padrão.

Mais à frente, o município de Manacapuru (86 mil habitantes), caracterizado  pela coleta de borracha e castanha, exploração de caça, pesca, pecuária extensiva nos campos naturais, além de indústrias extrativas animal e vegetal como expressiva fonte de riqueza.

Na agricultura, a cultura da Juta, a base econômica do município.

Novo Airão ( 15 mil habitantes), o mais distante de Manaus, dos três municípios, também tem no turismo o seu forte fomento econômico, destacando-se o contato com os botos cor-de-rosa diretamente na praia da cidade.

Um dos poucos municípios do mundo a possuir dois Parques Nacionais -, o do arquipélago de Anavilhanas (maior arquipélago fluvial do mundo) e Jaú, a maior área de conservação dentro de um único país no mundo, além de outras unidades de conservação estaduais e duas terras indígenas, ambas dos Waymiri Atroaris.

Enquanto a elitizada mídia do país desdenha das obras do governo Lula que humaniza e dignifica o povo brasileiro, o ex-presidente segue infante, comandando a política do país como o primeiro estadista saído das camadas pobres.

Por isso ele valoriza tanto quem vive isolado, abrindo caminhos à cidadania dos excluídos.

———————–

Atualização às 12:02

 

Comentário de Marcio Mazzini, marabaense radicado há anos em Manaus:

 

Apenas quem vive aqui na região sabe os benefícios que uma obra desta traz. Uma simples ida e volta ao municipio de Iranduba(do outro lado do Rio Negro) se gastava pelo menos três horas, contados os tempos da espera e da travessia nas balsas saindo do Porto do São Raimundo.
Nos feriados prolongados, era muito comum as pessoas irem para a fila de espera á meia-noite, uma da madrugada. E o retorno, então? discussões, brigas, caos total.

Tem também um outro aspecto.

Manaus ainda não se verticalizou tanto quanto Belém, é bem mais “horizontal”, o que torna os eixos viários de acesso a Zona Norte e Leste(áreas de maior densidade populacional) vias de trânsito pesado e sujeito a muitos engarrafamentos.

Evidentemente que questionamos os aditivos de mais de 100% do valor original do contrato de execução da obra. Questionamos a proibição do trânsito de bicicletas na ponte, já que o estado do Amazonas faz um marketing pesado como o estado mais ecológico do País.

Agora, um outro questionamento: Ainda não vi a imprensa sul-maravilha fazer a conta dos bilhões gastos em incentivos fiscais para implantar uma “indústria” automobilistica em São Paulo-Minas Gerais, e ainda, questionar a opção “estratégica”de implantação de rodovias, en detrimento de ferrovias e hidrovias, sendo estas últimas uma vocação natural do Norte.

Apenas uma correção no post (comentário)  do Thiago:  Para a travessia da BR-319, utiliza-se o Porto da Ceasa, no encontro das águas entre o Negro e o Solimões, já que o porto do Careiro(onde efetivamente começa a BR-319) é no Solimões.

Assim, para fazer a interligação Manaus-Careiro, seria necessária uma outra ponte sobre o Solimões, de 2,5 a 3 km, conforme o local escolhido, ou uma outra alternativa, com várias pontes menores sobre as ilhas da região, em uma solução similar a empregada na alça viária de Belém.

saudaçoes marabaenses a todos

Marcio Mazzini