O blog reproduz pela enésima vez.

Quando os tucanos estavam no poder, raríssimas reintegrações de posse foram cumpridas pela força policial. Almir Gabriel tinha pavor a isso desde quando mandou um coronel da PM tirar os sem-terra da “ Curva do S”,  do jeito que fosse preciso.

Conforme escrito várias vezes na coluna do Diário do Pará, o poster foi testemunha de acaloradas reuniões do Sindicato dos Produtores Rurais de Marabá nas quais o conservadorismo da turma de Carlos Xavier vivia satanizando Almir e Jatene, acusando-os de estarem do lado dos sem-terra, etecétera e tal.

Tudo era feito às escondidas. Baixavam o pau no governo, mas dia seguinte pediam audiências ao governador  para repassar versões individualizadas do conteúdo das reuniões de descarrego.

Procuradores do Estado e desembargadores de então, jamais moveram uma palha para saber se os pedidos de reintegravam estavam ou não sendo cumpridos.

Tudo era festa.

Por ocasião das investigações para apurar a responsabilidade da chacina de Eldorado dos Carajás, sabia-se claramente que a culpa seria depositada totalmente no coronel Pantoja.

Residindo em Marabá à época, Pantoja, aos prantos, contava aos amigos e até a alguns jornalistas que o procuravam para saber detalhes do episódio, que fora forçado a cumprir a desastrada operação.

Numa das conversas que tivera com o ex-comandante do 4º BPM, o poster jamais esquece da expressão de revolta dele diante da “posição acovardada do comandante da Polícia Militar”, coronel Fabiano Lopes, ao declarar que jamais dera ordens para Pantoja retirar os sem terras da Pa-150, custasse o que custasse.

          – Cumpra as determinações. Vá lá, na “ Curva do S”, e retire os sem-terra. É ordem do governador. Não precisamos discutir mais isso – teria dito Fabiano num esbravejado telefonema para o comandante do 4º BPM.

Nessa noite, contava Pantoja, ele teria ainda tentado justificar a irracionalidade da operação baseado na pequena estrutura que tinha em Marabá.

       – Coronel, nosso pessoal aqui não é especializado nesse tipo de operação. Seria melhor o governo mandar a tropa de choque aí de Belém, ela está mais acostumada a essas diligências – teria retrucado Pantoja.

– Coronel, desocupe a rodovia com o pessoal que o senhor tem aí. Cumpra as ordens.

Uma frase tornou-se recorrente nas entrevistas de Almir: “Em nenhum momento autorizei o uso da violência. Mandei liberar a principal rodovia do Estado, sem usar a violência. O coronel Pantoja descumpriu as ordens e perdeu o controle”.

Os fantasmas dos sem-terra assombravam os quartéis da PM, que além de desmoralizada, ficou imobilizada.

Quem esteve mais próximo da realidade, foi o vice-governador, o “menino maluquinho” Hélio Gueiros Jr. , ao declarar publicamente que o governador fez uma operação toda errada e, se fosse Almir, demitiria o secretário da Segurança (Sette Câmara) e o comandante da PM (Fabiano Lopes), mantidos nos cargos.

Tempos depois, execrado pela opinião pública, afastado das funções e condenado pelo Tribunal de Justiça do Estado do Pará, coronel Pantoja quase ia à raia do desespero.

Colocou uma arma na cintura e saiu de casa, sem rumo.

Mas na cabeça, o pensamento ditava seus passos no sentido de encontrar o ex-comandante da Polícia Militar. Alguém da família, em tom de desespero, fez apelos para que ele não agisse como pensava.

Sim, Pantoja pensou em fazer justiça com as próprias mãos.

A história foi contada ao blogger por um PM amigo do ex-comandante do 4º BPM.

Esta semana, o Tribunal de Justiça do Estado do Pará, ao dar prosseguimento ao pedido de intervenção federal, fez um trajeto de mão única.

Ao contrário do que exaltam alguns diante da quase unânime decisão, foi gerado nos intestinos do tribunal um sentimento de compadrio diante das pressões do conservadorismo paraense, estampado nos rosto de muitos deles presentes na platéia, engrossando aplausos a cada voto favorável ao pedido de intervenção.

Da decisão, medindo a temperatura de sua repercussão, pode começar a fluir ações radicais em diversos pontos do Estado.