Em seu segundo artigo para o blog, o empresário Alexandre Zucatelli relata sobre a obra de derrocagem do Lourenção e os efeitos da hidrovia do Tocantins na vida econômica regional.

A seguir, íntegra do texto:

 

 

 

Derrocagem do Lourenção: desafios, riscos e benefícios econômicos para a região de Marabá.

                                                                                                         

 (*) Alexandre Zucatelli

 

A região de Marabá, no sudeste do estado do Pará, está passando por um momento importante, que pode ajudar a desenvolver a economia desta porção do estado. Esse tão esperado desenvolvimento econômico pode acontecer, graças a obra de engenharia que irá facilitar o transporte aquaviário de grãos, produtos agropecuários, minérios e seus produtos de transformação pelo Rio Tocantins.

De acordo com informações do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte), que constam no seu sítio oficial, as cifras que serão investidas alcançam mais de meio bilhão de reais até 2021, e inclui um trecho de 43 km de extensão entre a Ilha do Bogéa e Vila Tauri, no município de Itupiranga – PA, distante cerca de 50 km da área urbana de Marabá.

Este trecho possui uma grande quantidade de rochas que “afloram” no rio Tocantins, principalmente nos períodos de estiagem (de junho a outubro).

O local é conhecido como Pedral do Lourenção, na vila Tauri, distante cerca de 16 km da área urbana de Itupiranga – PA.

O tão esperado desenvolvimento econômico pode ser conseguido com a viabilização de mais um modal logístico, onde a cidade de Marabá passa a ter quatro alternativas de transporte, uma das poucas no Brasil, a saber: rodoviário, ferroviário, aéreo e o mais esperado dos últimos anos, o aquaviário.

As principais vantagens do transporte aquaviário são: capacidade de transportar grandes volumes; percorrer longas distâncias; baixo risco de avarias nas mercadorias, e; reduzido custo de frete em comparação com outros modelos de transporte.

Desta forma, torna-se muito atrativa para todos que produzem e que precisam escoar grandes volumes, nos diversos seguimentos comerciais.

Com quatro alternativas de transporte, pode-se viabilizar oportunidades de geração de negócios ainda não existentes em nosso mercado interno, bem como motivar novos investimentos através da redução dos custos com logística e a distribuição dos seus produtos e insumos de modo mais ágil, eficiente e seguro.

Desta forma, decorre um aumento na confiança e credibilidade de entrega do produto, com custo de investimento competitivo.

Quem interessar investir em Marabá e região, seja na área produtiva, de prestação de serviço ou transformação de produtos de matéria prima local, pode melhorar os indicadores de desenvolvimento sócio-econômico local, através de maior geração de emprego direto e indireto em várias cadeias produtivas.

As fontes que podem se beneficiar com a modalidade de transporte pelo Rio Tocantins envolvem o agronegócio, proveniente da produção da carne bovina e a exportação do boi vivo (temos o 4º maior rebanho bovino do País); produção de leite, com a criação de laticínios, produzindo produtos diversos para atender a demanda interna e externa.

A piscicultura também será atendida através de criatórios de peixe, onde é notada falta de frigoríficos de pesca regionais para industrializar a carne de peixe; frutíferas, como o cacau e açaí; mandioca, que possui expressiva cadeia de alimento.

O escoamento da agricultura de soja e milho, com a possibilidade de instalação de indústria esmagadora de soja para extração de óleo ou fábrica de ração; bem como na indústria madeireira para produção de compensado naval e outros produtos desta atividade para construção civil, com a fabricação de móveis ou a obtenção de celulose para a fabricação de papel, entre outros derivados da Madeira.

Na mineração, podendo tornar-se mais uma opção de transporte, além de outros ramos de negócios que aqui podem se instalar com benefício da localização, através dos incentivos fiscais criados pelo estado e pelo município.

Ressalta-se a importância da obra do derrocamento, bem como a construção de um sistema portuário eficiente em Marabá, podendo se tornar mais uma alternativa para o escoamento da produção de diversos insumos comerciais já citados.

Porém, diga-se, o maior desafio da obra é com respeito ao meio ambiente e com as populações ribeirinhas e comunidades de pescadores que aqui existem.

O desafio é grande, porém é possível criar soluções compensatórias que possam beneficiar a todos!

Em tempo, no 4 d abril próximo, a  UNIFESSPA realizará o I Colóquio sobre a Derrocagem do Pedral do Lourenção, que acontecerá no auditório central da Unidade II, na folha 17, no bairro Nova Marabá, sob a coordenação do professor  Leonardo Brasil Felipe, da Faculdade de Geologia, do Instituto de Geociências e Engenharias.

O evento contará com a apresentação de palestras e mesas redondas sobre os temas locais: Geologia, Arqueologia, Engenharia da Obra e impactos sociais decorrentes.

Trata-se do primeiro evento, aberto ao público em geral, que possibilitará a participação da sociedade local nas discussões sobre a obra.

Uma excelente oportunidade para entendermos o desafio de engenharia, com a participação dos principais atores (DNIT e DTA Engenharia), avaliarmos os possíveis impactos e as medidas mitigatórias para uma obra complexa, com respeito ao meio ambiente e às populações diretamente atingidas, juntamente com a geração de infra-estrutura, empregos e consequentemente o bem estar das pessoas.

Participem, o evento é gratuito. Até lá !

(*) – Empresário diretor do Grupo Zucatelli