A presença de Fernando Sarney em terras paroaras vem de longas datas.
Lobista dos mais produtivos, o filho do cacique maranhense ensaiou danadices em diversos segmentos do setor produtivo de nosso estado, de olho principalmente na compra de emissoras de rádio e televisão.
O blog chegou a noticiar isso.
A denúncia que a Folha solta a conta-gotas sobre o suposto pagamento de propinas a políticos do Pará, através da Camargo Correa, deve se concentrar agora na referência feita a família do senador José Sarney, no fundo quem manda mesmo dentro da estrutura da Eletrobrás, aqui no Estado representada pela Eletronorte.
O relatório da Polícia Federal, segundo a Folha de hoje, envolve algo em torno de R$ 3 milhões drenados para supostos beneficiários do grupo político do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
É Sarney quem controla o Ministério de Minas e Energia, através do escolado Edison Lobão,
Esse papo de que migalhas em torno de R$ 200 mil teriam sido repassados ao PMDB e PT paraenses, não encaixa de forma convincente.
Alguma coisa não está batendo.
Quem acompanha os quebra-queixos  dentro da Eletronorte, em Tucuruí, ao sabor das obras das eclusas, sabe dos confrontos incontornáveis de executivos, de um lado ligados a Edison Lobão (grande maioria); e do outro  reduzido quadro de gente da leva do PT e do PMDB paraense.
Tem alguma coisa mal sintonizada nessa história.
Inda mais quando é do conhecimento de alguns escalões a forma como o nome de Fernando Sarney transita pelos circuitos da empresa.
O escândalo passa por aí.
A descoberta dos arquivos digitalizados apreendidos com o executivo da Camargo Correa, de nome Pietro Bianchi, reacendeu o papo em torno da importância desse moço dentro da obra, como pessoa de transito livre no seio da família Sarney.
Documentos escaneados datados do inicio de 2008, cujos manuscritos do próprio punho de Pietro indicam repasse de recursos ao PMDB com a inscrição  “Astro/Sarney”, é a luz que faltava pra ver que essa transação escabrosa tem tudo a ver com o cacique maranhense.
A própria Polícia Federal já caminha com a certeza de que a expressão refere-se a Astrogildo Quental, poderoso diretor financeiro da Eletronorte, e a Fernando Sarney, eminência parda de todos os poderes.
Pra quem não sabe, esse Astrogildo deixou a secretaria estadual de Infra-Estrutura do governo de Roseane Sarney para controlar o caixa da estatal.
Ele é especialista em mexer em “infra-estrutura”.
E em cuidar da “infra-estrutura” familiar.
Ana Karin Quental,  esposa de Astrogildo, é beneficiária de R$ 100 mil repassados a ela pela Cavo, empresa subsidiária da Camargo Correa.
Os braços de “Astro” são longos.
Ao mesmo tempo, alcançam Tucuruí, São Luís, Brasília, São Paulo e Cruzeiro, cidade do interior paulista que tem como prefeita…… Ana Karin.  A dita.
Amigo de longas datas da família Sarney, Astrogildo Quental é tratado por integrantes da ORCRIM ( “Organização Criminosa”, assim batizado pela Polícia Federal e Ministério Público, o esquema de corrupção montado por Fernando Sarney no bojo da “Operação Barrica”), dono de um extenso prontuário nos órgãos de controle e fiscalização das obras públicas, tanto no Maranhão como em outros Estados, com tentáculos atuantes em áreas estratégicas do país, como a Petrobras, Eletrobrás e a Valec – empresa responsável pela construção da Ferrovia Norte-Sul.
Seu début nas falcatruas sob a batuta do clã aconteceu no projeto de despoluição e recuperação ambiental e sanitária da Lagoa da Jansen, em São Luís. Como secretário de Infra-Estrutura – primeiramente no governo Edison Lobão (1991-1994) e depois no de Roseana Sarney (1995-2002) -, Astrogildo Quental, em vez de fazer da lagoa um dos mais belos cartões-postais de São Luís, foi acusado de usar as obras como um imenso escoadouro de dinheiro público. Mais de R$ 120 milhões do erário fluíram pelo ralo do projeto e a Jansen segue poluída até hoje.
A Corregedoria Geral do Estado e o Ministério Público Estadual denunciaram, na Justiça Federal, Astrogildo e outros corruptos.
Como todas as representações judiciais contra o clã Sarney, o processo não andou, dando chance para que Astrogildo perpetrasse um novo assalto aos cofres públicos, nos mesmos moldes do executado na lagoa.
No início dos anos 2000, ele foi denunciado por fraudes no projeto Salangô, idealizado pelo governo Edison Lobão (1991-1994), destinado a beneficiar 900 famílias na irrigação de áreas para o plantio de arroz e hortifruticultura. Só nessa parada, “Astro” teria desviado R$ 14 milhões, decorrentes da utilização de índices de reajustamento não previstos no contrato inicial.
Assim como no “esquema da lagoa”, a Justiça também fez vista grossa às irregularidades no Salangô.
Impune, a “turma dos esquemas” do governo Roseana Sarney – Astrogildo Quental, Silas Rondeau, Ulisses Assad, Flávio Lima, Gianfranco Perasso, Romildo Frota (da EIT), capitaneados por Fernando Sarney, segundo a Polícia Federal e o Ministério Público – se transferiu para Brasília, estendendo seus tentáculos a obras de peso, como a ferrovia Norte-Sul.
Como se apura a partir das denúncias da Polícia Federal, os crimes contra o sistema financeiro, as fraudes em licitações, a lavagem de dinheiro, o tráfico de influência, entre outros ilícitos descobertos, prosseguem sob a batuta de “Astro”.