Ouvir o toque sanfoneiro de Severino Dias de Oliveira, nascido em Itabaiana, é incorporar dentro da gente uma pluralidade sonora que somente gênios do quilate de Sivuca conseguem organizar -, ponteando rica variedade de ritmos e vozes, que vão de Clara Nunes, Chico Buarque e outros cantores ao sopro dos metais do Quinteto da Paraíba ou da Metalúrgica Filipéia, com seus trombones, teclados e percussão.
Você que está me lendo aí agora experimenta ouvir “Visitando Zabelê” (CD “Terra Esperança”) e me diz se não há na imensa floresta de sons do mestre de Itabaina o trotar de um xote pé-de-serra! Só ele faz isso, misturando acordeom, violinos e violoncelos, em fragmentos de tudo: baião, modinha, maracatu, xaxado, molejo de um samba, tom moleque de nordestino raspapé, tocando o rebanho de suas origens.
Vai mais adiante. Escuta todo o CD e também me diz, depois que os instrumentos se calam, ao fim de incríveis diálogos, se não vem a certeza de que com Sivuca é assim: tocou, tem harmonia. Pode ser flauta com pandeiro, pífano com sax-tenor, sanfona com violoncelo, percussão com viola, não importa.
A alma musical de Sivuca nasceu para viver nas esferas da harmonia com o mundo e a arte.
Meus respeitos e adoração, saudoso mestre.