No início da tarde desta sexta-feira, o blog recebeu, através de email, um relato desesperador de Claudenor Peixoto,  pai de um bebê que morreu no Hospital Materno Infantil durante procedimento de parto.

O texto foi enviado por um grupo de pessoas que estão dando suporte psicológico ao casal Sarah Maria, a mãe da criança, e  Claudenor.

O texto segue da forma que foi entregue, sem nenhuma edição jornalística.

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‘O ano novo começou da pior forma pra mim, logo eu que venho lutando ao longo do ultimo ano contra uma depressão em meio a um mundo carregado de uma peste chamada de COVID-19.

Imagine você, se coloque no meu lugar e da minha esposa SARAH MARIA, atravessar uma gravidez de risco, principalmente diante desta pandemia, ela diabética tipo 1, correndo todos os riscos e consequências de uma desgraça, de pegar essa doença da qual nem mesmo a ciência tem total explicação?

Depois de tudo isso ao final dos nove meses de gestação, faltando apenas 02 dias pro parto “a tragédia bateu na minha porta”, destrancou a fechadura sem minha autorização e entrou no meu mundo, apesar das lutas, mas carregado de esperança e bons sonhos com a chegada de mais um filho. Mas dessa vez meu esse universo desmoronou ainda mais, logo eu que nunca havia perdido alguém tão próximo, perdi um pedaço de mim, um filho que era muito amado, esperado, sonhado por mim, pela Sarah e por todos os outros 4 filhos que temos juntos. Um sonho lindo, gerado em meio a incontáveis riscos de um mundo marcado por incertezas.

Todos nós aqui em casa estávamos ansiosos por esse momento, de saber como o LORENZO seria. João Gabriel, o meu segundo filho, era o mais ansioso, bradava aos quatro cantos de casa que agora teria um irmãozinho pra brincar e dividir suas coisas, pois em casa só tinha “meninas”. O quarto foi montado nas dependências do dele, aquele espaço era território protegido a todo custo, não permitindo que bagunçassem, e nem mexessem nas coisas do irmão, nem mesmo nossas gêmeas que tem um apego enorme com ele.

NARRATIVA DA MORTE DO NOSSO LORENZO:

Sarah Maria, minha esposa chegou no início da madrugada do 31 de dezembro no HOSPITAL MATERNO INFANTIL (HMI), reclamando de dores estomacais, lá vomitou bastante enquanto aguardava atendimento. Nessa reta final da gravidez, ela passou a ir com maior frequência àquela unidade, pois já estava quase completando os nove meses.

Essa era sua quarta e última gravidez, ela que está com 35 anos e é diabética estando em sua quarta cesariana era tida como gravidez de risco. Decidimos, portanto, diante do quadro clinico, nessa última gestação, faríamos todo acompanhamento pela rede pública, pois em Marabá o HMI e o REGIONAL, são os únicos a oferecer o serviço de UTI neonatal, e este foi o fator determinante da escolha.

Voltando a falar do atendimento emergencial do dia 31/12 – Sarah passou pela triagem por uma enfermeira que apenas mediu a pressão dela, não foi feito o destro – procedimento comum obrigatório que verifica o nível de glicose no sangue de uma paciente, logo ela que é diabética tipo 1, em seguida um dos médicos plantonista Dr. Charles atendeu-a pedindo de imediato exames de sangue e um exame chamado cardiotocografia fetal que serve para avaliar a saúde do coração do bebê, ainda no útero da mãe.

Sarah atendeu as solicitações, coletando sangue e submetendo-se ao exame do cárdio do bebê, logo depois Charles sinalizo-a que a seguir que ela seria atendida então pelo Dr. João Batista, e não mais por ele. Batista veio e fez os procedimentos, avaliando os exames, fazendo algumas perguntas a ela, recebendo inclusive a informação que ela era diabética tipo 1, ele avaliou os exames pedido por seu colega anterior Dr. Charles que nos afirmou que estava tudo normal e estava tudo bem com o bebê. Ele receitou as medicações pra Sarah melhorar do problema do estômago.

Seguimos para a sala ao lado, ela foi atendida, recebeu a medicação receitada junto com soro, e como o soro leva um tempo maior pro paciente tomar, ficamos por volta até as 07:00 da manhã, quando acabou a medicação. Logo em seguida, voltamos pra sala de medicações e informamos a enfermeira que havia finalizado o que o médico receitara, só então que Sarah recebeu o teste da Glicose (destro) da qual deu 65 mg/dl nível baixo de glicose.

A enfermeira então informou a Sarah que ela não poderia ser liberada sem antes não passar pelo médico, Sarah informou que estava fraca e com fome, que precisava comer, até porque sua glicose estava baixa. Foi ai que Sarah evocou pra enfermeira a presença do médico, pra receber as orientações de como proceder, até porque sua glicose estava muito baixa, que se não regulasse ela e o bebê poderiam vir a ter complicações.

Para nosso espanto fomos informados que não tinha médico naquele momento, que ela teria que aguardar até as 09:00 da manhã, horário que o próximo médico chegaria pra assumir o plantão. Ficamos revoltados com a situação, tínhamos que aguardar por 2 horas ou mais, era muito tempo pra uma grávida diabética ficar aguardando por um médico pra receber orientações e medicações.

Sem ter o que fazer fomos pra casa, antes, ali mesmo na frente do materno, ela pediu pra eu comprar café com leite e bolo no intuito de melhorar sua glicose baixa. Sentada, debilitada dentro do carro ela comeu. Ainda fraca pediu pra ir pra casa, ao chegar Sarah foi acometida por uma moleza e sentiu sono. Ficou a maior parte do tempo dormindo durante o dia inteiro, deduziu ela que era efeito da medicação, por várias vezes fui ao quarto pra saber se estava tudo bem com ela, se o bebê estava mexendo na barriga pois essa era uma orientação da médica que acompanhou-a no pré-natal “se o bebê parar de mexer corram pro hospital” .

Os movimentos dele diminuíram, deve ser que ele esteja sonolento devido a injeção que tomei deduziu Sarah.

Das 4 gravidezes que Sarah teve esse era o bebê mais ativo e o que mais mexia, por vezes dizia eu, “esse garoto será um excelente jogador de futebol, como ele chuta a barriga da mamãe”.

Mal sabíamos da desgraça que nos esperava.

Sarah permaneceu assim até o dia seguinte, o primeiro dia do ano de 2021. Por volta de 10:30 depois de notar que realmente os movimentos do bebê diminuíram consideravelmente, decidi leva-lá ao hospital Materno Infantil – HMI. Escolhemos o HMI por achar que o fato do hospital ter uma UTI neonatal ajudaria a preservar a vida do nosso anjo Lorenzo.

Não imaginávamos que quando há incompetentes no comando da coisa pública todos padecem. O pior é que a gente acha que nunca vai acontecer conosco, até que um dia “a tragédia bate à porta”.

Abaixo farei uma serie de denúncias do que realmente é a saúde de Marabá. Quero com isso evocar as autoridades competentes, o Ministério Público, a OAB, os movimentos da MULHERES aqui em Marabá. Meu filho tá morto, isso não vai mudar mais, só que jurei no corpo dele, no dia que o enterrei, que iria honrá-lo enquanto eu tivesse vida. Não tenho medo de represálias, não vou engolir ameaças e não vou sossegar enquanto eu não ver meu filho justiça feita, não me importo se eu morrer por essa causa, até porque a vida pra mim perdeu o sentido mesmo, tiraram uma parte de mim, um presente de Deus, um tesouro que seria certamente um excelente ser humano como os outros 4 filhos meus tem recebido de mim e de Sarah a educação pra isso.

DENÚNCIA PÚBLICA: PREFEITURA MUNICIPAL DE MARABÁ E SEU GESTOR REELEITO (não pelo meu voto) O TIÃO MIRANDA.

Um sujeito preocupado somente com obras que tenham piche, cimento e ferro. Que não faz investimentos consideráveis na saúde como deveria ser feito, ninguém vê não dá votos né? que prefere mover céus e terra pra câmara de Marabá aprovar a construção de uma nova ponte que custará aos cofres municipais a bagatela de mais de 70 milhões de reais (Alguém pega uma calculadora e faz uma conta breve pra mim por favor:  “70 menos 30% ” da quanto mesmo?). “Não prioriza as prioridades”, foi contra a instalação da UPA no núcleo cidade nova, vê a saúde da população marabaense como despesa e não como investimento, tanto que ele reconhece o que digo que no seu último plano de governo colocou a saúde como prioridade número 1, conversa pra enganar todos nós, só pra garantir sua reeleição.

Não é de hoje que sabemos que o Tião não tem responsabilidade com a saúde de nossa gente. Vocês sabiam que a rede pública não conta com nenhum médico endocrinologista? e que o Brasil é o quarto país com o maior número de diabéticos do mundo, sendo 12,5 milhões de pessoas afetadas, o que equivale a 7% dos brasileiros. (dados do Ministério da Saúde em 2019).

É por isso cito teu nome prefeito das praças. Enquanto você pensa no teu projeto pessoal o povo padece, agonizantes morrem nas filas das unidades de saúde de tua gestão, essa saúde que há anos está falida em nosso município. Vsa. Excelência que diz pra todos que a obra que mais gosta de inaugurar são escolas (mas vive inaugurando praças).

Será que alguém próximo deste sujeito pode dizer pra ele que se o Hospital Municipal Materno Infantil que é de responsabilidade de sua gestão, que tem índices elevados de mortes de bebês, continuando assim não teremos crianças pra estudar nos prédios levantados por seus projetos? Saiba que por tudo isso, o sangue do meu filho inocente, dentre tantos tá na sua fatura.

A EQUIPE MÉDICA DO HOSPITAL MATERNO INFANTIL-HMI

E aqui publicarei todos aqueles que agiram por ação e omissão diante dos fatos, da forma abrupta e estúpida. Vocês sabiam que lá no materno muitos médicos ficam escondidos numa sala só pra não ter que atender o número de gravidas que recorrem aquele hospital? A Sarah precisou fazer um ultrassom na semana passada e fomos informados pela admistradrora do hospital HMI, Sra.  Alciléia Tartaglia que o médico não estava na unidade. Posteriormente ficamos sabendo que é de praxe do Dr. Fábio Farias ficar enrolado o tempo, não cumprindo horários só para não atender a demanda das grávidas que chegam lá? E que ele só atende no máximo 10 grávidas, não mais que isso. Como eles estão no topo da pirâmide, ninguém atreve-se a ir contra esses abusos praticados, inclusive a Sra Alciléia que recebe pra isso é conivente, orientando as atendentes e enfermeiras a dizer isso pra todos. Prova disso que no dia 31 suspeito eu que a ausência do médico e a não orientação fez com que LORENZO morresse. E pasmem, só tem esse médico pra atender várias grávidas diariamente pois o outro médico que era contratado foi dispensado. As grávidas que não tem dinheiro pra pagar uma ultrassom que variam de R$ 200,00 a R$ 300,00 como ficam? Segundo a administradora tem que recorrer a regulação que não acompanham a urgência que uma gravida pode passar.

A equipe médica que atendeu minha esposa na madrugada do dia 31/12/2020, em torno de 04:00 da manhã. E aqui quero deixar bem claro a respeito da saúde da Sarah Maria. Ela transcorreu uma gravidez tranquila, sem complicações, sendo inclusive mãe de gêmeas na gravidez anterior, é sim diabética, porém não tem pressão alta, nem problemas cardíacos, dentre outros que pudesse agravar seu quadro clínico ou do bebê. Os nossos filhos todos nasceram em Carajás na rede particular e ela nunca teve quaisquer complicações quanto estar grávida e nos partos.

O ANESTESISTA DO PLANTÃO – RAIMUNDO SOBRINHO JÚNIOR, VULGO “GUETA”

Esse sujeito só pode tá na profissão errada, no mínimo tinha que ser zootecnista e cuidar de animais (e coitado dos animais). Ele teve a capacidade de durante o procedimento da retirada do feto, após o choque da notícia que nosso filho estava morto, foi grosso, mal educado, inconsequente com Sarah, vindo inclusive a maltrata-la e não se preocupar com a respiração dela mesmo ela pedindo de forma veemente o oxigênio,  e que, se não fosse a atitude da enfermeira assistente ela teria sofrido ainda mais com falta de ar.

Certamente se eu tivesse de acompanhante você jamais teria agido assim com ela, eu juro que não, mas nuca que não. Esse despreparado não teve respeito à dor de uma mãe que tinha acabado de receber a notícia que seu filho estava morte dentro de sua barriga.

Ele o Gueta chegou a dizer em alto e bom som pra todos ouvirem: “ Pra cá só manda bucha e problema, o materno não é hospital de referência pra esses casos” palavras dele, ela ainda teve que ouvir isso já com seu psicológico abalado devido a morte de nosso bebê.

Esse anestesista juntamente com o Dr. Paulo Nunes – médico obstetra, ainda ficaram discutindo sobre regulação hospitalar, o Gueta com o vocabulário carregado de xingamentos reclamando da estrutura falha do materno e os casos que ali chegam constantemente, ele pareceu transtornado, comportou-se de forma indiferente pra prestar os seus serviços como médico, enquanto isso o Dr. Paulo Nunes começou a interrogar a Sarah indagando-a quanto a fazer laqueadura, logo ela católica conhecedora da sua religião, sempre deixou claro que não faria, Dr. Paulo insistiu em mudar a decisão dela, ela disse que era sua escolha, reafirmando a negativa, ela voltou a ser questionada o porquê, ela interveio e disse que o esposo faria vasectomia, mas que naquele momento não era hora de discutir sobre sua decisão.

O Dr. Paulo juntamente com a Dra. Polyana vieram me dá a notícia e confirmar que de fato meu fiho tinha morrido e não havia mais batimentos cardíaco. Minutos antes eu por diversas vezes insisti em acompanhar minha esposa na sala de cirurgia, direito esse resguardado na lei federal 11.108/2005 mas que me foi negado.

Questionei a causa mortis do meu filho LORENZO, e recebi uma resposta no nível que a saúde nos é entregue em Marabá, segundo eles, não sabiam o que levou a morte do meu filho.

Indaguei a ele Dr. Paulo e a Dra. Polyana ao ponto do Paulo me dizer, vou colocar que morreu de forma natural por consequência de a mãe ser diabética. Respondi com os olhos cheio de lágrimas que queria tecnicamente saber a causa verdadeira. Dr. Paulo tentou enfraquecer a minha decisão, e para meu espanto fui informado pelos 2 que em Marabá era impossível saber disso, que eu teria um custo muito alto, e só encontraria esse serviço em Belém o que me causaria um custo financeiro não muito barato.

Eu insisti afirmando que não me importaria dos custos –  Eu Quero saber o que levou a morte do meu filho! Respondi. Por diversas vezes eles me disseram que não valeria a pena pois a criança já estava morta, a Dra. Polyana me disse isso por mais de 3 vezes pra eu “deixar isso de mão”, coitada dela, achava que faria o mesmo que eles devem fazer com os que depende daquela unidade, achava que tava lhe dando com um desinformado.

Descobri mais tarde que o IML faz esse serviço em Marabá, o problema é que pra isso tinha que registrar um Boletim de Ocorrência, e médicos despreparados morrem de medo de processos devido suas incompetências. Só pra deixar registrado que o IML removeu o corpo do meu filho no mesmo dia ao qual foi submetido a necropsia, e o resultado sai em até 30 dias.

O NOSSO DRAMA E O MEU JURAMENTO

Estamos de luto, nosso filho não chorou, não mamou, não mexeu os braços, não fez coco, nem abriu os olhos ou chupou os dedinhos. A vida não aconteceu pra ele. Em casa o berço ta vazio, não teremos a festa preparada por Melinda, João Gabriel, Clarice e Cecillía. Por vezes fiquei imaginando, como seria você em meio a tanto amor. Havia muita expectativa pra tua chegada, e uma chuva de sentimentos que so sabe quem sente.

O que me restou agora foi ter que conviver com emoções e choros repentinos, um vazio na alma sem limites. Além de cuidar de mim tenho que cuidar e acalentar todos os filhos e Sarah. AS crianças todos os dias indagam sobre a morte do Lorenzo, não entendo o porquê do irmão não ter vindo pra casa, queriam abraça-lo, pegar no colo, beijá-lo.

Sarah está com o emocional abalado, nesta madrugada acordou algumas vezes chorando bastante.

Ao contrário do juramento que fazem alguns médicos não valer a pena, aqueles que não tem nenhuma responsabilidade com as vidas pois estão lá pela grana, o que vale mesmo é o salário de 20, 30 mil no final do mês, “EU JURO MEU FILHO QUE VOU TE HONRAR, NEM QUE SEJA A ÚLTIMA COISA QUE EU FAÇA NESTA TERRA, NESTA CIDADE ENQUANTO AQUI EU MORAR E VIVER  TUA MORTE NÃO PASSARÁ DESAPERCEBIDA, TODOS NESSA CIDADE VÃO CONHECER TUA HISTÓRIA, VOCÊ SERÁ HONRADO E TUA HISTÓRIA NÃO CAIRÁ NO ESQUECIMENTO, PRA QUE NENHUMA MÃE, NENHUM PAI E NENHUMA FAMILIA VOLTE A SENTIR A DOR QUE ESTAMOS SENTINDO”.

“VOCÊS MATARAM O FIHO DO CARA ERRADO”

MARABÁ 04 DE JANEIRO DE 2021.

CLAUDENOR PEIXOTO

#justiçasejafeita

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Os profissionais médicos citados na denúncia de Claudenor Peixoto podem enviar suas versões ao blog, através do e-mail  vvvideovprodutora@gmail.com.

A versão de cada um terá sua publicação garantida.