Quando se alia a Aécio Neves, o PSB renega seus compromissos e joga no lixo da história a oposição que moveu ao governo FHC. Quem afirma é o ex- presidente do PSB, Roberto Amaral, em artigo publicado nos jornais.
Amaral, que deixou a presidência do PSB nesta segunda-feira, voltou a criticar a aliança do partido com o presidenciável tucano: “ao dar apoio a Aécio Neves, o PSB resolveu se aliar à social-democracia de direita, abandonando o campo da esquerda”.
A seguir, íntegra do artigo.
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O PSB renunciou ao seu futuro
– Roberto Amaral
A recém-revelada disputa interna no PSB não tem como cerne a disputa da presidência do partido. O que está –e sempre esteve– em jogo é a definição do modelo de Brasil que queremos e, por consequência, do partido que queremos. É nesse ponto que as divergências são insuperáveis, pois entra em jogo uma categoria de valores incompatível com a pequena política.
Quando se alia a Aécio Neves, o PSB renega seus compromissos programáticos e estatutários. Joga no lixo da história a oposição que moveu ao governo FHC e o esforço de seus fundadores para instalar no solo da paupérrima política local uma resistência de esquerda, socialista e democrática.
No plano da política imediata, essa decisão que dividiu o PSB, talvez de forma definitiva, revoga a luta pela qual Eduardo Campos se fez candidato (e os pressupostos de sua tese, encampada lealmente por Marina Silva na campanha), a saber, a denúncia da velha, nociva e artificial polarização entre PT e PSDB, que só interessa, dizia ele, aos verdadeiros detentores do poder.
Como honrar esse legado tornando-se refém de uma de suas pernas, justamente a mais atrasada? O resto é a pequena política, miúda, a politicagem dos que, não podendo formular, reduzem o fazer político aos golpes e aos “golpinhos”, à conquista das pequenas sinecuras das estruturas partidárias e à promessa de recompensa nos desvãos do Estado. Insistir nesse tipo de prática é outro erro.
Que a crise do PT sirva ao menos de lição. E quem não aprende com a história está condenado a errar seguidamente. Aliás, estamos em face de uma das fontes da tragédia brasileira: a visão míope, tomando o que é acessório como o principal, o episódico como o estratégico, a miragem como a realidade.
Nessa decisão em que o PSB jogou pela janela sua própria história e fez em pedaços a galeria de seus fundadores, movido pela busca do poder pelo poder, o partido renunciou ao seu futuro. Podendo ousar construir as bases do socialismo do século 21, democrático, optou pela cômoda rendição ao statu quo. O partido renunciou tanto à revolução como à reforma.
Um partido socialista não pode se conciliar com o capital em detrimento do trabalho, aceitar a pobreza nem a exploração do homem pelo homem, como se um fenômeno irrevogável fosse. Um partido socialista não pode desaparelhar o Estado para melhor favorecer o grande capital, muito menos renunciar à sua soberania e aliar-se ao capital financeiro internacional, que constrói e que construirá crises necessárias à expansão do seu domínio. Ora, ao dar apoio a Aécio Neves, o PSB resolveu se aliar à social-democracia de direita, abandonando o campo da esquerda.
O pressuposto de um partido socialista é o debate, o convívio com as diferenças e a prevalência da lealdade e da ética. Quando esse tronco se rompe, é impossível manter a copa de pé.
A vida partidária exige liturgia. Como presidente do Partido Socialista Brasileiro, procurei me manter equidistante das disputas, embora tivesse minha opção. Isento, ouvi as correntes e dirigi a reunião da comissão executiva que optou pelo suicídio político-ideológico que não pude evitar.
Anfitrião, recebi, segundo meus princípios éticos, o candidato escolhido pela maioria. Cumprido o papel, estou livre para lutar pelo Brasil que sonhamos, convencido de que apoiar a presidenta Dilma Rousseff é, hoje, nas circunstâncias, a única opção para a esquerda socialista, independentemente dos muitos erros do PT, no governo e fora dele.
Djalma Guerra
16 de outubro de 2014 - 17:17O PSB começou a ir para a fossa séptica da história quando elegeu Eduardo Campos para presidente do partido. Não é porque morreu que virou santo pois moral e ideologia socialista o mesmo não tinha nada pois beneficiou-se do PT para governar Pernambuco e depois traiu o partido mesmo se utilizando do artificio do Nepotismo para nomear sua mãe ministra do TCU.
Hoje o PSB está contaminado por pessoas que nada tem a ver com a história do partido e traíram os ideais que sempre foram defendidos pelo mesmo antes da ditadura que causou o fim do partido e ressuscitado após a democratização.
A decisão de apoiar a direita não é unanime entre seus filiados e expoentes fato este que inevitavelmente jogarão a legenda no lixo da historia, coisa esta que nem a ditadura conseguiu.
Djalma Guerra
16 de outubro de 2014 - 08:28O PSB está condenado ao lixo da história da mesma forma que o antigo Prona do Collor.
Criaram uma figura de personagem (Eduardo Campos) aos moldes do que foi a criação do Collor o caçador de marajás que nunca cassou nenhum.
Com Eduardo Campos criaram um personagem de honestidade que o mesmo não possuía, pois nepotismo não é honesto e o mesmo praticava inclusive com sua mãe que foi nomeada ministra do TCE.
George Hamilton Maranhão Alves
16 de outubro de 2014 - 12:23O amigo quis dizer PRN ao invés se Prona. O PRN foi criação de momento, mas o PSB tem história, se solidifica ao longo do tempo. Claro que quando se cresce, se muda.
Ruy Neri
15 de outubro de 2014 - 11:52Bom dia!
Este sr. era do PT e amigo particular do lula e sempre apoiou a dilma, saiu, pelo fato q todos nos conhecemos, denominado de mensalão. portanto, não tem moral p/falar q o PSB, joga fora a sua historia ao apoiar um novo momento do Brasil, ja vai e muito tarde, pois ja deveria ter ido a muito tempo.
George Hamilton Maranhão Alves
15 de outubro de 2014 - 09:39Caro blogueiro, a política tem os viés que ultrapassam a ideologia e os ideais. O importante é estar junto. Isso já aconteceu com muitos outros partidos no Brasil, principalmente com o PMDB.
No caso específico do PSB, em virtude da perda repentina do grande nome e líder Eduardo Campos, esse partido tenta se atracar a um porto seguro para não ficar como um barco à deriva. É compreensível. Aliás, na política partidária, tudo é compreensível!
Plinio Pinheiro Neto
14 de outubro de 2014 - 10:45Caro Hiroshy.
Ao que me foi dado conhecer, esse moço ficou sozinho contra toda a nacional do Partido. Será que todos estão errados e só ele está certo? Será que se pode chamara o atual PT de partido de esquerda? Será que as suas práticas são praticas de quem vivencia o bem estar do povo? É impressionante como as pessoas que estão com Dilma são extremamente autoritárias e não aceitam, de modo algum, que alguém pense contra os seus pensamentos. Creio que nada deterá o avançar do desejo da esmagadora maioria do eleitorado brasileiro, de desencastelar do Poder estes que dele se assenhorearam mais de 10 anos atrás para usá-lo como propriedade sua. Vamos aguardar!