Em alusão ao post Hospital de Referência, dois comentaristas anônimos antagonizam pontos de vista.

O primeiro questiona a escolha das fotos, pra citar o mínimo:

Seria interessante,não fotos de fachada e jardim do hospital,mas, fotos das enfermarias,bloco cirúrgico,salas de obstetrícia(Parto),posto de enfermagem,instalações admnistrativas,sala de espera,salas de atendimento de urgencia e emergencia,etc O pior para Curionópolis não é construir e manter um bom hospital,a questão é: como fazer um médico morar em uma cidade daquelas com sua esposa e filhos,aí complica. Um bom salário nem sempre segura o profissional,trabalhar sem um excelente laboratório,RX,pelo menos TC,além de contar com o suporte de outras especialidades para o bom desempenho da prática médica(cito: Cardiologia,Neurologia e Traumatologia)uma vez que as básicas(Clinica Médica,Ginecologia/Obstetrícia,Cirugia Geral e Pediatria)com certeza já existem no município.Mas,tem que haver um começo,e tudo deve dar certo.Boa sorte.

O segundo comentarista, com total apoio do blog, mata a matraca bem no cetro:

Caro Hiroshi,

Algumas colocações do anônimo acima, que parece ser médico, são bastante infelizes.

Como um médico morar em Curionópolis com sua família? Como toda a população da cidade mora. Médico é parte do proletariado, precisa descer desse pedestal de achar que é melhor que os outros. Correm feito loucos nas capitais com 6, 7 empreguinhos de 1.200,00 por mês e se acham o máximo, bons demais para viverem em Curionópolis, Marabá ou qualquer outro interior.

Outra é dizer que precisa haver no mínimo TC (tomografia Computadorizada)no Hospital de Curionópolis, como se esse fosse um exame rotineiro. Uma cidade do porte de Curionópolis não tem demanda para um aparelho de TC. O que precisa-se, na verdade, são médicos melhor preparados, que saibam ou se disponham a fazer, no mínimo, uma anamnese bem feita e não fazer uma lista enorme de exames para “se livrar” do paciente.

Os médicos precisam sim, “cair na real” e viver a vida proletária que se avista para a maioria. Uma pequena minoria, como em todas as profissões como cantor ou jogador de futebol, se dará bem nas capitais. Os demais (milhares) vão ficar amassando barro o resto da vida, fazendo planilhas para pagar as contas no final do mês, fazendo planejamento financeiro para trocar o carro 1.0 por um melhor em 03 anos e aguardar a aposentadoria pelo INSS. Essa é a Realidade que os espera e não o posto de Deus e superiores à população que atendem nas comunidades do interior do Brasil.

Visitei recentemente todas as instalações do Hospital de Curionópolis e tudo foi feito com esmero e com os equipamentos realmente necessários à demanda da cidade. Parabéns ao Prefeito.

Detalhe: sou médico, cirurgião plástico, com 25 anos de profissão e naõ poderia deixar de me manifestar para baixar a bola desses recém-formados iludidos.
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Atualização às 19:44
Médico Manoel Veloso, direto do Paraná, coloca também a colher na panela, a respeito do mesmo post:
Caro Hiroshi,

Trabalhei no ano de 2002 por cerca de um ano neste Hospital em questão. À época, atendia como médico contratado para um ambulatório de cardiologia. Viajei entre Marabá e Curionópolis durante este tempo, e posso comentar que já naquele tempo encontrei um ambiente humano muito favorável, por parte da diretoria e dos servidores, além do apoio dos responsáveis pela Secretaria de Saúde. Durante este tempo, munido apenas de um aparelho de ECG (eletrocardiograma) e utilizando as radiografias e medicações disponíveis, conseguimos diminuir agudamente a quantidade de encaminhamento para outras cidades dos casos de AVC (derrames) e IAM (infartos). Aprendi que é possível, com recursos pequenos, porém, com vontade, conseguir mudar um pouco a realidade do quadro da saúde.

Acredito que mais aparelhado, com instalações físicas mais adequadas, o Hospital Elcione Barbalho poderá sim, contribuir muito para o panorama do serviço de saúde local.

Concordo que não há necessidade de tomografia, ressonância ou UTI como condição primária para uma boa medicina. É lógico que seria o ideal todo hospital dispor estes serviços, mas estamos tratando de uma pequena cidade. Além do mais, temos que nos lembrar Curionópolis se encontra a apenas 130 Km de um Hospital Regional (H.R. Geraldo Veloso em Marabá) que poderá ser a retaguarda para os casos que necessitarem de alta complexidade. Claro que há que se trabalhar na esfera administrativa para uma interação melhor possível com a secretaria de saúde estadual para o atendimento avançado de casos que envolvam trauma e outros de maior urgência e dificuldade técnica que exijam UTI, para efetivar este suporte. Existem mecanismos regulatórios que podem suportar esta situação.

Também entendo a dificuldade de se manter um corpo clínico com boa experiência médica e elevado grau de interesse no serviço público. Como médico regulador da central de leitos do Estado do Paraná atualmente, lido com estes casos corriqueiramente.Estes desafios ficam a cargo dos gestores. Por enquanto, acho que há que se felicitar o Prefeito Chamonzinho pelo trabalho e desejar boa sorte na condução do hospital.