Manuel Dutra, professor-doutor e jornalista, como gosta de chamá-lo Jeso Carneiro, coloca água fervida na chaleira, acrescentando contéudo à questão do futuro dos jornais e revistas impressos, tema motivador de post do blog:
Lourival Sant’Anna, autor de obra recentemente lançada, traz reflexões pertinentes ao momento presente, sugeridas já no título de seu livro: “O destino do jornal”. A respeito do embate do Impresso com o ambiente digital, o autor sugere a urgente reconstrução do produto jornalístico. Por exemplo, ele indaga: o que preferem os consumidores de informação, assistir aos melhores lances de uma partida ou ler sobre eles? Prossegue Sant’Anna, referindo-se ao jornalismo impresso:
Ou contextualizamos, interpretamos, analisamos e narramos de forma prazerosa, ou vamos desaparecer. Nossos leitores têm rádio, TV e acesso à internet. E continuamos fazendo jornal como se eles não tivessem nada disso. Ainda contamos com sua fidelidade e seu hábito. Isso não é eterno.
Pela análise de Sant’Anna, o jornalista contemporâneo pode atingir isso, desde que (re)formado dentro de novos paradigmas, de vez que o texto impresso pode oferecer possibilidades de informação e conhecimento que se ausentam dos demais meios, ao menos neste momento histórico. Diz ele:
Teremos um pouco mais de tempo para fazer isso. Não vamos tratar de todos os assuntos todos os dias. A cada dia, selecionaremos alguns temas para tratar. E o faremos com muito mais qualidade, precisão, contexto e prazer de leitura.
Então, precisaremos de profissionais especializados e também de profissionais multidisciplinares, que façam conexões entre áreas diferentes do conhecimento. O mundo não está dividido em setores. Tudo está interligado. E a velocidade das conexões está se acelerando. A universidade terá de nos entregar jovens mais preparados, e as empresas e os próprios profissionais terão de investir ainda mais na sua formação.
Acrescente-se que essa formação pressupõe a reinserção do estudante no universo da leitura, sem o que, mesmo quando pensamos nos novos meios de comunicação, só terá condições de penetrar nos ambientes digitais e aí produzir textos úteis e agradáveis, aquele profissional dotado de um necessário acúmulo de leituras maciçamente ainda apenas disponíveis no suporte escritural.
Segundo outro jornalista e teórico Nilson Lage, os critérios tradicionais do amor à verdade, a disposição física e a habilidade para escrever, embora permaneçam vivos a despeito de não poucos desvios, já não bastam para o jornalista cumprir com a sua missão. A constatação parte da realidade segundo a qual o volume de habilidades necessárias à formação de um jornalista vem crescendo continuamente.