O jornalista Fernando Brito foi um dos primeiros da imprensa nacional a denunciar com contundência  o “projeto reformista”  para a Educação desse desgoverno que milhões de lunáticos colocaram para dirigir o país.

Vem aí o tal “homeschooling”, proposta para deixar os estudantes em casa, aprendendo em casa – ou o ensino em casa para quem pode pagar.

Por que?

Pelo simples fato de que só vai estudar, “em casa”, quem tem grana pra arrotar bacaba.

Os pobres, estes ficarão em casa sem eira nem beira, sem estudos.

É a  “escola do condomínio fechado”.

Essa escola “em casa” já foi mostrada como funcionava pelo genial Gilberto Freyre, na sua Vida social no Brasil nos meados do século XIX.

Lá em determinada página, Freyre explica  quem eram as preceptoras do “homeschooling” no segundo império:

[…] as preceptoras que os senhores de engenho mais ortodoxamente patriarcais da época – os que, não enviando as filhas para internatos das cidades, desejavam instruí-las em casa – anunciavam, nos jornais, precisarem para encarregar-se de tal ensino, eram senhoras que  soubessem iniciar as meninas no conhecimento da gramática portuguêsa, da geografia, da música, do piano; e que, também, as instruísse no conhecimento da língua francesa: não só no traduzir como no falar dessa língua.

 

Ou seja, as famílias ricas, até o início do século passado, importando a tradição dos nobres europeus.

Era, portanto, a maneira de deixar os meninos e meninas – estas, sobretudo – fora de qualquer convívio social que não fosse dentro das regras da “casa grande”, um isolamento ainda mais severo do que o dos internatos, onde entre os internos diferenças havia e a sua própria reunião dava margem a perguntas e contestações.

Claro que com os nossos nobres modernos, muito será diferente, não só o inglês no lugar do francês. Poderão aprender tanto ou mais conteúdo que nas escolas, porque para um, dois ou três alunos, talvez, não se precise  da solidariedade que  uma turma obriga no aprendizado, para que ninguém – ou poucos – fiquem para trás.

Essa será, aliás, a maior lição que aprenderão: a falta de solidariedade, de convívio, de tolerância, do crescimento coletivo e tudo o mais que a escola ensina, além de regência e fatoração.

Poderemos formar, assim, perfeitos monstros, egoístas, ambiciosos, sem outro mundo que não seja os seus próprios. Os meninos poderão ser príncipes e as meninas, princesas, desde que, claro, seus pais não sejam plebeus incapazes de pagar seus “personal teacher”.

Ah, sim. Esqueci de dizer que o preceptor moderno terá outra desvantagem diante de seus antecessores d’antanho.

Nem mesmo a instituição escola servirá para diminuir o poder do “papai pagou”. Serão empregadinhos que –  as crianças, espertas, terão certeza disso –  não poderão contrariá-los ou repreender, sob pena de perder o emprego.

Não duvido, nessa toada, que a alguns revistem a bolsa antes de saírem.