Tirem suas conclusões, diante de algumas passagens do depoimento do repórter Edinaldo de Sousa (exclusividade do blog), transcritas ipsis litteris, com grifos do poster:

 

O contato

“Que no dia 18/04/09, por volta das 10:30hs, a advogada do Grupo Agropecuária Santa Bárbara, Dra. Brenda Santis, entrou em contato via telefone com o depoente e informou ao mesmo que os “sem-terra” da fazenda Espírito Santo haviam sequestrado um caminhão e o motorista do mesmo, e estavam indo em direção a sede, tendo a advogada perguntado ao depoente se o mesmo estava interessado  em cobrir a matéria; que a advogada informou que já havia procurado a polícia, no entanto não teve resposta.”

A viagem

“Que por volta do meio-dia a advogada ligou novamente para o depoente informando que estava se deslocando até a fazenda Espírito Santo em um avião e ofereceu a aeronave para levá-los até a propriedade, juntamente com Felipe Almeida, Victor Haor e João Freitas, além da advogada Brenda; que por volta de 13:10hs o avião deslocou do aeroporto de Marabá, e chegou a fazenda Castanhais por volta das 14 hs, tendo aterrizado em uma pista de pouso da fazenda, distante da sede da fazenda Espírito Santo, cerca de 10 km.

A recepção

Que ao desembarcarem do avião foram recebidos por uma funcionária do grupo, e em ato contínuo se deslocaram para a sede da fazenda Espírito Santo, onde o Sr. Oscar Boller, deu uma entrevista para os repórteres.

A pauta

Que após a entrevista na sede foram até um local informado pelo gerente Oscar Boller onde havia ocorrido abate de animais no di anterior, no entanto no caminho encontrou vários trataores fechando uma estrada vicinal que dá acesso a sede da fazenda, tendo o fato sido registrado pelos repórteres; Que ao chegarem no local do abate encontrou três animais mortos, e ainda vários urubus sobrevoando  o local, e nesse momento registraram ainda um gado ferido a bala; que o local, onde ocorreu o abate dos animais fica cerca de 2 km do acampamento;

O sequestrado

Que neste momento o motorista do caminhão chegou no local onde os animais foram mortos, ocasião em que o depoente entrevistou o  motorista Josué Edinaldo do Nascimento, o qual confirmou que estava conduzindo o caminhão quando foi abordado por cerca de 50 sem terras, dos quais quatro deles portando arma de fogo e arma branca entraram na gabine do caminhão e sob ameaáca obrigaram o motorista a conduzir o veículo em direção a sede, não sabendo informar o depoente como o mesmo conseguiu sair do caminhão. Que depois da entrevista todos se deslocaram até uma área  de pasto onde o caminhão estava abandonado, carregado de palha.

O encontro 

(…) Que no momento em que o depoente e demais repórteres cruzaram com os sem-terras, o depoente teve que sair da estrada para não ser  atropelado pelos sem-terras, ocasião em que um dos sem-terra pegou o equipamento do declarante (câmera digital) e ficou segurando a mesma, enquanto que outros tentavam pegar a filmadora do repórter cinematográfico João Freitas, sendo que um dos sem-terra disse que não eram para pegar pois o João Freitas era “chegado” dele;

No embalo da marcha

Que  os sem-terra em nenhum momento pararam a marcha em direção ao retiro, acrescentando o depoente que todos os repórteres se viram em meio aos sem-terras, tendo acompanhado a caminhada por alguns metros, inclusive os sem-terras impediram  a realização de imagens; (…) Que a cerca de 500 metros da porteira, os sem-terra disseram  para os repórteres que eram para os mesmos tomarem a frente da marcha, tendo entregue o equipamento do declarante e permitido que os demais repórteres filmassem os seguranças da fazenda; que o depoente ainda chegou a ouvir um dos sem-terra dizer que caso os seguranças começassem a atirar, os tiros iriam atingir primeiramente os repórteres; que o depoente ressalta que cerca de 50 metros da porteira a qual estava obstruída por um veículo tipo FIAT, de cor branca, todos os repórteres procuraram sair da linha de frente, tendo o depoente  se deslocado um pouco mais para a direita e atravessado a cerca, momento em que tirou algumas fotos dos sem-terra pulando a cerca, e neste momento passou a ouvir vários disparos, tendo o depoente se deslocado para trás de um dos veículos para se proteger.

Sem cárcere

Que perguntado ao depoente se foi mantido em cárcere privado cercado pelos sem-terras na sede da fazenda, respondeu que não houve cárcere privado, e sim não poderiam sair de carro da fazenda, pos os sem-terra haviam bloqueado a estrada que dá acesso a Pa-150, assim como não existia mais vôos. Que perguntado ao depoente se havia um outro meio de saída da fazenda, respondeu que haviam estradas vicinais que dão acesso ao Estado do Tocantins, no entanto, o trajeto se tornara inviável.

 

   Nota do blog: Edinaldo conta que não retornou no  mesmo dia do conflito a Marabá de avião em razão da aeronave ter partido lotada, transportando o cinegrafista Felipe Almeida, um segurança ferido e um sem-terra – também ferido.  Ele retornaria a Marabá dia seguinte (19/04), por volta de 14:30 hs, juntamente com o restante dos repórteres e a advogada Brenda Santis.