Acabo de receber um artigo do jornalista Rocha Neto (Correio do Pará) sobre os indicadores sócio-econômicos do possível estado do Carajás. No artigo contei dois indicadores, o populacional e o do rebanho bovino. O resto, infelizmente, é pura bucha, como dizem os acreanos. Descreve a salvação e futuro do possível estado através do tripé: agropecuária, indústria florestal e exploração mineral.
A agropecuária naquela região é, em alguns momentos, extraordinária, com pecuaristas sérios, caso do Luciano Guedes, investindo na intensificação da criação, melhoramento do rebanho e tecnologia. Mas, é fato que a agropecuária do sul e sudeste do Pará ainda tem um longo percurso a percorrer para acabar com seus passivos ambientais e sociais, como o respeito à reserva legal, trabalho escravo, blá, blá…
O setor florestal descrito no artigo é um conto da carochinha. O Ibama acaba de realizar a “Operação Tupare” em Pacajá, Novo Repartimento e Tucuruí, na qual:

“19 autos de infração foram lavrados, gerando 3.281.562,80 em multas pelos ilícitos ambientais. Foram apreendidos 2.878,016 m³ de madeira em tora, 04 tratores, 08 motoserras, 2 armas de fogo e 1 motobomba. Somente em Novo repartimento, 11 serrarias foram embargadas por diversas irregularidades e tiveram suas máquinas lacradas.”

Assim, ainda é difícil acreditar em madeireiros conscientes, independentes da exploração predatória e com consideráveis áreas de reflorestamento visando o setor externo e as gulosas guseiras.
Quanto à exploração mineral, acredito ainda sermos uma simples colônia de envio de matéria bruta para o exterior, como era feito há 500 anos atrás. Quem sabe meus bisnetos verão uma montadora em Marabá, nem que seja de bicicletas. A coisa é tão “colonial” que bastou os órgãos ambientais apertarem um pouco a rosca para o setor guseiro predatório espernear. A Vale, vendo que a mancha se aproximava de seus enormes buracos, acaba de dar mais uma volta na rosca. A diferença é que para as guseiras a mão da Vale tem mais força que a mão do governo.
Até que dava para levar mais a sério se o povo que defende a divisão colocasse o pé no chão e abandonasse o discurso de futurologia salvática. É bom lembrar que no campo não há só pecuaristas e que na floresta que ainda resta não há só madeireiro. Portanto, é preciso olhar além do tripé.

Artigo acima é a visão crítica de Marky Brito, postado no Papa Chibé , preocupado com a discussão em torno da criação dos Estados do Tapajós e Carajás.