Bia, inteligente alma a dar start aos blogues amazônicos com seus comentários pontuais, faz considerações irretocáveis no blog Quaradouro a respeito da discussão secular de utilização da Amazônia como fonte de vida do Homem e da Natureza. Inspirada no conteúdo de uma seqüência de post, Bia corta, sem usar motoserra, a lógica da floresta pela floresta, lembrando do suspiro de homens, mulheres, meninos e velhos -, nascidos entre antas, jacus e jacás.
Sem permissão dela, ouso reproduzir a seguir o comentário de Bia.

“Ademir, sobre este tópico e os outros abaixo, há anos observo que ingenuamente aceitamos que a Amazonia passasse a ser uma “grife” que pausteriza todas as diferenças que existem debaixo das árvores. Dos nossos intelectuais, o Lúcio Flávio merece uma honrosa ressalva. Mas, vou em frente.Primeiro, aceitamos que a Amazônia passasse a ser defendida pelos novos centuriões como se fosse a nova Atlântida – conheça antes que acabe… – e que o Brasil e o mundo continuem a ingnorar que por baixo do idílico tapete verde existem o Pará, o Amazonas, o Acre, o Amapá, etc. com pendências históricoas e demandas diversas e não uma homogênica realidade/ficção.Depois, aceitamos, emocionados, o “lúdico” rótulo de povos da floresta, o que além de confundir castanheiros, seringueiros, pescadores como se ser extrativista fosse a mesminha coisa para todos, fica automaticamente desconsiderado que aqui há também outros “povos”: assentados, os carvoeiros, os garimpeiros e uma grande população urbana, com jovens que a duras penas tiveram acesso ao ensino superior, por exemplo, que não há alternativa para que exercitem o seu saber ou o seu aprendizado, pois as “almas amáveis e sensíveis” nos confundem, a todos, com o boto, o sapo cururú e a matinta-perera. Aquilo que deveria ter sido uma bandeira unitária para fortalecer- a Amazônia – acabou sendo uma lona, um toldo que sufoca nossas diferenças, ao invés de ressaltá-las e valorizá-las.Um abraço grande e considere isto um desabafo confuso de um amanhecer idem.”