Em quase toda aldeia, a população indígena, em sua maioria, é formada por mulheres.

Mulheres e crianças. Muitas crianças.

Com o avanço da informação, agora invadindo as nações indígenas através da Internet, o nível de entendimento dos direitos da mulher silvícola ganhou tonificação.

Como também cresce os casos de violência contra o gênero feminino.

Agora, em duas frentes, a voz da índia brasileira ecoa pedindo urgência na demarcação das terras indígenas, bem como guerreia contra a violência.

A violência contra a mulher indígena é diferente da violência de uma mulher comum, mas criminosa tanto quanto.

A cultura é diferente, não tem como colocar junto. Precisa de uma especificidade.

Violência contra a mulher indígena não é só sexista, é mais ainda contra uma etnia

A Funai tem procurado realizar encontros para esclarecer os homens indígenas sobre a Lei Maria da Penha, como forma de prevenção contra a violência que recai sobre as mulheres indígenas.

Em muitas aldeias brasileiras, o nível de conscientização da mulher indígena ganha proporções extraordinárias.

Elas já dizem estar cansadas de esperar pela “nossa terra”, que lhes é sagrada.

No Pará, que tem se notabilizado pela corrupção nas esferas do poder executivo e legislativo,  no INCRA,  pela inoperância das políticas com relação aos povos indígenas, o Dia do Índio deveria ser visto mais como O Dia da Índia – certamente as criaturas mais oprimidas de todas as indígenas brasileiras, vítimas do alcoolismo – mas que ainda não conseguiram compreender a extensão de todas suas mazelas, com o mínimo de organização para empreender lutas contra o tipo de políticas que desrespeitem seus direitos e suas vidas.

Guerreiras inofensivas para fazer frente ao sistema e estrutura de violência e morte..

O dia 19 de abril deveria perpetuar  a memória de tantas “Marias” silvícolas, que no silencio e anonimato  sonham em gestar e construir um país mais cheio de ternura e de fortaleza.

Mulheres guerreiras, sim, mas ainda “inofensivas” na batalha  por seus direitos, para resistir a favor da esperança de que outro mundo é possível, mais justo e solidário.

Enquanto as mulheres índias de aldeias de outros Estados vislumbram lutas até contra a aplicação de agrotóxicos em terras próximas às suas reservas, as nossas índias paraenses ignoram seus direitos alimentares.

Neste Dia do Índio, a data não deve ser apenas lembrada.

É preciso um ato de afirmação pelos direitos da mulher violentada nas aldeias, sumariamente rejeitadas em sua essência existencial.

O blog se expressa em nome das mulheres Kayapó, Aparai, Araweté, Wayana,  Asuriní, Wai-Wai , Arara – cujas fêmeas usam, como roupa, uma espécie de cinto chamado uluri (foto abaixo),  feito de entrecasca de árvore – para sinalizar a indisponibilidade, enquanto usam o cinto, para o ato sexual -, e a aproximação só acontece quando ela o retira.

No Dia do Índio, as índias – em primeiro lugar.