Amava as mulheres: brancas, negras, amarelas. Não importava.

Só valia ser mulher para merecer seus “traços” e abraços.

Contagiado pela alegria natural de nordestino, era do samba. E do forró.

Homem do mundo de todos os sons, o batuque da zabumba lhe enfeitiçava muito mais.

Dançava xote como ninguém. E amava saber que as pessoas sabiam ser exímio dançarino nos salões de terra batida nas noites enluaradas do sertão maranhense.

Aos 20 anos, veio ao Pará e ficou, transformando-se em “cidadão paraense” por tempo de casa.

Todos os dez filhos de Paulo Vinhas Lima nasceram no Pará, entre eles, o mais conhecido da prole, o publicitário Glauco Lima. Que amava o pai, que amava o filho que tinha cuidados especiais com Paulo -, principalmente nos últimos meses quando a saúde deste passou a exigir mais atenção.

Paulo Vinhas e Glauco só divergiam num lance.

O pai, remista doente. O filho, torcedor do Passandu sem igual. A paixão oposta de ambos no futebol era do tamanho da paixão que os dois nutriam um pelo outro.

Conheci Glauco há seis anos em Parauapebas, apresentado pela Bel Mesquita, então prefeita do município.

De lá pra cá, não apenas passamos a realizar alguns trabalhos juntos, como nos transformamos em amigos verdadeiros.

Gosto muito do Glauco, como figura humana extraordinária, doce, atenciosa e o mais criativo publicitário do Pará.

Nesta manhã de terça-feira de carnaval, fui despertado pela minha filha Sílvia comunicando a morte do pai do meu grande amigo.

Quebro meu descanso momesco para deixar esse sentimento registrado.

Aos 72 anos, Paulo Vinhas Lima se vai. No dia em que ele adorava sair pelas ruas de Belém, tomando uma aqui e acolá, totalmente entregue aos encantos da alegria do carnaval.

Minha solidariedade, Glauco. Do coração.