Na Assembleia Legislativa, todo culpado é inocente até com prova em contrário. Vem daí que, apesar de ninguém admitir, respira-se nos corredores da AL do Pará um cheiro de acórdão. Algo na seguinte linha: ‘não cutuque os meus que eu livro os teus’.

Arma-se uma pantomima.

Das principais cabeças suspeitas de comandar roubalheiras descobertas até agora, dois caciques pertencem ao PSDB e PMDB, que logo-logo devem ser tirados da linha de tiro e correm o risco de, ao fim e ao cabo, não terem nada a ver com o babado:  Mário Couto e Domingos Juvenil.

Para a não consolidação da CPI da Roubalheira, os argumentos são os mais escalafobéticos.

Há até aqueles revoltados porque o MP e a PC invadiram as dependências da AL para fisgar documentos comprometedores. Ora, se não fossem comprometedores, os ilustres deputados não se sentiriam ameaçados pela “invasão” do poder legislativo.

O problema, dizem uns conhecedores das bandalheiras legislativas paraenses, é que tem mais deputados com identidades não reveladas que beliscaram uma mesadinha mirradinha de trocados nas fraudes de folha de pagamento. Um crimezinho que, por pequenininho, não merece ser punido com a guilhotina.

Por analogia, poder-se-ia argumentar que o matador de um anão é menos criminoso do que o assassino de um gigante.

Mantenha os olhos abertos, caro leitor. Do jeito que a coisa caminha, entre uma piscadela e outra, você pode se dar conta de que o mega-escândalo que sacudiu o Pará e está indignando a população terá resultado em outro escândalo: no passar da régua, ninguém ser culpado de nada, só mesmo os servidores já identificados.

Até o momento, dos diversos supostos deputados que poderiam já estar acomodados na fila do patíbulo, só dois tiveram as cabeças apartadas do pescoço: Juvenil e Robgol, além do sancho pança do marrento Sérgio Couto, o ex-diretor do Detran, Sérgio Duboc.

Periga ficar nisso.

PS- Nem bem encaminhava a carta de demissão ao governador, Duboc assinava outra obra de seu talentoso portfólio de malinagens.