O poster não acreditou quando chegou a Marabá de viagem e lhe disseram da programação de um bingo de eletrodomésticos destinado a arrecadar fundos para tonificar o movimento Pró-Estado do Carajás. De repente, veio à memória os atos de “filantropia” comumente realizados nas tardes de domingo -,voltados para enriquecer profissionais desses bingos mambembes do que para beneficiar propriamente as instituições de caridade. Traços de contravenção em praça pública sob o beneplácito das autoridades, muitas delas chegadas também a marcar presença na fezinha de arrebatar um dos prêmios.
Quando um movimento de expressão política construído na expectativa de se dividir um Estado passa a depender de atos reles, definitivamente a anarquia se instaurou ou o processo emancipacionista não passa mesmo de um jogo de politicagem da pior espécie. Historicamente, o que agrega forças ao movimento é a leveza de gestos e a crença dos setores produtivos de que devem investir na organização de suas campanhas.
O bingo de domingo, vergonhosamente apoiado por menos de 6 mil pessoas (o povo sente no ar o cheiro de perfume de terceira categoria), é a prova de que não há nenhuma estrutura pujante capaz de resguardar o fôlego desse ideal.