Enquanto a chuva caía quietinha, a noite toda, sem fazer alarde, o som macio sobre telhados adocicava o sono. Mistura de querer dormir e, ao mesmo tempo, resistir um pouco mais sob lençol, ouvindo o barulho da água caindo.

Lânguido e indolente, o som de gotas d’água no encontro com a terra reaviva na memória tempos antigos que nem sei por onde andam.

Foi assim, sem trovões nem raios, a chuva da madrugada do Sábado de Páscoa.

São 10 horas. O Sol ainda não saiu. Quem sabe, esticou o sono embalado pelo som macio da chuva a molhar – sem fazer alarde – a cidade.

À noite toda, mansa e tímida.