No rol de considerações ao post Atendimento ao migrante, destacamos resposta de comentarista anônimo ao leitor André Ribeiro:

Engraçado é que dizem que Marabá terá o dobro de habitantes, isso em breve. Fico me perguntando de onde é que eles virão, se serão gerados todos aqui ou se serão vindos da Europa?

Ou é verdade ou é mentira sobre explosão demográfica para os próximos anos.

Se for verdade, é melhor a cidade sair fora dessa projeção, já que ela não tem condições de atender aos 200 mil moradores, dirá a 400 mil.

André Ribeiro, você é nascido em Marabá, como bem diz. E seus pais e avós, também nasceram por essas paragens ou foram no passado migrantes, como são alguns dos morades que temos aqui nessa cidade? Eu por exemplo não nasci aqui, moro aqui há 30 anos. Já vi gente vindo e voltando, como também já vi filhos de Marabá indo morar, trabalhar, estudar e vadiar em outras paragens, coisa normal num país de dimensões continentais e que todos seus nascidos são de cidadania brasileira. Podem ir e vir a vontade, tanto os daqui como os de lá.

Posso citar como exemplo de vadiagem a dois marabaenses que foram mortos não faz tanto tempo lá em Goiânia. Foi durante um assalto que os mesmos promoviam por lá.

É complicada a situação, eu sei. Mas não é querendo ver os migrantes pelas costas que a coisa será resolvida.

Quanto a invasão dos maranhenses, que me parece você não gosta e deve ter seus motivos, os quais respeito, mas que diante da sua ira quanto a isso, quero dizer que eles estão aqui nessa região bem antes, talvez, de seus avós nascerem. Me parece que vieram servindo de guia aos desbravadores. Já ouviu falar dos desbravadores?

Marechal Rondon, segundo ouvi dizer, chegou-se ao Imperador e disse-lhe da necessidade do Brasil conhecer suas fronteiras e as delimitar dentro da região amazônica. O Imperador concordou e deu-lhe carta branca para a missão. Então ele passou a juntar pessoas para isso. Mas ninguém queria largar o bem bom da Corte para vir para o fim do mundo. Segundo dizem, ele viu nos maranhenses as pessoas mais próximas e talvez conhecedoras da região, talvez pensou isso pela proximidade com a região Norte. O certo é que ele recrutou a força a essas pessoas e os obrigou – isso a História não registra pois é vergonhoso – a fazerem a abertura do caminho.

Creio que os caras vieram nessa circunstância para a região amazônica, e chegando ao fim da missão, isso depois de milhares de mortes pelas mais diversas causas, acredito que tenham concluído que não valia a pena fazer o percurso de volta, então resolveram se estabelecer por essas bandas.

Talvez isso explique, entre outras coisas, a quantidade de cidades fundadas por maranhenses até os meados dos anos 60 nessa região, como também até bem pouco tempo atrás a predominância populacional dos mesmos. Me lembro de uma pesquisa mostrada aqui que retrava a divisão demográfica da população, mas especificamente sobre suas origens.

Depois vieram outros migrantes e deram origens a cidades com nomes oriundos de suas regiões, como por exemplo Parauapebas, mesmo nome de uma cidade mineira.

Se hoje os filhos da cidade atribuem aos maranhenses a mendicância, o roubo, assaltos e toda sorte de crimes e mazelas, pressupõe-se diante disso que a cidade não pariu tais malfeitores, e que todos são de fora.