Até bem pouco tempo,  virava piadinha machista dizer que os homens estão ficando para trás, mas o cenário está cada vez mais nítido neste sentido e é preciso agir sobre ele com o olhar da valorização da diversidade.

E valorizar a diversidade significa gostar de ambientes que sejam tão femininos quanto masculinos.

O que se quer não é a superação de organizações masculinas por organizações femininas, mas aquelas que promovem a cooperação entre homens e mulheres como forma de efetiva construção de algo novo, revolucionário, transformador.

Essa constatação é bem nítida em um município que serpenteia a região do Bico do Papagaio, no Sudeste do Pará.

Lá,  atualmente,  uma mulher desponta de forma avassaladora como futura prefeita  do município de São João do Araguaia..

Em todas as pesquisas, o eleitorado dá indicativos de que tem profundo carinho pela jovem pré-candidata, que lidera  com muita tranquilidade as intenções de voto.

E tudo consequência do trabalho paciente que realiza ao longo dos últimos cinco anos,  conversando com as comunidades,  auscultando  suas necessidades, levando a voz amiga para residências nunca escutadas.

Em São João do Araguaia, Marcellanne Cristina, do PDT, é aquele rosto risonho  conhecido nos quatro cantos, cativando a todos.

“A gente gosta dela porque ela nos escuta. Seja em qualquer época do ano, a Marcellanne passa por aqui – diferente dos outros políticos que sempre nos abandonam depois que se elegem. Ela  é amiga,  e temos certeza de que continuará sendo a mesma pessoa, depois que se eleger prefeita de nosso município”,  declara sua admiração  Maria do Rosário, residente em Apinagés, distrito de SJA.

São João do Araguaia é um município encravado  na junção dos rios Araguaia e Tocantins, com belezas naturais a circundarem sua geografia.

O eleitorado do lugar nunca teve sorte na escolha de suas administrações públicas.

A cada nova eleição, as pífias e vergonhosas gestões dão lugar a novas esperanças que  se esvaem em poucos meses de novos governos.

O exercício do nepotismo durante anos é o responsável direto e claro pelo subdesenvolvimento ao qual o município foi imposto.

Com IDH 0,55,  São João encara a passagem dos anos aprofundando seu povo na miséria e na ausência de novos horizontes.

Só para explica: o IDH é considerado de extrema relevância por medir  o nível de desenvolvimento das cidades em questões básicas como educação, saúde e renda. Tornou-se referência, principalmente por nortear políticas públicas que auxiliem a desenvolver os aspectos ainda carentes de cada município,

O baixíssimo Índice de Desenvolvimento Humano de SJA de apenas 0, 5é é a comprovação científica do retrato das desigualdades aprofundadas a cada novo mandato de prefeito eleito.

“São João do Araguaia é muito desigual, e os avanços não se veem porque nenhum prefeito se preocupa em encarar a qualidade de vida de cada família como prioridade política. Eu pretendo  trabalhar muito essa questão. Nossa comunidade precisa ser tratada com dignidade” diz a pré-candidata   Marcellanne Cristina

E a jovem pré-candidata está coberta de razão.

Quando um município aponta um IDH na faixa de 0,5 ele é profundamente injusto, porque seus governantes não oferecem estudo de qualidade, não lutam pelo oferecimento mínimo de atendimento à saúde básica.

“Nosso subdesenvolvimento se espelha na inexistência de oportunidades de trabalho, não temos água tratada. Ou seja, vivemos uma situação de penúria total há dezenas de anos”,  diz, indignada, Marcellanne.

A pré-candidata a prefeita pelo PDT chega a falar em nova emancipação política do município.

“A História nos mostra que São João do Araguaia, no início do Século XX, liderou um movimento político de anexação do sudeste do Pará ao estado do Goiás,  caso o Governo do Pará não declarasse nossa emancipação,  já que éramos uma vila pertencente ao município de Baião, que se estendia até as  fronteiras de Conceição do Araguaia, englobando também Tucuruí e  Marabá. O povo de São João lutou bravamente até conseguirmos nossa libertação político-administrativa.  Precisamos, de novo, lutar por nossa libertação de certos vícios  de governos e da falta de compromissos que alguns políticos demonstram com suas comunidades” conta Marcellanne.

Antenada com a História de seu município, a pré-candidata a prefeita  narra um dos episódios mais importantes da história política do Pará.

Em 1907, bem distante da sede do município de Baião, cujo território compreendia todo sul do Pará,  o povo da então Vila de São João do Araguaia armou-se para a guerra, liderando um movimento que quase  desencadeou uma guerra civil na região.

A consequência de tais acontecimentos refletiu na organização política regional, com o governo do Pará elevando São João à categoria de cidade, desligando-se de Baião

Marcellane enxerga no episódio um bom exemplo de como a eleição de 15 de novembro pode transformar o futuro de São João do Araguaia.

“Esse é o momento da nossa população dizer que não aceita mais viver sob regimes de total estagnação. Entendo  sermos responsáveis por uma nova emancipação de São João do Araguaia, agora uma emancipação de consciência e de exigência de prioridades que venham  trazer mudanças em nosso forma de governar o município, criando oportunidades aos nossos jovens e ações de inclusão social.  Poucas pessoas sabem que  São João do Araguaia é a segunda mais antiga localidade do sudeste do Pará, sendo somente superada em idade pelo município de Tucuruí. O que temos de antiguidade em nossa História também temos de subdesenvolvimento. Eu quero contribuir, com a ajuda de nossos irmãos, para mudar o curso dessa história”, declara a jovem política.

Indagando a um habitante de São João sobre o juízo de valor que faz de Marcellane, as respostas são várias – porém,  ecoando num mesmo sentido.

Educada, atenciosa, amiga, sincera, verdadeira, são algumas expressões.

O discurso  da pré-candidata está sendo ouvido pelas diferentes formas que naturalmente ela tem a dizer, mas  reproduzindo o que a população precisa ouvir, porque a moça é filha da terra, nasceu  na confluência dos rios Tocantins e Araguaia,, conhecendo profundamente o que cada um sofre e almeja.

 

Talvez São João do Araguaia pretenda agora viver um tempo de delicadeza.

E viver tempos de delicadeza, é  um mundo para o qual as mulheres estão muito mais preparadas.

Antes, elas pareciam querer provar que eram melhores, agora estão explicando como são melhores.

E são melhores mesmo?

Sim, pelo menos Marcellane Cristina tem na ponta da língua os pontos que precisam ser atacados urgentemente, para transformar São João do Araguaia numa terra melhor para se viver.

“O que me deixa preocupada é manusear os dados sócio econômicos  de São João e constatar que a  taxa de mortalidade infantil média na cidade é de 5.88 para 1.000 nascidos vivos. As internações devido a diarreias são de 5.8 para cada 1.000 habitantes. Comparado com todos os municípios do estado, ficamos nas posições 138 de 144 e 53 de 144, respectivamente. Quando comparado a cidades do Brasil todo, essas posições são de 3893 de 5570 e 579 de 5570, respectivamente. Isso é desumano, desalentador”, indigna-se a pré-candidata, expondo dados que o blogueiro em seguida constatou  nos mapas do IBGE.

Realmente, números alarmantes!

São João do Araguaia tem uma população de 14 mil habitantes,  e tantos problemas acumulados ao longos dos últimos 50 anos sob a égide de gestões públicas verdadeiramente calamitosas.

Como fazer para reduzir esses dados tão desumanos? – o blogueiro pergunta.

“É preciso começar a fazer uma gestão humanitária. Começar, pegando do começo mesmo. As soluções vamos encontrando no caminho, com a população nos auxiliando em tudo. Não se justifica dizer que os recursos do município são poucos para fazer frente às demandas. O problema é que nada é priorizado nessa área social. Agora vai ser”, responde Marcellane, na bucha.