Bosco 2

Paulo Bosco Rodrigues Jadão, certamente,  é um desses marabaenses que ainda não recebeu o devido reconhecimento da sociedade pela dedicada vida a tudo o que envolve o município.

Ex-prefeito do município na década de 80, Bosco tem ligações muito fortes não apenas com Marabá, mas com muitos municípios localizados às margens dos rios Tocantins e Araguaia.

Ele vivia nas ribanceiras dos rios, trabalhando como “porco d´água” (*)  das embarcações.

Comerciante segmentado nos negócios de venda de motores marítimos, Rodrigues Jadão conhece a história de Marabá, como poucos.

(Fotos Alex Nery)
(Fotos Alex Nery)

Das coisas da cidade e de sua gente.

Sentar-se ao seu lado, pelo menos alguns minutos, é ganhar o dia, ouvindo estórias e histórias.

Espécie rara viva de memorialista,  a vida da cidade está em sua cabeça assim como conteúdos  armazenados em HDs.

Impressionante como ele recorda de fatos e pessoas, e os trejeitos para contá-los.

Companhia agradável.

Excepcional figura humana.

Quando ocupou o cargo de prefeito, Bosco realizou duas saudáveis intervenções ligadas à cultura:  lançou o livro “Marabá”,  coletânea de textos produzidos pela intelectualidade local sobre a história do município –  atualizada fonte de consultas -; e fundou a Casa da Cultura de Marabá – hoje,  respeitada nacionalmente como instituição de ensino, pesquisa e preservação histórico-ambiental – desempenhando também funções de museu histórico, antropológico e natural.

Jarbas Gonçalves Passarinho, ex-governador do Pará, ex-ministro de Estado -, ao prefaciar o livro “Marabá”, exaltou a importância do ato do então prefeito Bosco Jadão:

“A ideia, ora  posta em prática, de produzir-se um livro que ao mesmo tempo ligue a história passada de Marabá com a sua contemporaneidade, deve-se a Paulo Bosco Rodrigues Jadão,  seu prefeito atual, que com isso demonstra louvável amor pela tradição e forte e acentuado traço telúrico”.

Bosco é assim. Sempre foi assim.

Projeta o futuro lembrando das estrada do passado por onde tiveram que trilhar os homens construtores  deste mundo chamado Marabá.

Pra ele, o futuro depende da preservação (e valorização!)  de nossas histórias.

No livro “Marabá”, Bosco faz uma pequena introdução, ressaltando a importância do ato administrativo de fundação da Casa da Cultura e lançamento da obra:

“A Casa da Cultura é a melhor exteriorização  deste meu sonho, o presente livro o testemunho da sua concretização. A finalidade (das duas obras por ele construídas)  é a de nós colocarmos à altura de poder bem transmitir  uma herança de nobreza e coragem, mais  do que nunca necessária  para sermos dignos continuadores, a fim de que nossa Marabá se torne um paradigma nesta imensa  terra verde-amarela”.

Passados 30 anos  de construção das duas obras históricas, podemos constatar que o jeito visionário de  Bosco  deixou, enquanto prefeito, o município “presenteado” com ferramentas culturais imorredouras, que servirão para todos os futuros como fontes de consultas da nossa história.

Neste dia 17 de janeiro, Bosco completa 80 anos.

Familiares e amigos – que não são poucos -,  estarão saudando a data em torno do aniversariante ilustre.

Este blog, que tem como titular uma pessoa  respeitadora e admiradora da figura humana de Bosco, faz questão de abraçar nosso eterno prefeito, usando uma frase do próprio aniversariante, agora octogenário, para ilustrar seus 80 anos de vida:

-“Cada um tem a idade do seu coração, experiência e fé. É preciso chegar a ela para verificar o quanto jovens realmente somos”.

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Cachoeira(*) – “Porco d’água” era denominação dada aos homens que trabalhavam nos barcos, àquela época, com a missão de  pular  nas cachoeiras com cordas ou cabo de aço, destinadas a serem amarradas em alguma pedra. O cabo segurava o barco, ajudando-o a puxá-lo, rio acima, superando a correnteza do rio. Bosco Jadão se jogou muito vezes nas   corredeiras da cachoeira do Capitariquara (foto), para puxar cabos e embarcações. (Foto extraída do blog do Parsifal)