Um marco na história de Marabá, sudeste do Estado. É dessa forma que a primeira turma para surdos sairá da Universidade do Estado do Pará (Uepa), Campus VIII. Ao todo foram 24 graduados com excelência no curso de Letras Libras, 20 dos quais alunos ouvintes e quatro alunos surdos, que defenderam o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) por meio da Linguagem Brasileira de Sinais (Libras).

Essa comemoração é festejada com dupla motivação, em virtude da proximidade com o Dia Nacional do Surdo, comemorado neste domingo (26) de setembro.

Para o coordenador do curso de Letras Libras da Uepa, professor Ozivan Perdigão Santos, “comemorar esta data com tantos resultados positivos significa uma consquista de visibilidade. Visibilidade da Libras como língua regulamentada, como comunicação e expressão da comunidade surda brasileira”.

Na Uepa, a turma que se forma agora em Marabá foi constituída a partir do primeiro vestibular específico com prova em Libras, realizado na região, em 2017, promovido para atender a uma necessidade.

“O surdo não tinha acesso às provas de Língua Portuguesa escrita, elas apresentavam e ainda apresentam grande impedimento para os surdos cursarem universidade”, afirma o professor Ozivan.

O Curso de Letras Libras tem três turmas em andamento.

Duas delas funcionam em Belém, no Campus I do Centro de Ciências Sociais e Educação, e a terceira está no campus da Uepa em Marabá.

De acordo com a coordenação do curso, o objetivo é formar professores de Libras da Educação Básica, pesquisadores na área de educação de surdos e trazer visibilidade e importância à Libras, além de amparar a comunidade como um todo.

“É de suma importância a universidade contribuir com auxílio de intérpretes de Libras, com projetos de pesquisa e extensão, temos outros pontos para serem ajustados, mas tudo é um processo”, explica o coordenador.

Em Belém, a turma de 2017, que iniciou as atividades no mesmo período que a turma do Campus VIII, também concluiu o curso. Atualmente, em média quatro alunos surdos estão cursando a graduação.

Ainda para este ano está prevista a formatura de 12 discentes ouvintes e de um surdo. Para Ozivan, o sentimento é de satisfação. “Isso mostra o processo de respeito em relação às lutas dos movimentos surdos”, declara.

Pergigão também esclare que “o Letras Libras ofertado pela Uepa não é um curso de Libras vinculado à Educação Especial, e sim um curso para graduar professores de Libras, estabelecendo diálogos com a Linguística e a Literatura e suas interfaces. O que demarca o ensino de Libras é a legalização da Língua de Sinais, a partir da Lei 10.436/2002 e o decreto 5.626/2005”, explica. (Agência Pará)