Marabá respira política, mas não discute ideologias. Discute eficiências administrativas, políticas públicas. Cidade que produz 24 horas.
Guardadas proporções, começa a ter contornos de uma São Bernardo do Norte.
O emprego público, antigamente pontuado como busca preferencial, passa ao largo.
O trabalho privado aqui é visto e sabido, mais do que visto e sabido, é respirado, exercido em sua essência, deglutido no dia a dia.
O município começa a formar uma geração preocupada em se capacitar, fazer cursos, estar antenada com o dia a dia.
Brasileiros de todos os cantos. Brasileiros tementes a Deus. Não importa qual crença. Qual santo.
Nossa Senhora de Nazaré. Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Nossa Senhora das Graças. São Félix. Candomblé. Espíritas. Pastores da Salvação. São Currupião. O escambau. Até na crença, não temos unanimidade. Unânime é o respeito à diversidade, porque somos de origens multifacetadas, falamos várias línguas.
A idéia de José Alencar de transferir a capital para Marabá, embora não seja a solução para o problema, poderia pelo menos mostrar aos dirigentes auto-suficientes do Estado que aqui se vive realmente a multiplicidade produtiva. Só assim poderiam aprender porque a miscigenação faz um bem tão bem a todos nós.
O paraensismo aqui é a liberdade ao alcance de sermos diferentes.
O cenário palaciano do poder, o silêncio sepulcral de fim de semana e algumas pessoas que às vezes ali se aboletam na sombra das suas ações – algumas suspeitas -, de suas políticas tacanhas, de seus grandes e pequenos crimes, dos escombros de suas idéias nada criativas, da falta de amor e vontade de fazer com que essa região, o Estado como organismo universal de gentes , se encontre -, tudo isso poderia desaparecer na imensidão do real, se o poder central sentisse a respiraçào dessa terra mesopotâmica do sol no cantar do galo.