“Embora os homens costumem ferir a minha reputação e eu saiba muito bem quanto o meu nome soa mal aos ouvidos dos mais tolos, orgulho-me de vos dizer que esta Loucura, sim, esta Loucura que estais vendo é a única capaz de alegrar os deuses e os mortais. A prova incontestável do que afirmo está em que não sei que súbita e desusada alegria brilhou no rosto de todos ao aparecer eu diante deste numerosíssimo auditório.” (Erasmo Rotterdam)

A foto de Conceição Oliveira, 50 anos, estampada em capa na edição de ontem (21) do DIÁRIO DO PARÁ, orientando o trânsito louco de Belém, fez ecoar em mim a extensão da grandeza humana presente na conduta modesta de pessoas simples.
Literalmente bela, a foto mostra uma mão segurando apito na boca, óculos assentado à ponta do nariz e gestos ingênuos da outra mão, calejada da sofrida luta pela sobrevivência, ordenando a passagem dos carros.
Duas loucuras sãs em um mesmo corpo: Conceição sobrevive vendendo revistas em Tomé-Açu e tem o hábito de ajudar a organizar o trânsito.