A polícia não tem pistas ainda do criminoso do casal José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, assinados hoje, 24, em Nova Ipixuna, mais precisamente no Assentamento Agroextrativista Praialtapiranheira.
Falando pelo telefone com o poster, investigador da PC disse que uma equipe da polícia havia se deslocado para iniciar as investigações, mas há suspeitas, segundo ele, de que o assassinato tenha sido encomendado por madeireiros da região que vinham sendo incomodados pela militância ambiental das suas vítimas.
Por diversas vezes, Maria do Espírito Santo e Cláudio haviam denunciado ameaças de morte originadas de lideranças madeireiras do município. À frente da associação, o casal estava sempre alertando as autoridades da ação predadora da elite econômica da Nova Ipixuna.
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Atualização às 15:37
O assassinato dos líderes extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo , será investigado pela Polícia Federal, por determinação da presidente Dilma Rousseff.
Maria do Espírito Santo da Silva e José Claudio Ribeiro da Silva, líderes do Projeto Agroextrativista Praialta-Piranheira, foram assassinados na manhã desta terça feira (24), a 50 km do município de Nova Ipixuna, sudeste do Pará, na comunidade de Maçaranduba.
As ameaças contra a vida do casal de extrativistas começaram por volta de 2008. Segundo familiares, desconhecidos rondavam a casa de Maria e José Cláudio, geralmente à noite, disparando tiros para o alto. Algumas vezes, chegaram a alvejar animais da propriedade do casal. O momento das intimidações coincidiu com a denúncia dos líderes extrativistas contra madeireiros da região, que constantemente avançam na área do PAEX, para extrair espécies madeireiras como castanheira, angelim e jatobá.
Para Atanagildo Matos, Diretor da Regional Belém do CNS, a morte de José Cláudio e Maria da Silva é uma perda irreparável. “Eles nos deixam uma lição, que é o ideal dos extrativistas da Amazônia: permitir que o ‘povo da floresta’ possa viver com qualidade, de forma sustentável com o meio ambiente”, diz Matos. “Já estamos em contato com o Ministério Público Federal, Polícia Federal e outras instituições. Apoiaremos fortemente as investigações, para que esse crime não fique impune”, afirma o Diretor do CNS.
Trabalho – Maria e José Cláudio viviam há 24 anos em Nova Ipixuna. Integrantes do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), ONG fundada por Chico Mendes, foram um exemplo para toda a comunidade. Desde que começaram a viver juntos, mostravam que era possível viver em harmonia com a floresta, de forma sustentável. “O terreno deles tinha aproximadamente 20 hectares, mas 80% era área verde preservada”, conta Clara Santos, sobrinha de José Cláudio Silva. “Eles extraíam principalmente óleos de andiroba e castanha, além de outros produtos da floresta para sua subsistência. Graças à iniciativa dos meus tios, atualmente o PAEX Praialta-Piranheira tem um convênio com Laboratório Sócio-Agronômico do Tocantins (LASAT – Universidade Federal do Pará), para produção sustentável de óleos vegetais, para que os moradores possam sustentar-se sem agredir a floresta”, revela Clara.
Assentamento – O Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAEX) Praialta Piranheira situa-se à margem do lago da hidrelétrica de Tucuruí. Foi criado em 1997 e possui atualmente uma área de 22 mil hectares, onde encontram-se aproximadamente 500 famílias. Além do óleos vegetais, o açaí e o cupuaçu, frutas típicas da região, garantem a renda de muitas famílias.
George Hamilton Maranhão Alves
24 de maio de 2011 - 16:01Nesse contexto de votação do novo Código Florestal, notícia ruim para os que pretendem o desmatamento desenfreado.
Quanto ao assassinato, está claro que não foi latrocínio, briga ou algum crime de natureza mais comum. Parece estar mais para execução, a interresse do capital de frente madeireira. É o mais lógico dentro do contexto. A investigação deve começar em cima de madeireiros que avançavam sobre a dita reserva. É a mesma lógica do assassinato da Irmã Dorothy.
Prof. Alan
24 de maio de 2011 - 15:23Saiu agora há pouco no G1 que a presidenta Dilma determinou a investigação do crime pela Polícia Federal (http://glo.bo/iwnecA).
Coincidência ou não, Caro Hiroshi, neste fim de semana, em casa, eu estava escrevendo sobre o episódio do gatilheiro Quintino da Lira (o “matador de cabra safado”), que completou 26 anos de morto este ano.
As décadas passam e essa relação perversa terra X crime não muda no interior do Pará. A causa é a mesm, falta de Estado…
Anônimo
24 de maio de 2011 - 13:08É lamentável e triste que já em maio – quinto mês de governo Jatene II – duas pessoas que lutavam pelo seu quinhão de espaço de sobrevivência e pelo meio ambiente tenham sido executados. Pena que um avanço social tenha ficado para trás. Uma pena que em pleno século XXI, o Pará ainda seja palco desta sangrenta batalha no campo. Pobres desamparados.