A matéria anterior evidenciava a possibilidade de retorno de um setor importante na economia regional.

Para destacar em números: em 2008, ainda sem o reflexo da crise mundial, o setor apresentou números significativos. Sua produção anual de gusa foi de 1.753.488 toneladas. A exportação do período representou um total de impressionantes U$ 898.023.504. Empregos diretos no pico de produção da ordem de 8.000 a 9.500 postos de trabalho (fonte Sindiferpa).

A crise dura até os dias de hoje.

Os números fechados em 2010 demonstram a vertiginosa queda do setor. Sua produção foi de somente 838.613 toneladas. Em produtos exportados chegou a cifra de U$ 374.904.717. Empregos diretos caíram para cerca de 4000 postos (fonte Sindiferpa) – uma significativa perda motivada pela crise.

Citei na ocasião, a iniciativa da ACIM em reivindicar ações entre governo estadual e setor produtivo, na busca por alternativas conjuntas que pudessem encontrar saídas para os gargalos do setor, principalmente os ambientais.

Destaquei a forma extremamente agradável com que a equipe de governo recebeu o setor e a pronta resposta positiva em encontrar equações que restabelecessem a condição de retorno da atividade.

Naturalmente que esse retorno deveria primar pela sustentabilidade ambiental, mais especificamente pela certificação da cadeia do carvão vegetal, elemento responsável pela incidência de pesadas críticas.

Infelizmente, temo que a própria boa vontade do governo estadual encontrará sérios obstáculos.

Na verdade, para alguns problemas, não basta transferir responsabilidades para os órgãos de governo. É vital que o setor produtivo tenha plena compressão das suas próprias responsabilidades.

A preocupação é motivada pela recente matéria do Instituto Observatório Social (www.observatoriosocial.org.br), já citado na matéria anterior.

Em sua publicação de Junho/2011, volta a criticar duramente o segmento, registrando a continuidade de comportamentos que fatalmente poderão limitar a condição de voluntários em ajudar essa atividade produtiva.

Admite a reportagem de Marques Casara e Sergio Vignes: avanços para melhor foram detectados nos últimos sete anos, porém, o problema persiste.

Exemplo: carvoarias que operam dentro da lei sendo usadas como fachada para esconder produção clandestina, trabalhadores em condições análogas à escravidão, sem água potável, sem alojamentos, sem direitos fundamentais, entre outros delitos.

Pior, é que esse comportamento de alguns empresários do setor acaba penalizando aqueles que atuam dentro da legalidade, que respeitam as leis trabalhistas e ambientais, admite a reportagem.

A penalização acontece de diversas formas, dentre elas a produtividade dos ilegais acaba estabelecendo uma concorrência desleal com os legais. Inegável o reflexo direto que sofrerão todos empresários do setor, via pressão internacional como exemplificado na matéria anterior.

Estigmatiza uma atividade que a comunidade respeita e necessita da sua existência de forma saudável, alimentando assim toda uma cadeia produtiva que depende da saúde desse setor.

A íntegra da matéria poderá ser acessada no site informado.

A ACIM (Associação Comercial e Industrial de Marabá) se preocupa com esses tipos de ocorrências. Afinal, a instituição defende o interesse da contínua evolução econômica da cidade e região. Defende o crescimento saudável de todos os setores. Exatamente, em virtude disso, é que a entidade teve a iniciativa de provocar o diálogo com governo e, por conseqüência, estimular ações práticas na tentativa de restabelecimento dessa atividade – gerando, com isso, o restabelecimento de emprego e renda que a comunidade tanto almeja.

Quando o movimento empresarial insiste em alimentar de forma direta ou indireta a cadeia da irregularidade social e ambiental, como o segmento do carvão sem origem legal, na verdade, está comprometendo a atividade daqueles que zelam pela sustentabilidade. Daqueles que compreendem a importância do negócio e sua influência na vida de uma comunidade.

Destaco ser compreensível a limitação do governo em seus esforços para auxiliar o setor guseiro, caso o mesmo não demonstre agressividade na mudança dos seus conceitos de sustentabilidade ou se manifeste contrapondo os argumentos da reportagem com dados e evidências do cumprimento do pacto empresarial estabelecido.

A comunidade anseia por diversificar sua cadeia produtiva, para tanto, esforços não serão poupados nessa direção.

A ACIM estará sempre pronta a ser um elemento de ligação e encaminhamentos.

O conteúdo divulgado pelo Instituto é uma ducha de água fria nas expectativas.

O que a reportagem aponta é a existência de uma luz vermelha no fim do túnel.

 

Texto: Italo Ipojucan, presidente da Associação Comercial e Industrial de Marabá