Já publicamos aqui no blog textos maravilhosos da artista plástica matogrossense  Edileuza Coelho de Oliveira (foto).

Sempre surpreendente!

Hoje, fisguei da rede social de Edileuza essa maravilha abaixo.

Ó, Deus, quanta beleza na “voz” da poesia!

 

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Quando eu era criança, desejava crescer, trabalhar, ganhar meu próprio dinheiro e, acreditem, comprar uma lata de Leite Moça só para mim. Isso, sendo meu pai abastado, com um armazém abarrotado de mercadorias – inclusive caixas e caixas do desejado leite – como entender como funciona a cabeça de uma criança?

E minha memória pescou essa história porque fui abrir agora uma lata de “Leite Moça” e, para não variar, cortei meu dedo. Fiquei olhando para aquele leite misturado ao sangue (tonalidade meio alaranjada) e fiquei pensando no quanto de sangue há de uma criança em seus sonhos: às vezes são tão simples; às vezes impossíveis; mas todos envolvem uma gota de sangue, porque sonhar dói.

Talvez a luz rosa da aurora dissolva todo dia uma gotinha de sangue das crianças que, como eu,  sonhem com coisas tão simples!

Que saudade de ser criança!

Tempo, tempo, meu sangue já derramei, transforma esse leite condensado naquele Leite Moça da infância!

Te dou minha fita amarela que ainda traz o laço que escorregava de meus cabelos quando eu corria atrás das riscas de ouro das abelhas!