Com pouco menos de trinta dias exercendo mandato, o deputado estadual  Dirceu ten Caten já produziu o debate de temas que mexem com o dia a dia da população paraense, entre eles a questão do reajuste da conta de energia elétrica, reforma do Ensino Médio, pedido de  audiência publica para discutir a implantação do Centro Regional de Governo da região sudeste,  descentralização do tratamento de câncer do HOL para o Hospital Regional de Marabá, e criou a Frente Parlamentar de Juventude na Alepa.

Eleito deputado estadual com 32.930 votos pelo Partido dos Trabalhadores, o jovem advogado de 25 anos começa a despontar na política regional espalhando o sopro  da chamada renovação política, buscando ocupar um espaço onde temas relacionados  com a juventude estejam prioritariamente aquartelados em seu discurso.

A criação da Frente Parlamentar da Juventude é uma prova.

Ao blog, Dirceu Caten concedeu entrevista, reproduzida a seguir:

 

Dirceu

Blog- Nem bem sentou em sua cadeira na AL, você passou a defender a discussão de temas importantes para o desenvolvimento regional, entre eles  a reforma do ensino médio e a questão do reajuste da conta de energia elétrica no Pará. O que lhe chama a atenção, por exemplo, no tema Reforma do Ensino Médio?

O ensino médio no estado é uma temática que precisa ser tratada com muita seriedade, pois os dados são alarmantes. O último IDEB apontou o Pará em último lugar na classificação entre todos os entes federados, e o que mais nos chama atenção é que há dois anos atrás o governador lançou o “Pacto pela Educação”, programa que contaria com a participação de capital internacional para melhoria da qualidade da educação no Pará De lá pra cá, porém,  os resultados só decaíram, as escolas estão sucateadas, a metodologia de ensino falida, auto índice de evasão escolar, falta de valorização do professor, as prefeituras estão sendo obrigadas a arcar com os custos do nível médio que é obrigação do estado pra não deixar o município descoberto. Na campanha, debatemos a reforma do ensino médio, e agora, no parlamento, a primeira medida foi lançar um manifesto da bancada, na condição de líder, contra a realidade do nosso ensino médio No  mesmo passo, protocolei um requerimento solicitando a criação de uma comissão de estudos pela reforma do ensino médio no Pará, onde reuniremos os poderes constituídos e os demais atores da educação paraense, no intuito de traçar um diagnóstico da realidade e formatar uma proposta ampla e concreta para mudarmos essa trágica realidade.

Blog –  E quanto aos aumentos da conta de energia elétrica ?

Todos os dias, nós parlamentares somos questionados pelos consumidores que não suportam mais pagar uma conta de energia absurda e que só tem subido Dessa forma, realizamos uma reunião com a Celpa Equatorial pra compreender melhor a problemática e apontar possíveis soluções Como encaminhamento, temos o agendamento de uma grande audiência pública a ser realizada no plenário da Alepa, no dia 10/ de março.  Em Marabá, formamos um fórum de debates com a sociedade civil organizada e, juntamente com o deputado João Chamon, estou organizando uma grande audiência pública a ser realizada em Marabá, no final do mês de março. Diante da situação, tomei algumas medidas no parlamento: protocolei um projeto de lei que reduz o ICMS da conta de energia que hoje é de quase 25%, para  17%, valor cobrado na maioria dos estados brasileiros, o que já baratearia muito o valor da conta de energia aos consumidores paraenses Também dei entrada na solicitação da formação de uma comissão de estudos, pra formatarmos e lutarmos por uma política compensatória pro estado do Pará, que é um dos estados que mais produz energia elétrica no Brasil e que paga uma das contas mais caras também.

Blog- Como você analisa a disposição da Prefeitura de Marabá defender a terceirização dos serviços de água e esgoto do município?  Você é favor ou contra?

Vejo o serviço de fornecimento de água como algo muito delicado, pois trata-se de algo imprescindível pra sobrevivência do ser humano Infelizmente a cobertura desse serviço é pequena, no município de Marabá e de péssima qualidade. Ao meu ver, não estamos diante de um caso de terceirização do serviço ou privatização, pois não é o município quem presta esse serviço, ou seja, ele já é terceirizado pra uma empresa que pertence ao governo do estado, e, com o prazo de concessão vencido,  a prefeitura deseja realizar uma licitação onde todas as empresas que prestam esse serviço possam se habilitar e concorrer, vencendo a que tenha a melhor proposta. Acredito que só temos a ganhar com isso, pois uma água limpa e de qualidade, para atender maior quantidade de munícipes, refletirá em uma cidade com menos problemas de saúde e maior qualidade de vida.

Blog-   A sua eleição teve o engajamento, durante a campanha, de grande parte da juventude regional. Na base de seu mandato, você pretende mesmo ser o “novo” na AL ou acha que isso é apenas “miragem” de quem vê a classe política cada dia mais envolvida em atos de corrupção ?

A juventude abraçou minha campanha porque viu nesse mandato a oportunidade de ter voz e vez no parlamento, pois não temos no nosso estado políticas públicas voltada aos nossos jovens. É uma dívida histórica do poder público estadual com a juventude paraense A maioria dos nossos municípios figura entre os mais violentos do país, segundo o mapa do governo federal Há um verdadeiro extermínio da nossa juventude, faltam políticas voltadas pra geração de emprego, políticas de ressocialização, de combate as drogas e etc…

Na primeira semana no parlamento, criei a frente parlamentar de juventude na Alepa e já realizei duas grandes reuniões com os movimentos sociais que dialogam com a temática no estado. No  dia 12 de março, realizaremos uma grande plenária na Casa pra discutir as diretrizes e objetivos da Frente. Quanto a questão da corrupção, não vejo como um problema atrelado a política, mas algo presente em todos os segmentos da sociedade e em todas as profissões A classe política aparece mais porque é vitrine, Precisamos combater a corrupção em todas as suas formas, mas não a política, já que esta é o maior instrumento de transformação da sociedade, capaz de trazer melhorias pra vida das pessoas.


Blog
Filho de dois experientes políticos do Sul/Sudeste do Estado (ex-deputada Bernadete Caten e o atual vice-prefeito der Marabá, Luiz Carlos Pies), você pretende tocar a carreira independente das orientações da família, criando novo paradigma, ou é difícil desvincular-se dessas raízes?

Naturalmente, temos uma mesma linha ideológica e partidária, mas somos pessoas diferentes. Meu pai e minha mãe não pensam 100% igual, na política. Da mesma forma, tenho minhas visões e minhas convicções próprias! Essas diferenças são positivas, pois nos ajudam a construir diretrizes maduras e coerentes. Desse forma, construiremos de forma coletiva, democrática e participativa o nosso mandato, não só com as contribuições dos meus pais, mas de todos aqueles que fazem parte desse projeto e de toda sociedade que tiver interesse em nos ajudar nessa empreitada.

Blog- Como você analisa a atual administração de Marabá?

Marabá vive um momento de dificuldade, pois os desastres da má gestão que antecedeu a atual ainda surtem afeitos e a cada dia afloram aqueles que ainda não tinham se manifestado Junto a isso, temos o problema que atormenta a maioria das prefeituras que é a redução constante da arrecadação e dos repasses constitucionais. Ainda temos um governo do Estado que não ajuda o município, não faz a sua parte –  na minha visão, um boicote político. A prefeitura tem se esforçado em dar respostas à sociedade e reconhece que não vive um bom momento, mas acredito que com a chegada do verão as obras serão retomadas a todo vapor e viveremos dias melhores. Acredito nesse governo, e meu mandato fará o possível pra contribuir com o nosso município. Protocolei um requerimento solicitando uma audiência pública a ser realizada em Marabá pra discutir a implantação do Centro Regional de Governo da região Sudeste, que foi aprovada na proposta de reforma administrativa do governo do estado, e poderá ser um instrumento importante de aproximação da nossa região com o centro administrativo do governo. Também protocolei uma moção, solicitando a descentralização do tratamento de câncer pro hospital regional de Marabá, pois o Hospital Ofir Loyola,  em Belém, não suporta a demanda de um estado tão grande como o nosso. Lutarei de forma incessante pelos interesses da nossa cidade no parlamento estadual.

Blog- Qual são os parâmetros. em sua visão, que devem nortear o desenvolvimento de Marabá?  Em outras palavras, o que deve ser perseguido, de forma emergencial, como fonte geradoras de emprego de qualidade e renda?

Marabá ainda vive uma ressaca da perda da Alpa e do fechamento das guseiras, tivemos uma grande especulação imobiliária e um crescimento nos investimentos do comércio e logo depois uma grande frustração Acredito que com o início das obras da hidrelétrica inauguraremos um novo momento, de novas oportunidades e crescimento econômico, mas também vejo Marabá com um grande potencial na área da Educação. Temos um grande polo da Unifespa, da Uepa e do IFPA, vários cursos em todas as áreas do conhecimento, além de grandes faculdades da iniciativa privada Acredito que esse setor deveria ser melhor explorado, pois um polo educacional como Marabá pode gerar bons frutos no que tange o desenvolvimento econômico e social.

Blog- Há movimentos entre os setores ligados a base empresarial que defende o incentivo  à criação de polos de soja na região, como mola propulsora de desenvolvimento.  Você acha que esse pode ser um caminho de nosso desenvolvimento?

Acredito que sim, pois o mercado da pecuária, apesar de muito importante, gera poucos empregos e tem uma rentabilidade de longo prazo, já a lavoura agrega mais pessoas e cadeias econômicas no processo produtivo, além de termos várias safras em um curto período de tempo, dependendo das técnicas utilizadas no cultivo da mesma, então, vejo com bons olhos o incentivo a criação desse polo regional.

Blog-   Na cidade, há vozes defendendo a construção de hidrelétrica de Marabá sem a necessidade imediata da construção paralela das eclusas. Para essas pessoas, sem eclusas, toda a produção de soja proveniente do Mato Grosso, pela rodovia, com estocagem em Marabá para embarque nas barcaças, impulsionaria a indústria paralela de esmagamento de grãos – geradora de muito emprego Para essas pessoas, com eclusas imediatas, os produtores de soja investiriam em plantas de esmagamento próximos da área de produção, porque é mais barato, usando em seguida seu escoamento pela hidrovia. Como você vê essa questão?

Não podemos aceitar de forma alguma a construção da hidrelétrica sem as eclusas, pois é algo imprescindível pro desenvolvimento da nossa região Nesse sentido, o deputado (João) Chamon solicitou uma audiência pública em Marabá pra tratar da construção da hidrelétrica Estou com ele nessa batalha, pois será um momento importante pra colocarmos a questão das eclusas em evidencia.

 

Blog- A executiva estadual do PT aprovou moção defendendo o lançamento de candidaturas próprias a prefeito, em 2016, nas cidades polos. Isso  é um indicativo de que o PT de Marabá, que tem seu pai como vice-prefeito, poderá distanciar-se da recandidatura de João Salame?

Nada foi deliberado pelo nosso partido no município, sobre a eleição de 2016. Somos da base do governo municipal e nosso papel é ajudar o prefeito  a fazer um bom trabalho.