A retirada da madeira do reservatório da Hidrelétrica de Tucuruí e os impactos ambientais na Amazônia estão no foco do conto “O Apagador de Floresta”, primeiro livro de ficção do escritor e jornalista Paulo Roberto Ferreira, autor de “Encurralados na Ponte”, lançado ano passado em Belém.
A nova obra revela um tal de Bellini, personagem desesperado para se livrar do seu instrumento de destruição, a motosserra, após ter eliminado do mapa imensas áreas de florestas em todos os continentes.
O conto tem o ritmo acelerado e deriva da experiência do autor, que tem uma trajetória de grandes coberturas jornalísticas sobre os mais diversos problemas da Amazônia – do desmatamento ao conflito agrário que, “a rigor, se entrelaçam; um brota do outro, numa miríade de fatos muitos conhecidos: grilagem, expulsão de colonos – não raro assassinados, trabalho escravo, massacre de índios, garimpo ilegal. E grandes obras, como barragens hidrelétricas. Tudo com origens conhecidas e graves consequências para o homem e o meio ambiente”, diz Paulo Roberto.
Bellini incorpora o personagem típico desses cenários de conflitos que se vive na Amazônia desde séculos, agravadas no período do regime militar, quando a Amazônia foi marcada pelos chamados “grandes projetos, que abriram espaço para desmatadores intimamente ligados às autoridades e organismos governamentais, incluindo órgãos de segurança” – acrescenta o autor.
Conforme a narrativa, Bellini, armado com seu “instrumento de destruição”, foi beneficiado pela ausência de legislação ambiental, o que facilitou sua ação demolidora e desagregadora de ecossistemas.
A história de Bellini é só um pequeno recorte do “cenário de ferro e fogo que fere a Amazônia”. O conto relata também as relações de “negócio” com militares e o recrutamento de trabalhadores pelos “gatos”.
Um dossiê também usado como instrumento de pressão e uma misteriosa capa de violoncelo são alguns dos elementos da ficção que trafegam ainda pela Mata Atlântica, berço e laboratório do personagem, países amazônicos e outros dos demais continentes.
Trazida para a atualidade, a obra acaba alertando para o momento crítico que o país atravessa no campo do meio ambiente, e que reforça personagens muito parecidos com o “apagador de floresta”.
O livro, ricamente ilustrado com desenhos do artista plástico Paulo Emmanuel, chegará ao público pela editora Paka-Tatu, que promoverá uma sessão de autógrafo às 18 horas do dia 12 de março,
Serviço
Sessão de autógrafos: 12/03/20 (quinta-feira)
Local: Livraria Paka-Tatu
Endereço: Rua Bernal do Couto, 785 – Umarizal, em Belém.