O rumor desenfreado do Twitter impressiona. No Brasil, em um mês, quase dois milhões de usuários únicos registraram perfis no site, acusa dados do Ibope Nielsen Online. Os números podem ser raquíticos diante do gigantismo da Internet, mas sinaliza o crescimento vertiginoso da revolucionária forma de comunicação.

Desenhado para enviar mensagens rápidas de até 140 caracteres, o serviço do Twitter é mais uma pandemia digital à disposição da humanidade com suas inevitáveis consequências ao imobilismo da antiga mídia impressa.

Empedernido apaixonado pelos noticiários em papiro com suas tintas frescas a sujar nossas mãos ainda cedinho em casa, cada dia mais me convenço de que essa fase está chegando ao fim.

Não existe escapatória. A tendência é desaparecerem mesmo. Inda mais quando constatamos a falta de esforços para que jornais e revistas evoluam num processo de modernização capaz de campear a concorrência da notícia up-to-date.

O declínio começa sempre pelo bolso. E nos últimos dois anos, jornais de tradição no mundo inteiro passaram a perder popularidade e receita em progressão preocupante. O lucro deles passou a migrar para a mídia digital.

Quem despertou mais cedo e entendeu a inevitabilidade da informação online, passou a usar a Internet como aliada, disponibilizando suas edições diárias ao toque simples do mouse. Só que esse processo não está sendo suficiente para transformar em dinheiro o que eles ganham há décadas no meio impresso. Ou pelo menos manter a lucratividade.

Em diversos congressos organizados pelo meio, vem sendo lembrado que historicamente as velhas mídias nunca foram eliminadas pelas novas. Foi assim com o rádio, cinema e a própria TV aberta. Há até aquela máxima de que a TV fez o rádio e o cinema se transformarem para não morrer.

Quando o rádio entendeu a receita vencida das novelas, passou a usar a música, a opinião e a noticia como aura de sua magia.

O cinema está ai buscando se modernizar através de novas tecnologias.

Mas também há um fato a ser lembrado.

O invento de Gutemberg fez da imprensa a responsável pelo desemprego geral de escribas que copiavam Bíblias à mão. O mesmo movimento ocorre atualmente com a demissão, pelos jornais, de número preocupante de repórteres. Há jornalistas de mais num universo globalizado.

Entre consultores contratados de empresas jornalísticas impressas para indicar caminhos seguros ao enfrentamento da crise provocada pela concorrência da Internet, cresce a tendência de que a saída para a informação no papel é produzir conteúdo inédito. E isso já começou a ser formatado nos Estados Unidos, país que registra o maior número de empresas jornalísticas fechadas pelo impacto da web – e, em conseqüência disso, onde se analisa com maior profundidade o futuro dos negócios de jornais e revistas

O procedimento, além de lógico e inteligente, pode soerguer a notícia impressa em fonte geradora de admissão de jornalistas colocados ao olho da rua nos últimos dez anos.

Com o advento dos canais de busca da Internet, ficou mais cômodo para a maioria dos títulos de informação substituir seus talentosos jornalistas produtores de conteúdo de qualidade por repórteres “pesquisadores”. A utilização do Google propicia a descoberta de milhares de tópicos sobre um mesmo assunto. Ou seja, percentual mínimo do que se busca é original. A grande maioria, uma salada repetitiva.

Os jornais que passaram a comprar das agencias de notícias conteúdo barato são exatamente os que mais sofrem.

Fizeram o percurso invertido: quanto mais perdiam clientes, mais pioravam o produto produzido.

Só haverá espaço, no futuro, para a velha mídia impressa escapar, oferecendo conteúdo original. Isso poderá transformar os jornais em verdadeiros centros de inteligência, com o talentoso jornalista voltando a ter vez nas redações.

Textos inéditos, opiniões abalizadas, no dia seguinte serão encontradas nas edições de papel, e online, com os canais de busca tipo Google disponibilizando escoadouro para apenas uma história – ao invés de milhares de citações sobre um mesmo assunto como se vê hoje.

Depender quase que exclusivamente das agências de notícias, esse será suicídio maior.

Conteúdo único e original, o caminho é este.