Agora pela manhã, na Estação das Docas, em Belém, participando de evento natalino, governador Simão Jatene falou à imprensa sobre o pedido de abertura de impedimento da presidente Dilma Roussef.

Resumo da entrevista:

 

 

Processo de Impeachment

“O processo em sí, se ele segue os ritos que a constituição define, não deve assustar ninguém. Agora me preocupa é como a política deixou de ser um elemento para resolver problemas para ser um elemento que cria problemas para a sociedade. Isso é uma coisa de doido, porque a política existe para resolver e não para criar problemas. Precisampos fazer um esforço coletivo para devolver o Brasil para os brasileiros, não de corporações, não de grupos”.

 

Não se deve comemorar afastamento de presidente

“Eu quero lamentar o fato do país ter chegado aonde chegou. Eu não consigo imaginar que alguém possa estar feliz com o Brasil que nós estamos vivendo. Seja de situação, seja de oposição, seja do partido A, seja do partido B, seja empresário, trabalhador, professor…   quem me disser que está feliz com este quadro eu te diria que tenho que lamentar a percepção”.

“Eu tenho um desejo de que isto tudo que estamos vivendo, passando, nos sirva a refletir e nos repensarmos enquanto gente, enquanto povo. Nós tratamos a transgressão carinhosamente como jeitinho. O que que é o jeitinho brasileiro que muitos se vangloriam? É a transgressão, é o erro, é a violação da lei”.

Acordos políticos

“Mais do que o fato em sí (do pedido de impeachment), o que me preocupa são alguns componentes que integram este processo todo. Um deles é este debate do troca-troca, ‘se eu for tu vais também, eu não vou sozinho’. É esta coisa que eu acho dramática. Não é o fato de que, se alguém cometeu um erro, tem que ser apurado e pagar por esse erro. Ista eu acho que é uma coisa que deve ser tratada de forma normal pela sociedade. Os poderes da república assustam o povo inteiro, mas eu acho que (é preciso) tratar isto com a seriedade que a questão requer, sim. O que me preocupa, insisto, é você ver um cenário onde parece que as pessoas querem se livrar”,

Crescimento negativo
“A discussão no Brasil hoje é ‘como é que salva Fulano, como é que salva Beltrano, como é que salva o partido A, como é que salva o partido B’, e ninguém discute como é que salva o Brasil. Estamos em um ano que perdemos, com crescimento negativo, e aí vamos discutir aumento real de salário com crescimento negativo do PIB. Como é que estas coisas acontecem? Isto não está certo. Já todo mundo está esperando que em 2016 teremos crescimento negativo.  Estamos adianto para 2017 a recuperação da economia brasileira. Como economista eu sei o quanto isto já está custando e vai custar para a sociedade”.

“A perda da credibilidade faz com que você não tenha investimento, porque os investidores obviamente ficam todos retraídos. Mas também a falta de credibilidade faz com que o consumo também recue, porque as pessoas começam a ter uma dúvida enorme sobre o dia seguinte.Elas não sabem o que vai acontecer. Na hora que tu tens queda de consumo e investimento a condição do PIB voltar a crescer não existe. O manual mais simples de economia diz isso. Parece uma coisa absolutamente banal, mas sem investimento o crescimento não retorna”.