A crise econômica que o país atravessa, os projetos estaduais e as ações governamentais para 2017 foram alguns dos temas abordados pelo governador Simão Jatene durante café da manhã com membros da imprensa, nesta segunda-feira (5), no Palácio do Governo. No encontro o governador apresentou os principais números da economia nacional e respondeu perguntas dos convidados. FOTO: ANTÔNIO SILVA / AG. PARÁ DATA: 05.12.2016 BELÉM - PARÁ
FOTO: ANTÔNIO SILVA / AG. PARÁ

A crise econômica que o país atravessa, os projetos estaduais e as ações governamentais para 2017 foram alguns dos temas abordados pelo governador Simão Jatene durante café da manhã com membros da imprensa, nesta segunda-feira (5), no Palácio do Governo. No encontro o governador apresentou os principais números da economia nacional e respondeu perguntas dos convidados.

Jatene fez a relação entre o Produto Interno Bruto (PIB) per capta e as despesas governamentais para demonstrar o cenário econômico atual do país e, consequentemente, do Pará, defendendo a importância da promoção de debates sobre a desigualdade regional entre os entes federativos. “O Brasil gastou mais do que arrecadou. Precisou pegar dinheiro emprestado para pagar as despesas extras e se endividou”, explicou o governador, ao destacar que quando se tomam empréstimos para pagar dívidas, isso demonstra que o problema está instalado.

Para que o Brasil saia da “mais séria crise que o país atravessa nos últimos 100 anos”, são necessários o controle dos gastos e mecanismos de preservação e elevação da receita, na opinião de Simão Jatene. Segundo ele, a preocupação do governo é sair da crise sem ocasionar grandes prejuízos para a população, o que não significa a ausência de custos.

“A sociedade vai pagar um custo para sairmos dessa crise, mas o que tenho defendido é que esse custo não pode ser igual para todo mundo e não termine caindo sobre as camadas de renda mais baixa. Aquele que tem mais, tem que pagar o maior custo, e a população que tem menos recurso, tem que pagar menos. É uma ilusão imaginar que alguém vai passar por essa confusão sem pagar um custo. Se todos têm que ter perda, então que se tenha pelo menos uma justiça na distribuição disso, e que aqueles que têm maior renda, paguem o preço maior”, defendeu.

“A crise é profunda, séria e grave. Não por acaso vários Estados estão com salários atrasados e o desemprego atinge um milhão de trabalhadores. Precisamos sair disso, então temos que ter medidas amargas, preservando sempre os que ganham menos”, reiterou Jatene, ao lembrar que a persistência da crise leva ao aumento do desemprego. “Minha preocupação é como pagar os salários dos servidores, porque sei da importância disso para a economia, para a dinâmica da própria sociedade”, afirmou o governador, que acredita que 2017 ainda vai ser um ano difícil.

Controle – Na ocasião foi mostrada uma matéria de veiculação nacional que aponta o Pará como o Estado melhor posicionado na federação com relação ao equilíbrios das contas públicas, porém o governador fez questão de destacar que o Pará também está em crise. “Sempre digo que o Pará está ‘menos pior’ que os outros, mas ele também está na crise e vivendo momentos difíceis. A diferença é que como percebemos isso um pouco antes, fizemos alguns mecanismos de ajuste, de corte, antes da maioria dos Estados, que nos permitiram ter algum recurso, que é o que tem garantido o pagamento de salários em dia”.

Jatene lembrou que o recurso usado para o equilibro das contas não vai durar muito tempo. “A estratégia tomada pela equipe de governo tem um limite, e é por isso que estamos discutindo algumas reformas e mandando para Assembleia Legislativa alguns projetos para que, de um lado, tentem segurar a despesa e de outro, aumentar minimamente a receita”, detalhou Jatene, ao informar  que o Estado optou por tomar medidas impopulares, antes que as contas do Pará chegassem à mesma situação que alguns Estados alcançaram. Para o chefe do Executivo Estadual, a situação econômica só deve dar sinais de melhora no segundo semestre do próximo ano.

“Acredito que esse cenário vai piorar no primeiro semestre, mas depois a gente vai começar a enxergar uma luz no fim do túnel”, analisou o governador. “Queria sugerir a cada um que evite se endividar, de criar a ideia de que pode comprar aquilo que está fora do salário, porque tomar empréstimo para esse tipo de coisa não é uma boa alternativa no momento. Estamos em tempos de mobilizar a sociedade e tomar consciência, porque determinados grupos que dizem defender os interesses da maioria estão defendendo os seus próprios interesses, e a sociedade precisa estar atenta a isso”, alertou.

Custos – A reforma previdenciária é apontada por Jatene como fundamental para o ajuste das contas governamentais. No Pará, por exemplo, o governo estadual precisa aportar R$ 2 bilhões por ano, além da alíquota recolhida do Estado e do servidor, para complementar o pagamento das aposentadorias de 45 mil servidores. Para se ter uma ideia do peso previdenciário nas contas públicas, basta comparar o valor do aporte para pagamento de salários ao valor de investimento anual do governo em benefícios para os oito milhões de paraenses, que é de R$ 1,5 bilhão, recurso inferior às despesas previdenciárias.

“Precisamos mudar o perfil do gasto. Os governos, de um modo geral, por imposição legal, gastam muito em pessoal e em previdência. As camadas que têm remuneração e salários mais altos precisam passar por ajustes, se não nós não vamos sair da crise. Esses ajustes é que vão nos permitir recuperar o investimento, o emprego, que recupera a renda e o consumo, criando um circulo virtuoso do crescimento. Sem o controle de gastos e sem o ajuste na previdência, o Brasil e o Pará não têm futuro”, observou Simão Jatene, que defende maior tributação de grandes fortunas.

Sobre o aumento do desemprego no país, Jatene admitiu que os governos estaduais não podem fazer muito para modificar esse cenário por ser um reflexo da crise nacional. “Nosso esforço é pagar salários. Tem gente que pode questionar o que o salário dos servidores tem haver com isso. Temos que lembrar que os salários se transformam em consumo, que gera negócios, comércio e produção, que gera emprego”, esclareceu o governador. O governo também tem criado incentivos para implantação de novas indústrias, com intuito de gerar mais emprego e renda para a população.

Ao término do encontro o governador agradeceu aos jornalistas, radialistas e apresentadores pela participação e reiterou a importância de levar a informação para a sociedade. “A sociedade precisa, cada vez mais, ter a informação correta, porque sem isso ela não terá condições de defender e de lutar por aquilo que é correto. Uma informação errada pode fazer com que a sociedade tenha um comportamento equivocado”, concluiu o governador sobre a necessidade de todos terem a consciência da crise econômica atual. (Por Dani Filgueiras – Agência Pará)

FOTO: ANTÔNIO SILVA
FOTO: ANTÔNIO SILVA

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Nota do blog: texto abaixo foi extraído do perfil do Facebook da jornalista Franssinete Florenzano, autora de um dos blogs mais acessados do Estado , registrando também o encontro com o governador:

 

Foi o café da manhã mais longo da história do Pará, nem no Círio fluvial dura tanto assim. Às 8:30h o governador Simão Jatene estava a postos recebendo os jornalistas convidados. Os últimos saíram (eu junto) já perto das 14h. Durante todo esse tempo, rolou uma conversa em clima informal, e pudemos, além de perguntar, sugerir, ponderar e até criticar ações. Os blogueiros Jeso Carneiro, de Santarém, e Hiroshi Bogéa, de Marabá, também foram convidados, mas não conseguiram viajar.