Para os botinudos gerais, um texto lindo do jornalista Luis Augusto Símon – conhecido por Menon, aquele do Blog do Menon. sobre o drible que o Neymar tentou dar no zagueirão do Atlético de Bilbao:
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A carretilha ou lambreta de Neymar sobre o beque do Bilbao trouxe à tona novamente algo muito estranho no futebol: a Bíblia dos Botinudos. É uma série de regras que tenta normatizar o futebol. Alguns de seus cânones:
1) Só pode driblar desnecessariamente quando o jogo estiver 0 x 0.
2) Só pode driblar em direção ao gol.
3) Não se pode humilhar o adversário
Não está escrito em lugar nenhum. Mas está sempre nas bocas de goleiros, zagueiros e volantes. Serve para justificar pontapés e agressões.
O interessante é que, no caso do jogo contra o Bilbao, Neymar não desrespeitou o item 2. Se ele passasse pelo zagueiro, ficaria dentro da área, na cara do goleiro. Poderia ter feito um gol genial, marcante, imorredouro através dos séculos. Foi ameaçado e ofendido por ser genial.
O conjunto de regras não escritas, que formam uma espécie de código do boleiro, não pode substituir as regras do futebol. Lá, não há nada que proíba carretilha, lambreta, rolinho, vão de perna, chilena, drible da vaca, chapéu, sombrera, touca….
Se drible não fosse bom, não tinha nome. Desarme tem nome? Desarme faltoso tem nome? Não. Pode chamar de porrada, mesmo.
Um drible como o de Neymar, mesmo que não resulte em gol, traz vantagens para seu time. O adversário fica nervoso, fica exaltado, bate e pode ser expulso. Um árbitro poderia expulsar o zagueiro do Bilbao. E outros companheiros. Eu consideraria injusto, porque não houve porrada, mas que poderia, poderia.
Então, em nome de quê se critica a carretilha de Neymar?
Em nome de uma suposta ética no futebol. Não se pode humilhar alguém. É preciso ser generoso com o rival, é preciso ser nobre quando se está vencendo.
É uma tese. Mas eu prefiro ver falta de nobreza em quem finge uma falta, em quem ofende um companheiro, em quem rouba o povo, como os cartolas estão fazendo.
Não são todos, mas é possível ver pessoas que acham errado o drible de Neymar e jogam atitudes racistas na vala do “o que acontece no campo, fica no campo”.
Amigos, alguém sabe o nome do zagueiro do Bilbao, que levou a carretilha? Pouca gente sabe. Inclusive, o aposto acompanhará a figura por muito tempo. Será conhecido por Fulano, que levou a carretilha de Neymar. Nem levou, mas ficará assim chamado. Talvez até seja bom zagueiro, mas perdeu o direito de ter um nome.
Quanto a mim, não o critico. A humilhação leva a uma reação. Dar um pontapé em resposta a uma carretilha é normal. Cabe ao juiz responder e punir.
Em 1997, fui jogar no gol em um campeonato interno do Lance! Meu time tinha o Maurício Noriega e Gonçalo Jr, um dos grandes textos lá do Estadão. O Adriano Ceolin era um dos focas do Lance! Fingiu que ia chutar, eu caí e ele tocou por cima. Foi um golaço. Ele olhou para mim e deu um sorriso irônico, como O Adriano Ceolin era um dos focas do Lance! Fingiu que ia chutar, eu caí e ele tocou por cima. Foi um golaço. Ele olhou para mim e deu um sorriso irônico, como quem diz ‘vai buscar la dentro”. Eu fui. Busquei, fui atrás dele, chamei e joguei a bola na cara dele.
Sou pereba, sempre fui. Sou botinudo, nunca fui o penúltimo a ser escolhido em um par ou impar.
O que eu não sou é da Corporação dos Perebas. Não sou solidário à classe. Mesmo porque, sempre quis ser Neymar, Garrincha, Canhoteiro…..
Nunca quis ser o pereba que fui.
Océlio Salame
8 de junho de 2015 - 14:04Caro Hiroshi,
Ao ler a reportagem, fã de futebol que sou, lembrei que nos anos 70 existia uma dupla de ataque no Comercial do saudoso Tupi, formada por você e o Paulo Henrique Sampaio, e vc foi o primeiro jogador que vi fazer a tão famosa lambreta, que agora parece invenção do Newmar. Tempo bom do futebol marabaense. Parabéns pelo trabalho no blog.
Abraços, Océlio Salame
Grande Océlio, excelente jogador, também! Sim, eu já fazia “lambreta” (e com 100% de conclusão da jogada) muito antes dessa galera. Tempos bons, garoto. Obrigado pela visita, amigo.
Francisco Sampaio Pacheco
5 de junho de 2015 - 15:17Caro Apinajé,
Como moleque atrevido que fui assim como tantos outros da minha geração, jogar sem ousar driblar não faz nenhum sentido, seja fazendo firula, seja o que for, esses lampejos habilidosos são raízes do futebol brasileiro e precisa existir. Pena que os desajeitados partem para a agressão, pois não há recursos técnico para desarmá-lo. A ausência do futebol moleque foi quem fez o Brasil levar de 7 da Alemanha. Esses técnicos brasileiros podam a criatividade dos nossos jogadores, esses caras acham que sabe, fazendo gestos na lateral do campo, mas não passam de uns mascarados tentando enganar o torcedor. Portanto caro Apinajé, o verdadeiro FUTEBOL, se resume em dribles desconcertantes sim, lançamentos, conjunto e tal. SAUDADE DO MEU FOGÃO a GLORIA DO FUTEBOL BRASILEIRO! 3 COPAS DO MUNDO! Fala sério!
Um abraço.
Apinajé
5 de junho de 2015 - 18:45Beleza Francisco,é questão de opinião,respeito a sua,mas não concordo quando diz que a firula,molecagem levaram a seleção brasileira ao penta campeonato,os três primeiros até pode ser,os outros dois já não o foram,lembra das seleções do Telê?pois é, perderam pra quem?
nunca fui jogador,mas me acho um bom observador. enquanto o talento brasileiro for suprimido pelo marketing exagerado,a maracutaia dos cartolas etc.. viveremos de lembranças do futebol arte,aquele quase amador,do garricha,do pelé,tostão,….o futebol de hoje é negócio,joga quem dá mais lucro,mídia.
Apinajé
3 de junho de 2015 - 13:08se o sr.neymar jogasse a metade do que ele pensa e a imprensa diz que ele joga,tudo bem,o problema é,firula não ganha jogo,oba oba, muito menos,carretilha,olé,chapéu etc…devem ser usados como recurso do jogo,não como instrumento para diminuir o adversário,afinal ele é profissional do esporte e deve se comportar como tal.
se eu fosse ele, pegava como exemplo os alemãs,é, aqueles dos 7X1,eles mesmo podendo fazer 8,10,11,seguraram o ímpeto a fim de preservar seu colegas adversários.