Ao cruzar esquina de Marabá, na tarde de sábado, 12, dei de cara com uma carreata de um grande circo anunciando estréia de sua temporada na cidade.

O Portugal Circo, companhia de imensa estrutura exibindo elefantes, camelos, cavalos e outros animais.

De repente, lembrei do primeiro circo que vivenciei, armado num largo que havia nos fundos do prédio da prefeitura de Marabá (atual Câmara Municipal), e onde muitos anos após se construiu a nossa Catedral.

– Respeitável público! O circo orgulhosamente apresenta o maior espetáculo da Terra: a moto voadora e seus corredores loucos!

Na arquibancada improvisada de madeira (que chamávamos de ‘poleiro’) dessas bem caídas, mambembe, eu olhava o apresentador, e certamente dono do circo, de fraque e cartola(viva Chaplin!), chamando as atrações.

Luz sobre ele.

E entravam palhaços, malabaristas, atiradores de facas, copos, garrafas, e toda sorte de objeto doméstico, macacos e , sensação do espetáculo, o homem-bala!

Ele se apresentou, fazendo cena, entrou num canhão todo enferrujado e… pimba! Deu a impressão de ter ido pelos ares. Nunca mais se teve notícia dele!

Dia seguinte, Marabá não falava de outra coisa.

Sempre tive paixão por Circo.

Gostava de cantar, em minhas noites de boemia, a belíssima canção de Batatinha, O Circo, que Maria Bethânia gravou extraordinariamente:

Todo mundo vai ao circo, menos eu, menos eu.

Como pagar ingresso, se eu não tenho nada?

Fico de fora escutando a gargalhada.

A minha vida é um circo.

Sou acrobata na raça.

Só não posso é ser palhaço,

porque eu vivo sem graça.

Mas infalível mesmo é lembrar de Carequinha. Toda vez que vejo um circo numa cidade, lembro do maior de todos os palhaços.

Na TV, quando ele surgia, pra mim nada mais interessava fora de casa, rolando no mundo. Eu só tinha olhos para ele, com sua voz inconfundível dando conselhos às crianças.

O bom menino não faz xixi na cama

O bom menino não faz malcriação

O bom menino vai sempre à escola

E na escola aprende sempre a lição

Naquela noite inesquecível dos anos 60, veio à memória, o número mais engraçado: um grupo de palhaços loucos, amarrados em camisas-de-força, contando piada para o espectadores. De tão convincentes, os palhaços faziam a platéia acreditar que as piadas eram histórias reais!

O bom de tudo, é que qualquer circo, por mais pé-sujo seja, é sempre itinerante.

Vida na estrada.

– Hoje tem espetáculo?!!!