Dias atrás, no mural do Face, o poster escreveu:
Não peça ao poeta que ele te escreva um verso, porque ele poderá, para sempre, se calar diante de ti.
Faça antes que ele te deseje mostrar seu último poema. Se não houver essa possibilidade, comece a aprender algo sobre isso.
Quando pedes a dedicatória, a lembrança no caderno, as palavras antes do autógrafo, o pensamento engole a sensação – e o coração esfria.
Deixa antes que ele esboce um soneto no guardanapo de papel de tua cabeceira quando ele, sem perceber, estiver em tua casa.
Ao poeta nada se pede.
Porque é de sua boca que sairá o pedido de Redenção por todos nós.
Capitu
16 de março de 2012 - 02:31Esta foi eu que fiz:
Estou aqui…
Do seu lado…
Em todos os lados…
Não me vê…
Mas sente!
Percebe-me, olha-me no pensamento…
Não saio do pensamento…
Desassossego, meu Deus!!!
Tenta me agasalhar na tua rotina…
Suspira, soa, afaga o aperto do peito…
Desiste, insiste em negar.
Me chama de tola…
Me sente por perto…
Capitu
15 de março de 2012 - 08:02Uma arte
A arte de perder não é nenhum mistério;
tantas coisas contêm em si o acidente
de perdê-las, que perder não é nada sério.
Perca um pouquinho a cada dia. Aceite, austero,
a chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério:
lugares, nomes, a escala subseqüente
da viagem não feita. Nada disso é sério.
Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero
lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades lindas. E um império
que era meu, dois rios, e mais um continente.
tenho saudade deles. Mas não é nada sério.
— Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo
que eu amo) não muda nada. Pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser mistério
por muito que pareça (Escreve!) muito sério.
Elizabeth Bishop
Saudade de Marabá
14 de março de 2012 - 18:09Adorei Hiroshi!!! Parabéns…
Motivo
(Cecília Meireles)
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
Maria Oliveira
14 de março de 2012 - 09:54NEM SEMPRE SOU IGUAL
Nem sempre sou igual no que digo e escrevo.
Mudo, mas não mudo muito.
A cor das flores não é a mesma ao sol
De que quando uma nuvem passa
Ou quando entra a noite
E as flores são cor da sombra.
Mas quem olha bem vê que são as mesmas flores.
Por isso quando pareço não concordar comigo,
Reparem bem para mim:
Se estava virado para a direita,
Voltei-me agora para a esquerda,
Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés –
O mesmo sempre, graças ao céu e à terra
E aos meus olhos e ouvidos atentos
E à minha clara simplicidade de alma …
Olhar Feminino
14 de março de 2012 - 09:02Parabéns Hiroshi!
Obrigado, Olhar.