– “Hoje (terça-feira, 17) num momento de muita emoção para mim, por poder estar aqui como governadora, venho pedir desculpas ao povo do Pará”.

A voz embargada de Ana Julia saiu do potente sistema de som ecoando por entre o conjunto de serras que margeiam a Pa-150 subindo sentido leste a Curva do ‘S’, palco da tragédia que nos últimos onze anos enlameou o nome do Estado em todo o mundo. A retratação do governo diante de 6 mil pessoas, segundo cálculos de um oficial da PM, pela morte de 19 pessoas inseridas no cadastro do MST certamente jamais apagará as marcas do genocídio, mas institucionaliza o reconhecimento ao assassínio coletivo praticado por agentes do Estado.
O gesto de humildade do atual governo poderá servir também como bálsamo a acalmar o sentimento de indignação e revolta construído ao longo desses anos, sob a indiferença e impunidade dos verdadeiros algozes responsáveis pela autorização da desastrada operação militar.