Não sei vocês, mas eu nunca gostei do Natal. Acho uma data triste, deprimente.

Nunca escondi de ninguém esse meu desânimo natalino, a vontade de fugir de festinhas de confraternização, amigos secretos, amigos do peito, amigos urso, jingle bells e coisas assim.

Mas como, no fundo, sou um sonhador declarado que ainda se encanta com as pessoas – não quero, jamais, tirar o brilho de quem se entrega às festividades natalinas como o grande carnaval da vida, responsável pela celebração da Luz, que pode ser, também, Nascimento.

Então, como já é Natal, e tudo começa a “acontecer” como se o dia fosse realmente um espírito capaz de interagir no mundo dos mortais, quero deixar meu abraço carinhoso a todos os feicistas – sem que isso seja uma “crônica de Natal”.

As tais crônicas de Natal são sempre repetitivas e redigidas como se tivéssemos que cumprir um ritual, uma obrigação de aludir às festas de fim de ano, com direito enfocar temas como realização de amigo secreto, preço do tender, chester e invenções outras, que fazem a maioria chegar ao réveillon empanzinado, literalmente, de panetones e presentes inúteis.

O que importa, hoje, é perceber um tempo de reconciliação, onde o mundo se confraterniza, solidários uns com os outros.

No embalo, que tal tratarmos de nossas vidas fazendo “faxina” no nosso interior, tirando toda teia do orgulho e o lixo de ressentimentos?

É este o momento de aplicarmos um ISO 9000 na casa. Entenda por “casa”, o que lhe for mais conveniente. Eu gosto de considerar em um sentido amplo.

Casa, além das paredes do apartamento ou de qualquer outra moradia. Todo espaço por onde ando, ensino, aprendo, magoo e sou magoado, perdoo e sou perdoado – ainda que isso possa parecer repetitivo e clichê. Mas a vida é um clichê (olha aí o verso do reverso do clichê de novo!).

Como você faz para repassar o ano? Você analisa mês a mês ou por temporada? Por estação ou por semestre? Tenho certeza de que a maioria das pessoas pensa nos últimos meses; como se no início do ano, tudo não passasse de ensaio e não merecesse a devida atenção. Algo como: “O ano só começa depois do carnaval”. Sendo assim, temos imunidade naqueles meses em que tentamos aliviar o calor e nos proteger dos temporais.

Não dou conselhos, pois para mim de pouco valem. Prefiro o aprendizado na carne. Aquele que cobra um pedacinho a cada vez que quebramos a cara. Entretanto, sábios são aqueles que sabem ouvir e pegam atalhos na vida – no bom sentido – para encontrar… A felicidade? Será isso que procuramos? Que seja. Pense nela, como na casa: em sentido amplo.

Pois bem, esclarecido este ponto em que não estou aconselhando ninguém, direi ao vento: Dezembro está acabando e é hora de limpar a casa.

Jogue fora toda a tralha acumulada neste ano e ponha na estante, bem lustrada, tudo que foi de bom. Prepare sua casa para o novo e ajude aos outros na limpeza, quando terminar a sua.

Mãos à obra, que o tempo é curto.

Feliz Natal, amigos e ledores!