É sabido que a alimentação escolar entrou no rol de preocupações da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), ao apelar a governos  para implementarem medidas em favor da população escolar cujas famílias têm mais dificuldades em acessar alimentos, de modo a fornecer o apoio nutricional que os programas de refeição escolar garantiam antes da crise mundial provocada pelo vírus corona.

Nos municípios cujo calendário escolar voltou a ser presencial, a preocupação em não deixar crianças em sala de aula sem merenda ficou nítida com o retorno do alunado às escolas.

Quase todos os municípios se prepararam para oferecer alimentação nutricional como forma de melhorar a própria qualidade de vida das crianças como tornar o dia a dia nas escolas  melhor possível.

No município de Terra Alta, nordeste do Pará,  essa realidade ainda está distante.

A criançada e jovens voltaram à sala de aula sem que a prefeitura municipal tivesse a responsabilidade de dar assistência aos filhos da terra oferecendo merenda escolar.

A revolta é grande, entre professores, diretores de escolas e pais de alunos.

Nas redes sociais, esta semana, a pressão contra o prefeito Naldo Matos (Psc), eleito em 2020 com 45% dos votos válidos, que parece estar nem aí para a situação.

São dezenas de mensagens de professores e pais de alunois criticando a administração pública.

Liderança política no município, a professora Marly Magno da Rocha Hayashi, da Escola  Inácio Passarinho (foto acima), tambem tomou as dores do alunado, engrossando críticas à gestão municipal.

Em sua rede social, Marly foi taxativa:

 

” Mais uma semana que se encerra e os alunos continuam sem merenda. Indignação me define. Às vésperas do dia do professor e a falta de respeito, empatia e responsabilidade para com nossos alunos é tônica do retorno presencial das aulas. Só para não esquecer: a merenda escolar é municipalizada”.

Oura professora, Maria das Graças, também mencionou a falta de responsabilidade do prefeito, ao não estruturar o setor educacional com os cuidados mínimos na oferta de merenda escolar.

 

“É inaceitável estarmos em sala de aula vendo crianças e adolescentes com fome, porque não há merenda escolar. Ninguém aprende de barriga vazia”, disse, ao telefone, conversando com o blogueiro.

Alcançada também pelo celular, professora Marly Magno comentou a dramática situção da falta de merenda escolar.

“Fato é que, enquanto não se viabiliza efetivamente a solução, as famílias dos alunos, em particular as mães, que são as que mais cuidam dos filhos e ao mesmo tempo as que mais sofrem com a pobreza, o desemprego e o trabalho precário e informal, veem seus gastos aumentarem por terem de prover a alimentação das crianças que antes não entrava no orçamento da casa neste período do ano. Ou seja, além de verem sua renda esvaindo-se diante da crise sanitária que reduziu a circulação de pessoas – e consequentemente limitou as opções de renda –, as mulheres lutam para arcar com um gasto adicional que não cabe nos custos domésticos”, disse Marly.

Marly Magno da Rocha Hayashi esclarece que os educadores ficaram calados até o final desta semana, desde quando começou o calendário de aula presencial (4 de outubro),  aguardando ações da prefeitura municipal. Agora,  relata que não dá mais para ficar no silêncio, enquanto o governo municipal não resolve a situação.

“Os governos, em particular a prefeitura de Terra Alta, precisam ser mais humanos, atentos, ágeis e eficazes nas medidas para reduzir os danos da epidemia às famílias de baixa renda, oferecendo merenda escolar a quem encontra-se numa sala de aula, como nossos jovens de Terra Alta, sob pena de, em curto período de tempo, se aprofundar ainda mais o fosso da desigualdade social que vem piorando em anos recentes. “, finalizou a educadora.