Da mesma forma que articulou cuidadosamente a coligação de partidos que o levaram à prefeitura de Marabá, João Salame usou toda a sua sensibilidade política para agregar lideranças em torno da candidatura de seu irmão, Beto Salame, a deputado federal.

A vitória de Beto Salame,  com mais de 93 mil votos para a Câmara Federal,  reforça a trajetória ascendente de João Salame.

Para garantir a cadeira de deputado federal em Marabá,  Salame articulou de forma meticulosa.

Trouxe para seu lado Asdrúbal Bentes e, de forma habilidosa, convenceu o empresário Italo Ipojucan a não ser candidato.

Não queria divisão de votos em Marabá.

Escapuliu da sua articulação a candidatura do vereador Jose Sidney (PSDB), que teve candidatura estimulada por setores da oposição, para deter a candidatura de Beto Salame.

Com seus 12 mil votos, Sidney quase atrapalha os planos de Marabá ter um deputado federal.

Estrategista, o prefeito  orientou o irmão a concentrar os dois primeiros meses de campanha fora de Marabá.

O resultado foi que em 122 municípios,  Beto fez cerca de 30 mil votos.

E em apenas 18,  fez cerca de 64 mil votos.

Beto Salame teve mais votos que veteranos da política como Elcione Barbalho, Helio Leite, Nelio Aguiar, Ana Julia Carepa, Giovanni Queiroz, Joaquim Passarinho, Gerson Peres, Mario Moreira, Ademir Andrade e Arnaldo Jordy.

Uma campanha articulada com centenas de lideranças, mas com menor estrutura do que as de candidaturas a deputado estadual como João Chamon e Tião Miranda.

Quando era cobrado para gastar mais dinheiro na campanha com estrutura, dizia aos interlocutores:    – “Calma, o que importa é a forca das lideranças que esta ao nosso lado. Isso vai render”.

Depois de passar um primeiro ano de gestão pagando dividas e completamente engessado, nesse segundo ano de governo as obras começam a deslanchar.

Consciente, Salame sabia que nessas eleições ainda não seria o seu melhor ano.

Avalia que em 2015 a situação de seu governo estará ainda melhor.

Mesmo assim saiu como o grande vitorioso das urnas.

Muitos apostavam que seu irmão não teria uma boa votação em Marabá.

Que o deputado Tiao Miranda, mesmo candidato a estadual, teria mais votos nominais que Beto Salame.

Diziam que Helder e Dilma não colocariam uma diferença tão grande votos em Marabá.

Os prognósticos pessimistas em relação à liderança do prefeito não se concretizaram   – mesmo com Beto priorizando a campanha em outros municípios.

Helder teve votação consagradora em Marabá.

Dilma e Paulo Rocha também.

A votação de Beto foi decisiva na cidade e tanto a candidatura de Tião Miranda como a de João Chamon, apesar de vitoriosas, não se impuseram ao ponto de questionar a liderança do prefeito.

Pelo contrario.

Salame flertou com aliados de Miranda e liberou boa parte de seu grupo para apoiar Chamon.

De quebra deu apoio considerável ao grupo político liderado por seu vice, Luis Carlos, para eleger o filho Dirceu ten Caten, deputado estadual.

Salame sai das eleições com um grande cacife político: um deputado federal (Beto Salame) no seu partido e um estadual (Soldado Tercio). Outro estadual pode entrar (Raimundo Belo) após julgadas impugnações.

A todos costuma conclamar: “Temos que construir um projeto coletivo. As elites que comandam a política do estado já se demonstram cansadas perante a opinião publica. Temos que nos preparar para apresentar um projeto alternativo”.

Aos poucos essa cantilena vai conquistando novas mentes.

A votação de Beto Salame é apenas um dos indicativos disso.

Para quem ainda duvidada da liderança de João Salame,  resta aguardar os novos capítulos da política local e estadual.

A conferir.

Beto e João Salame
Beto e João Salame