Qualquer tentativa de entrevistar sobreviventes da Guerrilha do Araguaia deve ser precedida de cuidados especiais.

Primeiro, demonstrar sinceridade sobre os verdadeiros motivos da gravação do depoimento;  comprovar com bons argumentos de que as gravações não serão utilizadas em caráter espetaculoso país afora e, principalmente, utilizar o mínimo de equipamentos na captura de imagens.

Parafernálias de tripés, câmeras profissionais e luzes assustam os nossos já velhinhos, vítimas de torturas da ditadura militar.

As primeiras tentativas de gravações de vídeo, ainda em 2009, utilizando câmeras profissionais e  batalhão de assistentes, foi um fracasso. Ninguém quis falar.

Saída foi usar uma dessas câmeras adquiridas em lojas de informáticas e apenas um microfone, nada mais.

Deu certo.

Ao todo, VídeoV acumula em seu acervo quinze depoimentos de lavradores  que residiam no Bico do Papagaio, no inicio da década de 70, levados de dentro de suas residências por militares e agentes do Serviço Nacional de Informação para dar conta do destino das “pessoas da mata” – como eram conhecidos os jovens guerrilheiros  do PCdoB.

Zé Patrício, um dos entrevistados, foi uma das vítimas da violência -, sem jamais ter visto um dos jovens idealistas que sonhavam em derrubar a ditadura a partir de  insurreições armadas da zona rrual para as cidades.

O acervo será usado na produção de documentário sobre o tema, expondo a  simplicidade da alma humana agredida em sua mais simplória essência.

Vez por outra, reproduziremos, em Fatos Relevantes, alguns dos vídeos ainda não mostrados pelo blog.

Há três anos, postamos aqui depoimentos de alguns torturados.

As revelações de Zé Patrício estão divididas em duas partes.

Ai ao lado, em Fatos Relevantes.