A disposição de um grupo empresarial argelino implantar complexos portuários e agroindustriais em Barcarena e Santarém, contemplando esmagadoras de soja, reforça a tese defendida pelo empresário Divaldo Souza de que, para o desenvolvimento de Marabá, melhor seria a construção da hidrelétrica de Marabá sem eclusas.
Na visão de Souza, Marabá, sem eclusas na barragem, se transformaria num entreposto de soja, criando uma cadeia produtiva em torno do produto.
“Marabá não deveria ter o menor interesse em que se construa eclusa, pois não beneficiaria o município. Com esse modelo, as barcaças com produtos vindos do Mato Grosso e Goiás tirariam Marabá da posição de entreposto comercial e indústria vertical da soja não se instalará aqui, disse numa reunião na Câmara Municipal,. Semana passada.
Sem eclusas, entende Divaldo, Marabá atrairia investidores da área de esmagamento de grãos, como já ocorre em Santarém.
O governador Simão Jatene recebeu na tarde desta sexta-feira (27), na sede do Palácio do Governo, diretores do grupo argelino Cevital, que anunciaram ao governador o propósito de implantação, no Porto de Vila do Conde, no município de Barcarena, e em Santarém, no oeste do Estado, de complexos portuário e agroindustrial, contemplando esmagadoras de soja.
De acordo com o grupo, as obras devem ser realizadas em três anos. “Assim que tivermos as licenças podemos iniciar as obras”, garantiu Adam Iskounen, diretor para Assuntos Internacionais do Grupo Cevital.
Ele anunciou ainda a disposição da empresa em participar de consórcios para viabilização da Fepasa (Ferrovia Paraense), ligando o sul do Pará ao Porto de Barcarena, e numa segunda etapa ao futuro porto de Colares, no nordeste paraense. A autorização para a realização dos estudos de viabilidade da ferrovia foi dada pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme).
Para o governador, o projeto é, sem dúvida, um dos mais importantes para o Estado. “Ele tem a função de integrar a região mais dinâmica do Estado, como porta de entrada e saída. Ele vai pegar o sul do Pará, que está numa crescente produção de grãos e também mineral, o centro do Estado, com a questão mineral, e o norte, que além do minério e dos grãos tem a produção de óleo de palma. Todos serão envolvidos”, afirmou Simão Jatene.
O secretario de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia, Adnan Demachki, que está tratando com o grupo, disse que o empreendimento na área do agronegócio vem ao encontro da verticalização da matéria prima defendida pelo governo estadual, viabilizando a produção de soja nas regioes dos municípios de Paragominas e Santana do Araguaia, além de agregar valor à soja que vem do Mato Grosso.
Também participaram da reunião o secretário de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca, Hildegardo Nunes, e José Severino Filho, presidente da Companhia de Desenvolvimento Econômico do Pará (Codec).
Blog voltará a abordar esse assunto polêmico.
agenor garcia
31 de março de 2015 - 11:14Caro Hiroshi,
Construir a hidroelétrica em Marabá sem eclusas, sob o argumento pouco científico, seja do ponto de vista econômico ou ecológico, é uma temeridade. Não merece de ninguém qualquer tipo de apoio. Esmagar a soja em Marabá significa dar o primeiro passo para a verticalização da commoditie. Seria uma iniciativa excepcional. Surge o farelo, que pode ser utilizado em diversas variantes industriais. Surge o óleo, com possibilidades ainda maiores. Na China, a verticalização da soja resulta em mais de quatrocentos tipos de derivados que geram milhares de produtos e milhares de postos de trabalho.
A não eclusa em Marabá, não significa a chegada desta linha de produção a partir do soja. Esse pensamento não é ancorado em nenhuma tese científica, econômica ou industrial, seja ela de que tipo de cluster possa ela demandar. Por isso a tese de Divaldo não merece ser levada a sério. Sem eclusas, o futuro de áreas produtivas do cerrado tocantino, do Maranhão, Piauí, e das planícies do oeste baiano, estariam condenadas ao retrocesso. Ficariam sem a possibilidade impar do modal hidroviário para transporte de sua vasta produção. Ora, até mesmo Divaldo sabe a diferença do valor do frete de um modal para outro. Como pode, defender assim, irresponsavelmente, a tese da não eclusa? É um crime de lesa natureza bloquear um rio. Ele é de Porecatu-Pr, viu por lá as hidros do Paranapanema, todas sem eclusas, engessar uma das maiores vias de navegação da bacia do Paraná, que demanda o rio da Prata e de uma imensa região, seja ela brasileira, paraguaia ou uruguaia. A tese de Divaldo é nefasta, deve ser discutida e condenada. Se Marabá não tiver eclusa, não significa vitoria desse discurso obscurantista nem de justificativa para a chagada da industria do soja. Não há, neste caso, causa e efeito plausível. Eclusar as vias navegáveis de um rio é garantir a sucessivas gerações os princípios fundamentais de uma coletividade, tais como um meio ambiente sadio e ecologicamente equilibrado e economicamente sustentável a partir de seus recursos naturais renováveis.
Atenciosamente,
Agenor Garcia
Gestor Ambiental
jornalista
especialista em Docência do Ensino Superior.
Apinajé
31 de março de 2015 - 07:52com todo respeito ao sr.Divaldo,não concordo com sua opinião,nem só de soja vive uma cidade,com uma eventual hidroelétrica e uma eventual hidrovia(não creio que se concretize)a região,tenderia se desenvolver de maneira mais qualitativa e mais distribuída evitando o possível inchaço de nosso cidade e suas consequências.
pensar em hidroelétrica sem eclusa, ao meu ver é pensar em um caminho pela metade,é estrada sem ponte,”é o fim da picada”.
em tempo,só pela coragem de expôr sua opinião o sr Divaldo já mereceria meu respeito,é com o debate que se avança,embora não veja a menor possibilidade de realização dessa obra nesse século.