EUGÊNIO ALEGRETTI, Gerente Geral da Unimed Sul do Pará

Eugênio Alegretti, em curso da Fundação Unimed, na Universidade de Ohio (EUA)

Formado em Administração de Empresa, Eugenio Alegretti, 33 anos, é apontado como um dos principais responsáveis pela gestão de resultados implantado na Unimed Sul do Pará nos últimos cinco anos, transformando a cooperativa numa das que mais avançou em competitividade, entre todas as Unimeds do país.
Com passagem pela Secretaria Municipal de Saúde de Marabá, a convite do prefeito Sebastião Miranda, o Gerente Geral da USP permaneceu apenas dois anos dirigindo o órgão público, decidindo pelo seu retorno definitivo ao mercado.
Ele fala sobre a missão que têm à frente da Unimed Sul do Pará:

A referencia de saúde no Sul do Pará na qual se transformou a Unimed pode ser atribuído falência do Sistema Único de Saúde –SUS?
O guarda chuva social que a constituição Brasileira se propõe a oferecer pelo SUS é muito amplo, daí advêm às dificuldades de se colocar isso em prática, quando comparamos nosso SUS com a saúde pública de alguns países de primeiro mundo como os Estados Unidos vemos o quanto estamos adiantados, pode ser que alguns se surpreendam com minha declaração, mas é a realidade, naquele país ou você tem um seguro saúde ou tem muito dinheiro, não há uma terceira opção, a não ser para alguns pequenos grupos como os esquimós do Alasca, alguns índios e alguns veteranos de guerra. Em alguns pontos nosso SUS é referencia no mundo todo, como no caso dos transplantes e da AIDS, tirando inclusive este peso da saúde suplementar, porém acho que a maior deficiência se encontra na Atenção básica a saúde onde tratamos efeitos e não causas, é ai que perdemos feio para os países de primeiro mundo que tem água de qualidade para população e saneamento. A saúde suplementar cumpre hoje importante papel social quando vem oferecer ao mercado uma alternativa ao SUS, através disso aliviamos a demanda pública e ao mesmo tempo oferecemos uma qualidade, tempo de reposta e uma ampla rede que hoje o poder público esta longe de atingir.

A seu ver, o SUS é uma boa concepção de atendimento de saúde?
Vou usar sua pergunta para responder: A Concepção é maravilhosa, o modelo é esse mesmo, não há uma segunda alternativa, é assim que funciona no mundo todo, você hierarquiza o atendimento, começando pelo programa de saúde da família, onde temos o médico generalista que atua na sua comunidade e conhece sua história, atuando em conjunto com programas como imunização, pré natal, planejamento familiar, combate as doenças prevalentes da infância, Hanseniase, tuberculose, farmácia básica, endemias, prevenção do câncer de colo uterino e outros, quando a uma necessidade de intervenção de um especialista, o médico de bairro fará o encaminhamento para uma unidade de referência. No caso dos hospitais temos os pronto atendimentos e as Unidades de média e alta complexidade, que irão estar dispostas em cada Unidade da Federação conforme um planejamento estratégico a ser desenvolvido com a participação de todos os municípios. Este é um resumo da concepção, agora na prática ainda temos um longo caminho a percorrer.

O cooperativismo pode ser a saída para a solução dos problemas de saúde do País?
Antes de responder queria registrar que a lei 9.656/98 que regulamentou o mercado de saúde suplementar, reconhece o setor como integrante do SUS e como o sistema Cooperativista representa hoje quase 50% do mesmo, começamos a compreender sua importância e impacto no sentido de aliviar as pressões do SUS, não tenho dúvidas que o sistema Cooperativista é a maior das alternativas, não ousaria dizer que é a solução, pois já estive em países como a Suiça onde procurei conhecer através das pessoas com quem tive contato e sei que nem num país como este o sistema público é perfeito e ainda faço aqui mais uma ressalva, o sistema Suiço é cobrado, todos pagam para fazerem parte, mas voltando ao cooperativismo, diria que seria hoje a maior válvula de alívio do sistema público, não consigo imaginar a saúde suplementar no Brasil sem o sistema Cooperativista, que por sua filosofia e modus operante, consegue agregar profissionais da área de saúde em torno de objetivos comuns, num sistema onde não temos patrões e empregados, mas sim sócios em relação de trabalho ombro a ombro.

Quantos cooperados a Unimed têm?
No Brasil mais de 100.000 e em no Sul do Pará 125, isto me referindo só a Cooperados, os donos da Unimed, e esse é o grande diferencial que as pessoas precisam entender, no sistema Cooperativista o cliente e atendido pelo dono do negócio. Nesses número não me referi aos médico que possuem relações comerciais através de pessoa jurídica, ai esse número explode.

Qual o papel dos cooperados da USP na definição da estratégia, no apoio à gestão e no monitoramento dos riscos empresariais?
O Cooperado é o dono do negócio, o mais difícil numa Cooperativa é fazer com que todos absorvam este entendimento, a partir do momento que ele se conscientiza disto, ele tende a se portar como proprietário e esta postura terá reflexos importantes na saúde financeira da organização.

Quais foram as principais metas alcançadas até agora pela USP?
Não tenho dúvida que a confiança e o respeito pelo mercado de maneira geral, clientes, concorrentes, entidades de classe e governo, um reflexo disso é que a Unimed Sul do Pará é hoje a terceira Unimed da Região Norte, estando a frente de várias capitais como São Luiz, Terezina, Macapá e outras.

Quantos funcionários a empresa tem atualmente?
80, sem falar na força de vendas que é terceirizada, acredito que é a única operadora de planos de saúde a gerar empregos diretos no Sul do Pará, os outros só tem representantes comerciais e ai esta outro forte diferencial competitivo, a Unimed é “Cara Crachá”, parodiando o Severino, o cliente sabe onde nos encontrar e não precisa ligar para 0800 na região Sudeste para resolver seus problemas.

A Unimed está presente em todos os municípios do Sul do Pará?
Sim, não só presentes com a parte comercial mas como geradores de renda, sendo a USP a maior compradora de serviços médicos de nossa região.

Observa-se na USP agregações tecnológicas que outras não têm, mesmo que não seja exigência da Agência Nacional de Saúde (ANS). Esse setor é o que mais recebe investimentos da diretoria?
A Tecnologia da Informação esta diretamente ligada a saúde financeira da sua empresa não se trata de uma escolha, é uma necessidade, trabalhamos hoje com o melhor banco de dados do planeta, com um sofisticado programa de inteligência de negócios, somos capazes de fazer infinitos cruzamentos de informações para obter o dado que queremos, são programas como este que descobriram por exemplo que em loja de conveniências a cerveja vende mais a noite se estiver perto das fraldas descartáveis, isto por que o programa identificou uma venda casada para país que saiam para comprar fraldas fora de hora e aproveitavam para levar sua cervejinha, na medicina conseguimos detectar padrões de procedimentos, levantar custo e cruzar informações, tudo isso resultado de anos de investimento nesta área.

Qual o significado do movimento da responsabilidade social para a USP?
Entendemos que a responsabilidade social se desdobra além do social em cultura, esporte e responsabilidade sócio ambiental, nessa visão, o Conselho de Administração da Cooperativa, por iniciativa do Presidente, Dr. Jorge Bichara, desenvolveu um leque de ações visando contemplar todo este contexto, além de apoiar entidades como hemopa, associações de moradores, sindicatos, Polícia Militar, Apae e muitos outros, lançamos em 2007 nosso próprio Programa de Responsabilidade Social, o UNIMED VAI A ESCOLA, um projeto com base científica que atende a mais de 1.000 crianças na zona rural da rede pública de ensino do município de Marabá, cuidando da prevenção a saúde bucal dessas crianças, educando, aplicando flúor e fornecendo kits de saúde bucal e kits escolares de qualidade, na parte ambiental apoiamos as atividades da Fundação Zoobotânica de Marabá, na parte cultural temos apoiado alguns artistas locais como o Dauro Remor e o Neviton, além de termos patrocinado o Maraluar, nossa maior manifestação cultural, no esporte a dois anos figuramos como o principal patrocinador do Águia de Marabá, campeão do primeiro turno do Parazão 2008, e tem muito mais, em Parauapebas por exemplo apoiamos recentemente duas grandes campanhas da Prefeitura daquele município, uma de combate a AIDS e outra contra a Hanseniase, tudo isso demonstra o nosso envolvimento na vida da comunidade Sul Paraense, e esse retorno temos sentido todos os dias.

Conceito de responsabilidade social também pode sintetizar valores da medicina e do cooperativismo?
É acima de tudo um dos princípios mundiais do Cooperativismo, o de interessar-se pela vida da comunidade.

Levando em consideração que o seu presidente é um militante ambientalista, inclusive criador da Fundação Zoobotânica de Marabá, a cooperativa pode caminhar no sentido de investir na gestão ambiental?
Como eu já relatei a pouco, a Unimed Sul do Pará já faz isso, apoiamos as ações da FZM que hoje realiza importante trabalho na preservação de nossa flora e fauna, cuidando hoje em torno de 200 animais e de um patrimônio botânico que são as reservas que estão hoje sob sua guarda, uma inclusive dentro da área urbana do município, e aproveito para fazer referencia aqui a luta diária do incansável Dr. Jorge Bichara, que realiza este trabalho fantástico, digo sempre que nosso município tem que agradecer a existência de um homem como ele, são pessoas assim que fazem a diferença em nosso mundo.

O Hospital da Unimed será uma referencia em saúde no Pará?
Sim, ele será o melhor hospital do Sul e Sudeste Paraense, uma estrutura planejada de mais de 15.000 metros quadrados, com média e alta complexidade para que a população Sul Paraense possa se sentir segura.

O senhor sempre diz que quer transformar a USP na melhor prestadora de serviços de saúde do Estado. O que falta para tingir essa meta?
Realmente, nunca escondi isso de míngüem, trabalhamos com Planejamento e sabemos exatamente onde queremos chegar, a Agencia Nacional de Saúde, ANS, tem editado nos últimos anos inúmeras regras para que as operadoras mantenham seus registros, hoje temos boa parte de nosso efetivo voltado para atender estas determinações, sendo assim, a vários processos a serem implantados nos próximo 12 meses, concluída esta etapa iremos nos concentrar em buscar certificações, o que irá padronizar definitivamente todos nossos processos, garantindo assim a nossos clientes o que há de melhor em atendimento e gerenciamento da saúde de sua família e de sua empresa.