É preciso refletir sobre a divulgação, pela Secretaria de Segurança Pública do Maranhão, semana passada, de que foi esclarecido o assassinato do jornalista e blogueiro Décio Sá, morto na orla da capital maranhense.

Ao todo, conforme amplamente noticiado, oito pessoas participaram do crime – entre elas, dois empresários:  Glaúcio e Raimundo Bolinha.

Na narrativa a seguir, observem a natureza dos envolvidos no crime, além dos dois empresários, um oficial da Polícia Militar do Maranhão, subcomandante do Batalhão de Choque da capital, fornecedor da arma calibre .40 usada pelo pistoleiro Jhonathan de Souza Silva.

Empresários  bandidos, aliados a policial bandido.

SSP do Maranhão esclareceu que o  empresário Glaúcio Alencar Pontes, 34, que também é policial e ex-vereador no interior do Maranhão; e o pai dele José de Alencar Miranda Carvalho, 72, foram acusados de serem os mandantes.

O sócio de Gláucio, Raimundo Sales Charles Júnior – conhecido como Junior Bolinha – 38, Fábio Aurélio do Lago Silva, 32, e Airton Martins Monroe, 24, são acusados de agenciar o pistoleiro profissional Jhonathan de Souza Silva, 24, que executou o crime e é acusado de matar outras 49 pessoas no Maranhão e no Pará.

Um policial militar, o capitão Fábio Aurélio Saraiva Silva, que era subcomandante do Batalhão de Choque da PM maranhense, teria fornecido a arma calibre .40 que foi usada no crime também foi preso e ainda há um oitavo acusado, que teria dado fuga ao assassino do jornalista, e que conseguiu fugir.

O crime foi planejado, organizado e executado dentro de um consórcio.

Segundo o secretário de Segurança Pública do Maranhão, o acusado de assassinar Décio Sá tem ligações com outros homicídios. “É importante salientar que essa investigação está apenas começando.

A execução de Décio Sá foi encomendada porque o jornalista sabia do envolvimento de Gláucio com o assassinato do agiota Fábio dos Santos Brasil Filho, de 33 anos, o “Fábio Brasil” – executado no centro de Teresina com três tiros na cabeça.

O agiota teria  contratado Jhonathan para matar Glaúcio, porém como Fábio Brasil não pagou pelo crime, o assassino profissional procurou o empresário que lhe pagou para matar o contratante. Após a execução – e já em São Luís, em uma reunião informal – Sá teria dito a Glaúcio que sabia de seu envolvimento com a execução de Fábio Brasil.

Foi ai que o empresário procurou seu sócio, Júnior Bolinha, e pediu que providenciasse a eliminação do jornalista. Júnior Bolinha, também tinha contas a acertar com o jornalista uma vez que uma denúncia feita por Sá, acusando-o de envolvimento com agiotagem, impediu que ele se tornasse representante da Coca-cola em Santa Inês, distante 200 quilômetros de São Luís.

Agenciamento

Juntos com Airton e Fábio Aurélio, Júnior Bolinha entrou em contato com Jhonathan, oferecendo-lhe R$ 100 mil e organizou a execução de Sá. “Pela dinâmica do crime, o jornalista foi monitorado por três ou quatro dias. Alguns dias antes, Jhonathan tentou matar o jornalista em sua residência e quase mata o irmão dele porque parecem muitos. Ele só não cometeu o crime na casa dele porque notou que um era mais alto e forte que o outro. Mas realmente eles se parecem muito”, contou Mendes.

Ainda de acordo com o depoimento do acusado de executar o crime, Júnior Bolinha pagou apenas R$ 20 mil pela execução do jornalista e por isso estava se preparando para matá-lo, mas acabou preso antes. Ele estava com 10 quilos de cocaína, uma pistola .40 e uma escopeta 12, em um bairro nobre da capital maranhense em uma investigação da Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic). A polícia esta investigando para ver se a pistola é a mesma usada no assassinato de Décio Sá.

Nas operações de busca a apreensão, a Policia Civil encontrou indícios de outros crimes e os acusados se tornaram suspeitos de cometerem crimes como agiotagem e extorsões contra vários gestores públicos no Maranhão e até outros Estados.

Trocando em miúdos, esse tipo de gente, nós jornalistas encaramos quase sempre em nossa lide. Pessoas que não pensam duas vezes em contratar pistoleiros para ceifar vidas de profissionais da informação.

Quem não se alia nem compactua com o corporativismo deles, escondendo suas mazelas, corre esse risco.

Décio Sá, estranhamente, cometeu o grave erro de ter comunicado ao empresário Glaucio que sabia do envolvimento dele na morte do agiota, em terra piauiense.

Aqui, agora, cabe a pergunta: qual objetivo do jornalista revelar  ao seu algoz a descoberta do ato criminoso encomendado pelo empresário? Queria forçar  alguma situação diante da grave revelação?

Jornalista não deve abrir a guarda, nunca, com suspeito de crimes.

Se for para revelar alguma descoberta de gravíssima proporção, que o faça diretamente aos seus leitores, ou narrando as  informações  à autoridade mais próxima.

Nunca ao carniceiro do pedaço.