O ex-pecuarista e empresário Benedito Mutran Filho, conhecido nacionalmente como “Bené” Mutran, cometeu suicídio.

O fato ocorreu na madrugada desta sexta-feira, 1.

Bené Mutran foi um dos mais importantes precursores do advento de novas tecnologias no desenvolvimento da raça Nelore, no país.

Na foto, Benedito Mutran em primeiro plano, e os filhos, Benedito Neto e Rodrigo Mutran,

Logo mais, publicaremos mais informações. Estamos checando o fato junto a familiares de Bené.

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Atualização às 10h09

 

Por muitos anos, Benedito Mutran Filho foi a grande sensação no país da  chamada criação de gado de elite.

Para ele, a lógica era produzir mais, com qualidade de ponta e custos menores.

Antigamente, antes do advento do melhoramento genético no Brasil, uma vaca tinha 10 crias durante sua vida, mas atualmente pode gerar mais de 100 bezerros, graças a transferência de embriões e fertilização in vitro,  cujo desenvolvimento deve-se grande parte ao talento de Benedito Mutran.

Em contato há poucos instantes com familiares de Bené Mutran, o blogueiro tomou conhecimento de que ele vinha enfrentando um câncer, submetido a intenso tratamento.

Aliado à essa doença, o ex-pecuarista  sofria há anos também de outra doença, a depressão.

Familiares consultados pelo blog confirmaram: Bené se jogou da cobertura no prédio onde morava.

 

O caso das fazendas vendidas

Depois de ter vivido um período de consagração nacional, ao ser considerado um dos precursores no Brasil de novas técnicas do melhoramento genético do gado da raça Nelore, requisitado em todos os leilões que se realizavam no país, Benedito decidiu vender, na década de 2000, suas fazendas para o grupo Opportunity, do empresário Daniel Dantas.

A venda à Agropecuária Santa Bárbara Xinguara, do conglomerado  Opportunity , envolveu três fazendas: a Espírito Santo, a Maria Bonita e a Cedro. Juntas, elas teriam 28 mil hectares, no Sudeste e Sul do Pará.

A compra de terras pelo grupo do banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity, foi alvo de investigação pelo governo estadual.

De acordo com o procurador-geral do estado à época, Ibraim Rocha, as transações eram  irregulares porque o vendedor, no caso Benedito Mutran Filho,  ainda não tinha título definitivo de todas as propriedades negociadas.

Conforme a direção do Instituto de Terras do Pará (Iterpa), parte das terras adquiridas pelo grupo de Dantas no Pará era  “aforada”, ou seja, pertenciam ao estado, mas foi concedida sob pagamento de uma quantia anual. Quem está de posse das terras pode tentar o “resgate do aforamento”, ou seja, adquirir a posse definitiva do terreno.

Antes disso, a venda do imóvel era proibida, segundo informava o Governo do Estado à época.

A transação comercial resultou no seguinte: Daniel Dantas ficou com as três fazendas, mas deixou de pagar mais de 60% do valor que devia  a Benedito Mutran Filho.

De lá até os dias atuais, os negócios de Bené Mutran  retrocederam, a ponto do ex-pecuarista estar vivendo nos dias atuais em dificuldades financeiras extremas, além de  enfrentar um câncer e  depressão.

Benedito Mutran também foi um dos maiores exportadores do Brasil de castanha-do-pará.

Bené Mutran é casado com Cláudia Mutran , com quem teve dois filhos, Benedito Mutran Neto, empresário do setor de  compra e venda de castanha-do-pará, e Rodrigo Mutran, que atua nas noites de Belém como Dj, apresentando um programa musical numa rádio da capital paraense.

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Nota do Blog: Tabu durante muito tempo no jornalismo, o suicídio está, aos poucos, deixando de sê-lo. Num passado não muito distante, era relativamente comum “mascarar” os obituários das pessoas que tiravam a própria vida, usando eufemismos como morte inesperada, por exemplo.

Nos últimos dez anos, contudo, isso vem mudando, até porque os problemas de saúde mental, não  mais estigmatizados, são discutidos abertamente, algo que foi grandemente impulsionado pela pandemia de covid-19, que escancarou as mazelas trazidas pelo isolamento, como a depressão, distúrbio que conheceu um grande crescimento no período.

Este blog tem a política de publicar informações sobre casos ou tentativas de suicídio que ocorrem em locais públicos ou causam mobilização social, porque esse é um tema debatido com muito cuidado pelas pessoas em geral.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o assunto não venha a público com frequência, para o ato não ser estimulado. Na compreensão deste blogueiro, o  silêncio, porém, camufla outro problema: a falta de conhecimento sobre o que, de fato, leva essas pessoas a se matarem.