O presidente Lula da Silva recebeu carta assinada pelo presidente da Vale, Roger Agnelli, comunicando-lhe a programação de investimentos da mineradora no Pará. Num dos parágrafos, Agnelli contempla o presidente com a promissora notícia de que a companhia decidiu implementar uma indústria de base no Estado, especificamente, em Marabá, atendendo seguidos apelos públicos presidenciais de formatação de um projeto de verticalização a partir das condições de uma região carente, mas rica em recursos naturais.

Além de confirmar a decisão de investir na substituição da matriz industrial presente hoje, ainda bastante arcaica ( um parque guseiro que trabalha de forma ilegal ), Roger cita a importância de investimentos em hidrelétricas, hidrovia Araguaia-Tocantins, com a conclusão das eclusas, e outros projetos em fase de formatação.

Na carta, o presidente da Vale convida o presidente Lula para a solenidade de anúncio de instalação da siderúrgica em Marabá, que deverá ocorrer até o final deste mês.

Dilma e Ana
A fonte de Brasília que repassou a informação na tarde de sexta-feira, 11, não sabe se o presidente Lula confirmou presença à solenidade. A ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, articuladora de diversos encontros com o presidente da Vale e interlocutora amiga da governadora Ana Julia, no Palácio do Planalto, deveria repassar cópia da carta ao governo do Pará, dando a boa nova.

Desejo de Lula
Sempre preocupado em jogar mais recursos em áreas do Norte e Nordeste – ao contrário de governantes anteriores ligados a Fiepa e ao grande capital de outros estados do Sul e Sudeste do país – o presidente Lula há muito tempo vem defendendo a implantação da siderúrgica no Pará.

Em recente viagem a Belém, durante lançamento do Programa “Um Bilhão de Árvores para a Amazônia”, idealizado por Ana Julia, Lula garantiu que não descansaria enquanto a mineradora não implantar uma siderúrgica no estado, para transformar o minério de ferro em aço. “Não é possível que não se desenvolva a indústria deste estado, uma indústria pesada de minério, para que o Pará entre no rol dos estados industrializados. Queremos que haja uma partilha dessa riqueza que estamos ajudando a construir“, disse na oportunidade.

Logística definida
Como a Vale vinha exigindo contrapartidas dos governos federal e estadual para tocar o empreendimento, entre elas, a hidrovia, extensão da ferrovia Norte-Sul e a conclusão da ampliação da usina de Tucuruí -, é tido como certo, em Brasília, a destinação de recursos das duas instancias de governos para os investimentos em logística, pleiteados pela companhia. Para 2009, inclusive, a extensão da Norte-Sul seria contemplada com recursos do PAC.

A construção da siderúrgica no Pará já consta da lista de investimentos da Vale como uma planta a entrar em operação em 2011. O valor do investimento não está definido, mas pode chegar a U$ 7 bilhões.

Especula-se que a indiana Tata Steel seria o sócio privado controlador do negócio, já que Vale e BNDES serão minoritários

Área definida

O poster – aqui e na coluna do Diário do Pará -, havia mais de cinco meses vem garantindo a implantação da siderúrgica da Vale em Marabá. Em primeira mão, no mês de abril, antecipou, inclusive, o local de edificação do empreendimento – às margens da Rodovia Transamazônica, sentido Marabá-Itupiranga.

Dias atrás, a pedido do governo do Estado, o INCRA concluiu levantamento técnico de imóveis rurais situados às duas margens da estrada, na confluência do rio Tocantins, exatamente aonde este jornalista antecipou.

O desenho da planta industrial com capacidade para produzir até 5 milhões de toneladas de aço por ano prevê o desvio da Rodovia Transamazônica, construção de um porto dois quilômetros à jusante da cidade de Marabá e a extensão da pêra da Estrada de Ferro Carajás até a siderúrgica.
Em sua fase de construção, a obra empregará 15 mil pessoas.