Funcionários do setor de segurança do Parque Shopping, em Belém, foram demitidos acusados de torturar dois jovens no sábado (28). Um vídeo que registra as agressões circula na internet desde o início desta semana. As vítimas, Fani Castro, 18 anos, e Sidivaldo Ferreira, 20 anos, registraram ocorrência na Delegacia de Combate a Crimes Discriminatórios e Homofóbicos e cobram providências das autoridades.

Os jovens decidiram denunciar o crime na quarta-feira (2), quando o vídeo que mostra as agressões já era compartilhado pelo Facebook e Whatsapp na cidade. Segundo o boletim de ocorrência, os amigos relataram que foram obrigados pelos seguranças a sair de uma loja de departamentos, acusados de roubar protetores solares.

Fani e Sidivaldo, de acordo com a denúncia, ficaram detidos em uma sala por cerca de uma hora. No vídeo, os jovens são agredidos verbalmente e fisicamente, com chineladas nas mãos, e um deles é sufocado com algo que parece ser um saco plástico. O principal agressor seria o chefe dos demais seguranças.

Em nota, a administração do Parque Shopping afirmou que, após tomar conhecimento dos fatos, decidiu demitir todos os funcionários envolvidos por justa causa. “(O Parque Shopping) por não aprovar e repudiar quaisquer atos de violência em suas dependências, sobretudo por parte de seus colaboradores, está tomando as devidas providências cabíveis, o que inclui a demissão de todos os envolvidos, e do agressor”, diz a nota.

A presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-Pará, Luanna Thomaz afirmou ao LeiaJá que vai receber os jovens ainda nesta quinta-feira (3): “Iremos acompanhar o caso e apurar as responsabilidades. É uma situação alarmante. Trata-se de um caso de tortura, fica evidente pelo vídeo”.

O advogado e professor da Universidade da Amazônia (Unama) Paulo Barradas, especialista em Direito do Consumidor, afirma que o caso deve ser investigado. “Já existe uma apuração policial, que pode se converter em processo judicial com vistas a apurar a ocorrência de crimes e sua punição, se for o caso”.

Segundo Barradas, todo estabelecimento comercial deve manter a vigilância em seu espaço físico, garantindo não só o seu patrimônio como o patrimônio de seus clientes. “Diante de uma situação suspeita, os agentes da segurança interna devem imediatamente acionar a polícia, que tem o dever constitucional de garantir a segurança pública”, comentou. “No caso em tela há fortes indícios da ocorrência do crime de tortura, visto que os suspeitos parecem ter sido espancados sem chances de defesa”.