Cena 1- Uma estudante, no limiar de sua juventude, recebe tiro de um pivete de 12 anos por se negar a entregar uma maquina fotográfica na hora do assalto. O sonho de Rayana de ser jornalista foi enterrado. Junto com seus 15 anos.

Cena 2- Lauro foi gerente durante 25 anos de uma grande casa de material de construção de Marabá. Optando pela carreira solo, ele se prepara agora para inaugurar sua própria loja comercial. Na segunda-feira, ao retornar para casa às 8 horas da manhã depois de deixar o filho no colégio, o comerciante é surpreendido por dois bandidos à entrada da garagem. Com arma na cabeça, conduz os infelizes “visitantes” ao interior da residência, onde passa, ao lado da mulher e mais dois filhos pequenos, momentos terríveis de humilhação e medo. Meia hora depois os bandidos deixam a família levando aparelhos eletrônicos, dinheiro e outros objetos domésticos.

Cena 3- Sábado, 17 horas, ao sair ingenuamente de casa para assistir a celebração de missa, como faz toda semana, uma sexagenária é abordada por dois marginais no portão residencial da Folha 17, Núcleo Nova Marabá. Os momentos de paz que buscaria no templo religioso são substituídos pelo calor infernal de gritos, empurrões e a desagradável posição em que foi colocada, dentro da casa, com mãos amarradas. Os bandidos fazem o que querem, antes de fugir levando diversos objetos e pouco dinheiro. A senhora escapa da morte, mas encontrava-se até ontem internada em hospital, com pressão alta e fortes sintomas cardíacos.

Cena 4- Redenção registra diariamente média de dez assaltos à mão armada no centro comercial, à luz do dia. Os autores do clima de terror são menores de 13 a 17 anos, todos portando armas de fogo. Com medo, o povo tem evitado fazer compras, afetando o movimento comercial que já se encontra em crise no município.

Cena 5- Resumindo a Resenha do Mal, cujos exemplos estão em todas as cidades da região, registre-se apenas o seguinte: entre sexta, sábado e domingo últimos, 17 corpos passaram pelo IML de Marabá. Não entra nessa contra os óbitos do IML de Redenção.

Moral da história: A deputada estadual Bernadete tem Caten (PT) deve ter desembarcado pela primeira vez no Pará nessa segunda-feira (5), procedente do Rio Grande do Sul, sua terra natal. Só isso para explicar o surto de devaneios que vitimou seu discurso da tribuna da Assembléia Legislativa apontando o que só ela vê: a queda dos índices de violência.
Não precisava ir tanto ao chão para demonstrar fidelidade ao governo de olho na eleição municipal.
O discurso da deputada pode se transformar num referencial de sua biografia política.