O Brasil vem vivendo, desde a última eleição presidencial, em 2014, uma situação política conturbada, capaz de deixar qualquer roteirista de série sobre a Casa Branca envergonhado por falta de imaginação.

Tudo começou, ainda no último pleito, com a morte do candidato à Presidência da República pelo PSB, Eduardo Campos, e segue sem que o brasileiro possa tomar fôlego.

Entramos em 2018, ano eleitoral, com um julgamento em segunda instância que pode tirar do páreo o líder das pesquisas, um segundo colocado que costuma defender a ditadura e um sem número de pré-candidatos.

Até aí, já é confusão suficiente.

Mas a “zona eleitoral” vai além.

Será a primeira eleição sob a influência das fake news.

Boato como arma política não é novidade. Qualquer um que já tenha acompanhado eleição mais atentamente conhece a prática de usar militantes ou claque contratada para criar e repassar acusações, denúncias e fofocas com o objetivo de desacreditar este ou aquele candidato.

Mas, desde as eleições dos Estados Unidos que elegeram Donald Trump, o tema ganhou outro nível.

Os chamados “Veles boys”, ou meninos de Veles, uma cidade de 55 mil habitantes na Macedônia, fizeram dinheiro e fama ao criar sites sensacionalistas com notícias a favor do atual chefão da Casa Branca.

Antes, comportamento parecido foi visto com postagens favoráveis à saída da Inglaterra da União Europeia, o que ficou conhecido por Brexit.

Em ambos os casos, os produtores de notícias falsas receberam parte do crédito dos resultados eleitorais. O impacto foi tanto que Google, Facebook, Microsoft e Twitter, entre outros, se uniram ao The Trust Project.

A proposta é que veículos de mídia do mundo todo criem padrões de conteúdo para serem aproveitados pelas empresas de tecnologia.

Isso deve dificultar o compartilhamento e a exposição dos sites de fake news.

Mas, enquanto temos uma frente tentando barrá-los, pelo menos lá fora, os produtores de conteúdo pouco confiável vão certamente buscar outros meios de se espalhar e fazer dinheiro.

No Brasil, quem entrou no jogo foi a Polícia Federal.

A instituição informou que terá um grupo formado por um delegado, um agente e um perito criminal federal, os quais irão trabalhar em conjunto com técnicos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Pelo tamanho da eleição no Brasil, parece bem provável que o efetivo não seja suficiente.

Atualmente, muitos sites disponíveis na internet já reúnem todo tipo de notícia absurda contra grupos políticos que se preparam para a eleição. Como ficou comprovado pelo trabalho dos meninos de Veles, quanto pior o conteúdo, melhor para os cliques. É de se esperar, então, a publicação de todo o tipo de loucura.

A dica para se proteger do conteúdo falso também vem de Veles: checar a fonte e buscar outras referências. Se nenhum site minimamente confiável publicou determinada notícia, é porque deve ser falsa. Mesmo que ela esteja espalhada por várias páginas pela internet – todas duvidosas.

Ainda devemos levar isto em conta: teremos a primeira eleição em que está proibida a doação de empresas para candidatos. A medida vai diminuir o dinheiro disponível para as multimilionárias campanhas políticas e provocar, com toda certeza, uma corrida dos candidatos aos meios digitais, mais baratos que as mídias tradicionais.

Portanto, boa parte do jogo de 2018 será decidida pelo que for compartilhado e consumido em sites e perfis de redes sociais. Isso sem contar o conteúdo que transita livremente pelos grupos de WhatsApp. Os candidatos terão que se colocar bem no mundo digital, mostrando ao eleitor o que é ou não fake. Por eles e pelo jogo democrático.

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Atualização às 06:10

O blogueiro acaba de ler no portal UOL informação sobre resoluções publicadas pelo TSE voltadas a disciplinar e fiscalizar o cerco às notícias falsas na Internet, durante a campanha eleitoral.

Informação chega em boa hora.

A Justiça pretende punir quem postar notícias falsas, chamadas fake news .

Leia AQUI.