Era uma vez um pequeno elefante…

Bom… pequeno para os elefantes, porque para nós, humanos, era enorme!

Bem… esclarecido o problema do tamanho, prosseguiremos com a história:

O pequeno elefante, desgarrado da manada, saiu à procura de amigos, outros animais que o acolhesse, que permitissem sua enorme aproximação.

Ao ver um bando de macacos, alegres, resolveu aproximar-se. Seu tamanho e seu jeito desengonçado provocou uma reação violenta nos macacos, o viram como uma ameaça, e arremessaram cocos contra o pobre pequeno enorme elefante, uma cocada só…

O animal, com seu peso exagerado, correu o quanto pode, até se afastar de seus algozes. Enquanto fugia, tentava entender por que havia sido tão repudiado, pretendia apenas ser aceito pelo bando de macacos, queria parceiros, não era bom viver sozinho, isolado de tudo e de todos.

Perambulou ainda um bom tempo sozinho, até avistar em um rio uma manada de búfalos, que brincavam felizes na água. Aquela visão o encantou, esqueceu da rejeição dos macacos, e correu para se juntar ao bando de búfalos.

Os búfalos não indagaram sobre sua espécie, sua procedência, seu status no reino animal, nosso elefante criança foi enturmado com a manada, tratado como um deles. A partir daquele dia passou a ser um elefante com pedigree de búfalo.

Nadava, brincava, caçava, dormia com seus amigos búfalos. Fazia parte da família búfalo. Os anos se passaram, e o pequeno elefante tornou-se um grande elefante, seu corpanzil servia de escudo contra os perigos da selva, os búfalos sentiam-se seguros na companhia do membro gigante.

Um dia uma manada de elefantes aproximou-se dos búfalos, fizeram alaridos ao ver o sumido membro da família, um barulho intenso. Nosso elefante dividiu-se, de um lado a genética, do outro a adoção afetiva.

Elefante ou búfalo?

A resposta era uma só: Búfalo para sempre ele seria, porque elefantes nunca esquecem!

Esta historinha roubei do livro ELEFANTES NUNCA ESQUECEM, de Anushka Ravishankar, uma indiana que começou a inventar histórias quando a filha era pequena, pois não encontrava textos que se encaixavam nos valores e ideias que acreditava e pretendia ensinar à ela.

O titulo me lembrou o ditado popular: Memória de elefante, referindo-se às pessoas que não esquecem as coisas facilmente.

Contei toda esta história como uma forma de dizer às pessoas e empresas que permitiram nossa aproximação e nos acolheram, ajudando-nos no audacioso Projeto Empreendedores na Escola: MUITO OBRIGADA!

Quando iniciamos o trabalho com o projeto, procurei quem poderia me assessor. Foram meus consultores: Hiroshi Bogéa, que indicou os empreendedores que participaram do projeto e Antônio Carlos Venâncio, o amigo Venâncio, que pacientemente leu e releu o projeto, fez algumas preciosas correções, sugerindo mudanças e acréscimos.

O convite feito aos empreendedores: Ítalo Ipojucan, Mauro de Souza, Jorge Bichara, Eloiso Augusto Araújo, Nivea, Andreia, Ian Correa, Antonio Venâncio, Daniel Franco, foi recebido com admirável alegria.

No trajeto perdemos o muito querido amigo Franco, mais que amigo, um leal companheiro. Sua ida, confesso, provocou em todos nós um desânimo sem fim, por um momento paralisamos nosso caminhar, precisávamos de um tempo para chorar a perda de quem sempre foi tão próximo, de quem nos acolhia em todos os momentos.

Prosseguir foi preciso, e nessa caminhada forças foram sendo somadas, dando-nos estrutura para finalizar o projeto. Conhecemos e reencontramos amigos que nos surpreenderam, como Cesar Santos, da Rádio FM 91, do grupo RBA, Milton da Secretaria Municipal de Agricultura, Raquel Brito da Estação Conhecimento/ Fundação Vale e Goyani da Escola Técnica Vale do Carajás, professora responsável pela formação de quarenta adolescentes empreendedores.

Todo corpo docente da escola se envolveu de forma empolgante, houve momentos que cheguei a pensar que alguns professores iriam trocar a atividade docente para serem empreendedores. Por terem se identificado com o projeto, professores e alunos criaram empresas promissoras.

A fábrica de sabão, que possui como principal matéria-prima o óleo de frituras, alcançou uma aceitação surpreendente. Durante a Feira do Empreendedor, acontecida no último domingo, receberam a proposta de um empresário, interessado em comercializar o produto. Os alunos estão se organizando para empreender de forma destemida.

A Feira do Empreendedor nos trouxe alegrias maravilhosas, o grupo RBA (Vilma Lyra, Cesar Santos, Marcio Ramos, Victor Haôr, Nonato Dourado e equipe) montou um estúdio na escola, transmitiram ao vivo toda movimentação de nossos alunos, e ainda destacou, no programa da emissora, o evento.

Mauro de Souza da ACIM, doutor Jorge Bichara (Unimed) e Eloiso Araújo (Vale/Alpa) participaram ativamente da Feira, compraram produtos, experimentaram as iguarias, trocaram ideias com os alunos e professores.

Hoje, em uma reunião de pais, ao comentar o evento, uma mãe levantou a mão para relatar: Meu filho até hoje nem dorme, de tão feliz que ficou com a Feira. Outra completou: Todos viram uma boa noticia da nossa Vila, graças a Deus, porque aqui tem coisa boa também.

Isso mesmo, mãe, na Vila São José tem coisa boa, tem pessoas boas, competentes, capazes de transformar o mundo.

Como bons elefantes que somos, nunca esqueceremos quem nos acolheu, quem se envolveu, quem não poupou tempo, pensamento e ação. ACIM, Vale, RBA, Construfox, Buritirama, Hiroshi Bogéa, Itapuan, Unimed, SEBRAE, Fundação Vale, Ítalo Ipojucan, Semed, sem deixar de mencionar o artista plástico Uendas Miranda, que virou madrugadas conosco, com a compreensão da sua linda namorada Alessandra.

O elefante ao prosseguir com os búfalos não negou sua identidade, naquele momento, precisou ser muito elefante para não esquecer, para ser grato. Não negamos nossas origens, nem anestesiamos a criticidade, ao contrário, exercitamos o diálogo, a troca de conhecimentos, o aprendizado de mão dupla, o olho no olho franco, a cobrança justa e a resposta honesta.

Porque elefantes nunca esquecem…

 

 

Evilângela Lima Alcântara, Educadora, Diretora da Escola de Ensino Fundamental São José